Pouca gente se lembra dos que têm de trabalhar no meio da dor. Dos que estão do outro lado da dor. A Isabel não é assim. Não faz parte desse grupo. Ligou-me depois de ter ido dar um abraço apertado à ‘senhora Maria”, a senhora da funerária. E agora ligava-me para me dar um abraço pelo telefone. Com poucas palavras. Mas a chegarem ao coração como força. A Isabel tem o dom especial de estar atenta aos outros. Atenta ao ponto de ver o que poucos conseguem enxergar. Por sinal, hoje, aqui na paróquia, um acidente de automóvel e as mortes que ocorreram nele deixaram meio mundo num caos de emoções, eu incluído. E poucas pessoas conseguem entender a dureza do que é estar do lado da dor que não tem refúgio possível. O lado da dor que tem de dar a cara para que a dor pareça mais leve, como uma luz ténue ao fundo de um túnel. Esse lado que se aguenta somente por amor a Deus e às pessoas!
A PROPÓSITO OU A DESPROPÓSITO: "Os funerais fazem-me dor de estômago"