terça-feira, abril 26, 2022

os ‘voltares’ à Igreja

O Manuel e a Maria casaram pela Igreja. Escolhi-lhes estes nomes para significarem os outros nomes daqueles que ainda se casam pela Igreja e nunca mais foram vistos na Igreja. Não são assim tantos. São cada vez menos. Mas são quase uma maioria dentro daqueles que ainda se casam pela Igreja. Casam e voltam novamente para baptizar o filho que agora trazem ao colo. Acham que tem de ser assim e são honestos no seu achar. Voltam porque ainda há uma ligação com a Igreja, mesmo que seja como um supermercado. Isso é o que fazem no resto das suas vidas numa sociedade que fomenta o consumo de bens, de coisas, de pessoas, de vidas, de espiritualidades. E os que estão à frente das nossas comunidades cristãs, os padres, vamos aceitando estas intermitências e tentamos - ao menos eu tento - fazer destes ‘voltares’ um momento de acolhimento e de gestação. Contudo, por dentro, o que mais me apetecia era dizer umas palavras indignas de serem palavras, vociferar e gritar que Deus nos ama e que isso é muito mais forte e intenso que um baptismo, um casamento ou qualquer outra expressão sacramental ou ritual que a Igreja tem à disposição. O Deus que nos ama é o que a Igreja deveria ter para oferecer e o que as pessoas deveriam buscar quando se abeiram da Igreja.

A PROPÓSITO OU A DESPROPÓSITO:  "O caso descaso!"

sexta-feira, abril 15, 2022

Padres a carregar cruzes

Não gosto de pensar que nós, os padres, temos de carregar o peso do mundo ou o peso dos outros. Também não temos de carregar a cruz de Jesus. Ele só nos pede que carreguemos a nossa. Cada um tem de carregar a sua. Cada um tem um peso para levar no caminho. Nós, os padres, não temos de carregar o peso dos outros. Só temos de ir com eles no caminho. Irmos ao lado dos outros já é, de certo modo, carregar com a sua cruz. Ou seja, aliviar-lhe o peso por dentro.

A PROPÓSITO OU A DESPROPÓSITO: "Ser padre como um Cireneu"

...desejando que a nossa cruz chegue ao destino, a Páscoa da Ressurreição!

quinta-feira, abril 07, 2022

padres que são um luxo ou uma graça!

Estava danado com o bispo e com os paroquianos, porque não lhe davam a atenção que ele desejava. O bispo não explicava às pessoas como é que elas tinham de tratar o padre, que era o seu novo pároco. E as pessoas da paróquia não se preocupavam com o novo pároco, ao ponto de ele nem receber monetariamente o que achava que merecia. É que, dizia, as pessoas esquecem-se que terem um padre é um luxo. 
Pois, na verdade será, pensei eu para os meus botões. Mas apenas se considerarmos o luxo como algo supérfluo. Talvez nesse sentido. Talvez nesse sentido um padre seja um luxo. Também reconheço – de consciência clara e amadurecida - que ter-se um padre ao alcance é uma graça. Pelo menos porque pode ser um apoio no caminho da fé. Mas a escolha da palavra “luxo” para afirmar que ter um padre é um luxo, fez-me recuar no tempo, ao tempo da Igreja medieval em que a Igreja se confundia com o poder. Um padre nunca será um luxo. Quando muito será uma graça. 
 
A PROPÓSITO OU A DESPROPÓSITO: "O colarinho branco"