Temos assistido a um declínio acentuado na frequência dos sacramentos e das celebrações de culto em geral. Cada vez mais os baptizados, apesar de terem recebido o sacramento, vivem como se a Igreja não lhes dissesse nada. A acção pastoral era iminentemente paroquial, mas as paróquias não só têm vindo a definhar, como o número de vocações ao sacerdócio ministerial tem vindo a diminuir. Com o fim da cristandade, aos poucos, a Igreja vai deixando de ser uma maioria. A teologia destes dois últimos séculos e o magistério da Igreja, especialmente graças ao Concílio Vaticano II, fez-nos perceber que o objectivo da evangelização não é impor uma cultura cristã, mas convidar à fé. Ser cristão é muito mais que uma questão cultural. Vivemos, pois, numa fase pós-cristandade, onde o que conta não é o número, mas a autenticidade da fé. O grande esforço de hoje é repensar a nossa acção eclesial e pastoral para chamar à fé, iniciá-la, aprofundá-la e alimentá-la. Não está fácil deixar cair o “sempre se fez assim” para nos tornamos uma Igreja verdadeiramente missionária. Com o ritmo da “manutenção”, falta-nos tempo para pensar seriamente sobre como queremos a Igreja daqui por uns vinte ou trinta anos.
A PROPÓSITO OU A DESPROPÓSITO: "Este é o tempo da desgraça ou da graça?"