O tempo passa vorazmente. Os segundos não param, e arrastam os minutos, as horas, os dias e os anos. Não param porque assim é a vida. Não pára. É quase como um jogo em que lançamos os dados constantemente para chegar à meta.
Hoje cumpro duas dezenas de anos do meu sacerdócio. Faço por recordar a frescura do meu sim jovem, seguro, cheio de ânimo. Faço presente, neste momento, diante do altar, a promessa que quis fazer na minha primeira missa solene. Que todos os dias acordasse sacerdote e que todos os dias desejasse ser sacerdote com a mesma vontade.
Já lá vai muito tempo. O tempo suficiente para necessitar de um esforço de modo a recordar.
Houveram dias que, confesso, esqueci ou quis esquecer meu sacerdócio. Mas também houveram dias que fizeram valer cada segundo destes vinte anos de sacerdócio.
A esta altura da vida já se vai olhando menos para a frente. Parece que as horas passaram a ser segundos. O ânimo de outrora cimentou-se. Já não é ânimo. É apenas querer viver. A missão e vocação ganharam maturidade. Já não são paixão. São vida em forma de entrega. São entrega em forma de amor. Os que nos foram sendo entregues para cuidar eclesialmente já não são somente os que Deus nos deu para cuidar. São agora aqueles com quem caminhamos. Já não conseguimos ser donos de sonhos e aventuras. Fazemos parte deles e delas. Já não somos propriamente jovens que vão mudar o mundo e Igreja. Somos apenas Igreja e fazemos parte, muito pequenina por sinal, deste mundo.
Não quero pensar mais em mim. Hoje não é dia de pensar em mim. Hoje não é dia de pensar na minha vida. Se aqui cheguei e aqui estou, não é por mim, mas pelo Senhor. Por isso hoje é dia de pensar tão somente Nele. Todos estes anos só fazem sentido por causa de quem me chamou e me amou como sou. Graças por ti, senhor, por existires e me amares.
29 de Junho de 2016