Há padres que se suicidam, e a notícia propaga-se, morbidamente, pelos corredores escuros dos claustros da vida. Nisto a comunicação social não se tem metido, não sei se por respeito aos falecidos ou seus familiares, se por ser uma realidade desconhecida, se porque na verdade o número é exíguo em comparação com aqueles que morrem de morte dita natural.
Mas a gente vai sabendo e, mais do que angustiar-se com a angústia, faz-se pergunta em nós da pergunta mais difícil que há. É a pergunta dos porquês? Fica-se assim a perguntar Porquê, ou porque é que a Fé não faz evitar estas coisas. Sim porque um padre deveria ser um exímio ser de Fé, e ela, que se saiba, responde como ninguém às questões da vida e da morte. Porém, o que nós esquecemos é que antes da fé a pessoa tem de ter resolvida igualmente a sua humanidade. Ninguém conseguirá um dia distanciar a sua fé da sua humanidade, ou usar apenas a fé. Nem os santos.
Outra pergunta que se faz, ou que é apenas minha e agora, é Porque é que ninguém se apercebeu ou fez alguma coisa, ou esteve ali presente para segurar o braço de quem se queria lançar no abismo. E também a resposta me veio sofrida, mas escorreita. Ninguém consegue viver nem sentir autenticamente Deus se não souber amar e viver essa maravilha do amor. Isso pode acontecer e expressar-se de muitas formas, mas tem de existir. Disso tenho a firme certeza. Pois é ou são esses amores que sustentam a nossa vontade de viver! Pois é ou são esses amores que estão ao nosso lado e nos podem segurar quando já não temos mão para agarrar ou não temos mão em nós.