quarta-feira, julho 31, 2013

Na tua opinião, hoje a sociedade em geral é favorável à Igreja em particular?

Depois de várias tentativas para conseguir uma sondagem que fosse mais fidedigna e que não apagasse por si os resultados, decidi procurar uma alternativa. Depois de estarmos vários meses sem nenhuma sondagem, decidi experimentar nova webtool. Depois de, banalmente sentado a uma mesa de um restaurante, me terem questionado sobre o credito ou descredito da Igreja católica hoje, fiquei no meu pensamento e no meu coração com esta questão: Na tua opinião, hoje a sociedade em geral é favorável à Igreja em particular?
Sei que esta época pode não ser a mais indicada, pois tem havido ataques sucessivos à Igreja, por um lado, e por outro assistimos há pouco tempo a uma participação massiva de fé nas JMJ. Porém, achei que valia a pena colocar a questão. Ou melhor, não resisti.
Convido a explicarem as vossas opções aqui nos comentários.

sábado, julho 27, 2013

O Papa nas Jornadas Mundiais da Juventude

Não tenho acompanhado muito as Jornadas Mundiais da Juventude. Em tempos garantia a minha presença in loco. Este ano foi diferente. E tenho acompanhado apenas o suficiente. Sinto que ainda nem bebi desse espírito que me levava a andar quilómetros e quilómetros para sentir de forma única a alegria de ser de Cristo juntamente com milhares de jovens e outros cristãos. Mas hoje fiquei preso com as fotografias e comentários que tenho visto estes dias na televisão e nas redes sociais. O Papa. Este Papa que se estreia nas presenças mundiais de fé. Um Papa que se senta como os outros. Que se ajeita nas circunstâncias como os outros. Os homens. O comum dos mortais. Que retira o pedestal que o podia afastar das pessoas, tal como Jesus fazia. Gosto deste guia que guia do mesmo patamar da escadaria onde se encontram os outros. Que guia como quem também está a caminho, a caminhar. Que olha a sorrir para todos sem excepção, do fundo e do cimo dos seus castiços óculos. Mas olha em especial os menos olhados. A preferência clara pelos pobres. Genuíno. Autêntico nos gestos e nas palavras. Não esconde quem é. Não estuda quem deve ser. É de Deus e ponto final. Está ali por Deus e com Deus e ponto final. Não há protocolos que lhe sirvam, mesmo correndo riscos. Ainda que eu ache que isso também arrasta consigo problemas e preocupações. Afinal ele também é o Papa. Mas nota-se que vive, desprendido, a felicidade dos simples cristãos, sem pesos de hierarquia, sem preocupações senão a de ser presença de Deus. O homem é um ser a caminho. O cristão é um ser a caminho de Deus. Este Papa Francisco é um cristão autêntico. Não veste senão a capa da fé. E a caminho aponta o caminho. Excelente exemplo de Deus.

quarta-feira, julho 24, 2013

Sem título

Ontem recebi duas cartas registadas, com o peso que têm as cartas registadas. Uma falava das dívidas da paróquia. Outra de uma questão de Segurança Social. Depois de abertas recebi um telefonema da senhora tal que queria uma coisa que não faz parte dos esquemas normativos dos sacramentos. Digamos desta forma discreta o pedido da senhora. A empregada falou do assunto que outra senhora fizera assunto sobre uma tal coisa que enfim, nem valia a pena falar. E ainda tenho de preparar a homilia da missa que vem a seguir. Sobra-me pouco tempo para Deus. Ou para mim. E porque penso que sou capaz, e porque tem de ser, e porque assim seja, e porque não tenho tempo para pensar que Deus é que é capaz, deixo-me arrastar para algo a quem um amigo chamaria de auto-projecção em Deus. Como se fosse eu o Deus que tudo pode. E depois vem em mim uma ansiedade que me impede de ter tempo, outra vez, para Deus. Porque tenho de conseguir. E outra vez porque tenho de ser capaz. E zango-me interiormente com as pessoas, porque elas é que me causam estas dores e estas necessidades de ser capaz, e ainda por cima parece que não me entendem, como se o problema fosse delas. E a partir do momento em que eu penso assim, a verdade é que o problema é meu. Só meu. Como ouvi alguém em tempos. Parece que te estás a levar muito a sério. E depois perdemos a liberdade. Acabamos por fazer aquilo que tem de ser feito apenas porque tem de ser feito e não porque Deus aja em nós ou porque de dentro de nós haja esta vontade de fazer assim. E aquilo que eu achava que era confiança em mim, afinal não é bem confiança. E aquilo que era eu deixar Deus ser em mim, acaba por ser um eu agir em mim. Ou se quiserdes, um deixar de ser Deus em mim, para ser eu como deus em mim. A ver se não me esqueço mais disto.

segunda-feira, julho 15, 2013

As missas ou missinhas

Um colega ligou. Estava aflito. Ia ter um funeral e já tinha missas marcadas. Não tinha como fazer tudo. E era mais uma missa. Perguntei-lhe porque não pensava na hipótese de fazer uma celebração sem missa. E ele respondeu que demorava o mesmo tempo. E já tinha arranjado um colega mais livre. Também mais velho. Também mais reformado. E assim sossegava. Na altura não pensei muito no assunto. Desligámos o telefone e eu desliguei o assunto. Mas agora, noite dentro, ocorreu-me que nós, padres se calhar, andamos a banalizar a missa. Corremos a celebrar missas como quem vai e toma um café para se recompor ou angariar mais cafeína. Quantas missas, afinal, somos capazes de celebrar por dia ou por semana ou no tempo? Celebrar missas será a nossa missão? Depois de corrermos de um lado para o outro a celebrar missas para uma meia dúzia de pessoas, ou como alguém lhe chamava em tempos de missinhas, não estaremos a banalizar a missa?

quinta-feira, julho 11, 2013

São muitos os convidados

(in)completa 3
autoria de Bruno
 
Oito andores à minha frente cheios de flores, pesados. Um mar de gente por todos os lados com roupas novas e óculos de sol. Está calor. Vou debaixo do pálio. Mas o calor insiste em entrar por debaixo da sombra, por debaixo da alva e da estola. Uma banda filarmónica faz por abafar o barulho que a multidão faz. É festa. A festa de um santo que agora não me lembra, porque são muitos os santos que vão nos andores. É festa porque o barulho é de festa. A multidão ri, conversa como se estivesse na rua e está, atende telemóveis, faz da procissão uma feira de pessoas que no aparato da coisa esquece que uma procissão não é bem uma feira. São assim as nossas festas religiosas. E ali vai um padre atrás de oito andores… e de repente apercebo-me que falta o mais importante. Jesus não foi convidado. Como ainda estamos perto, tiro a alva e a estola, entrego-as a um dos homens que segura o pálio, e vou à igreja buscar um crucifixo, aquele que me deram na comunhão para o meu quarto e que me tem acompanhado nas minhas paróquias. Volto. A procissão continuou e, sem a alva, ninguém se apercebeu que eu saí e poucos se aperceberam que voltei. São assim as nossas festas religiosas, convida-se toda a gente, mas nem sempre há tempo para convidar Deus.