Tem uma série de filhos, ou filhos em série. Ainda é nova, mas a vida já trouxe demasiadas experiências à Bela. Porque quis, porque aceitou deitar-se em várias camas. Mas é boa rapariga. Por isso resta-lhe cuidar das crianças, arrumar a casa e passear pelas estradas. Há dias lembrou-se de baptizar dois, os mais novos. Eu gosto de os ver na Missa. Não faltam. A mais velha leva-os. Mas vem isto a propósito porque depois de combinarmos tudo, de conversarmos muito, de tomarmos decisões em conjunto, falou da sua pobreza e que, apesar de não pagar a tal côngrua, não podia também pagar os dois baptizados. Ó mulher de Deus, não pense nisso. Eu falo com o Conselho Económico. Que ninguém deixe de se aproximar de Deus por causa de dinheiros. Eu conhecia a maior parte das dificuldades. Ficou então assente. Seria tudo gratuito.
No dia marcado, na missa marcada, obviamente, aparece toda aperaltada. Estava bonita. O resto das crianças menos mal, mas alegres. E os dois miúdos. E um ou dois amigos. E os padrinhos. E mais a avó e um que outro tio. E mais uma máquina fotográfica enorme com um indivíduo por detrás. Espanto meu. Era um dos fotógrafos profissionais da zona. E mais máquina de filmar. De espanto em espanto, não resisti em perguntar ao fotógrafo se era amigo, se fazia o trabalho de graça ou se alguém o pagaria pela Bela. Respondeu a tudo que não. Que tinha sido um contrato, umas tantas fotografias, e mais algumas na festa que vai dar com todo o aprumo, um filme do essencial do baptizado e em troca umas tantas notas. Espanto meu, espanto meu, que devo fazer eu? Aviso que este nada tem a ver com a pessoa, mas com a situação. Que todos têm direito a festas semelhantes. Ninguém é mais que ninguém. E quem tem poucas, deve aproveitar bem as que tem. Mas que haja a lucidez necessária para a coerência necessária. Que se faça com a mesma igualdade que se exige. Eu sou pobre e não posso pagar a cerimónia. Mas quero ter uma festa rija, para não dizer rica. Não bastavam as máquinas ainda vem a festança… que podia ser uma simples festinha com a mesma força da festança!
A cerimónia do baptismo não é o parente pobre mas o motivo da festa, a festa. O resto é embrulho.
O espanto maior aconteceu quando perguntei preços. Só das máquinas era o quadruplo do preço da cerimónia. Nem quis saber do resto. Nem o Conselho Económico. Toda a gente ficou mais que admirada, abismada.
No dia marcado, na missa marcada, obviamente, aparece toda aperaltada. Estava bonita. O resto das crianças menos mal, mas alegres. E os dois miúdos. E um ou dois amigos. E os padrinhos. E mais a avó e um que outro tio. E mais uma máquina fotográfica enorme com um indivíduo por detrás. Espanto meu. Era um dos fotógrafos profissionais da zona. E mais máquina de filmar. De espanto em espanto, não resisti em perguntar ao fotógrafo se era amigo, se fazia o trabalho de graça ou se alguém o pagaria pela Bela. Respondeu a tudo que não. Que tinha sido um contrato, umas tantas fotografias, e mais algumas na festa que vai dar com todo o aprumo, um filme do essencial do baptizado e em troca umas tantas notas. Espanto meu, espanto meu, que devo fazer eu? Aviso que este nada tem a ver com a pessoa, mas com a situação. Que todos têm direito a festas semelhantes. Ninguém é mais que ninguém. E quem tem poucas, deve aproveitar bem as que tem. Mas que haja a lucidez necessária para a coerência necessária. Que se faça com a mesma igualdade que se exige. Eu sou pobre e não posso pagar a cerimónia. Mas quero ter uma festa rija, para não dizer rica. Não bastavam as máquinas ainda vem a festança… que podia ser uma simples festinha com a mesma força da festança!
A cerimónia do baptismo não é o parente pobre mas o motivo da festa, a festa. O resto é embrulho.
O espanto maior aconteceu quando perguntei preços. Só das máquinas era o quadruplo do preço da cerimónia. Nem quis saber do resto. Nem o Conselho Económico. Toda a gente ficou mais que admirada, abismada.