O padre Manuel contou-nos, em partilha, a primeira resposta que deu ao chamamento de Deus. Vivia numa aldeia, guardava vacas, tinha pouca instrução, tinha a noção de Deus que era possível e que a família lhe incutia. A mãe sobretudo. Iam à missa dominical. Pouco mais. Eram vários irmãos. O mais velho era também o mais esperto. No final da missa era costuma ir à sacristia saudar o senhor prior. Numa dessas saudações, o senhor prior voltou-se para o mais velho e disse. Olha que tu é que havias de ir para padre. O irmão mais velho e mais inteligente abanou a cabeça em tom de negação, fechou os olhos por detrás dos óculos e respondeu que não. E nisto o Manuel que ainda não era o padre Manuel, nos seus seis anos, interrompeu para dizer que se não ia o irmão iria ele. E foi, contava a sorrir. Não sabia como, mas foi. E se aquele padre, porventura, nunca tivesse feito aquela proposta, isso não teria acontecido.
Acho que nós, padres, nos dias que correm, temos esquecido de fazer essa proposta. Tampouco me parece que sejamos uma proposta.