Os jovens que nos pedem o casamento, na sua maioria, já estão juntos há muito tempo. Os pais ou mães que nos pedem o batismo, muitos deles estão juntos e não casados, ou em situação irregular perante a Igreja. As Eucaristias estão vazias de gente nova, e cheias de gente que se habituou a ir à missa. A Catequese passou a ser apenas a preparação de umas festas engalanadas. O Crisma tornou-se a forma de poder ser padrinho. As confissões diminuíram. Culpa em parte dos padres que reduziram o tempo que lhe dedicavam, mas igualmente porque as pessoas deixaram de sentir essa necessidade ou a consciência do pecado. A forma de entender a sexualidade mudou completamente. A família desestruturou-se. Há diversas formas de existir em família. Monoparentais imensas vezes. Mais de metade dos filhos experimentam o peso do divórcio. Há cada vez mais cristãos recasados. Bem como divorciados. Parece que a sociedade perdeu a noção ou diferença entre bem e mal. O mal passou a ser aquilo que me incomoda e o bem aquilo que me agrada. Vivemos mais para os nossos interesses que para os melhores interesses. Não existem muitas vocações à consagração. Ser padre às vezes parece que é apenas mais uma profissão entre tantas. Hoje as pessoas sabem mais coisas, mas sabem viver menos. Deus tornou-se uma ideia e deixou de ser resposta. É o mesmo, mas mudou a forma de se entender. O mundo muda tão rápido que não conseguimos acompanhá-lo. Passa rápido e depressa morremos sem vontade, sem certezas, sem fé.
Por tudo isso, hoje gostava de perguntar a Deus como se sente. Como se encontra. E aproveitava para lhe perguntar também onde está ou deveria estar a Sua Igreja. Porque não sei ou não sei como saber, ou não sei como viver sem saber.