Tenho um colega que tem pena porque as confissões já não são o que eram. As pessoas já não se confessam. Dizia que já não têm noção de pecado. Antigamente toda a gente se confessava nesta altura do ano. Na Quaresma. O desabafo fazia algum sentido e tinha alguma razão de ser. Mas perguntei-lhe directamente porque é que as pessoas se confessavam pelo menos uma vez por ano. Como é um colega de normas e hábitos, respondeu com eles. Para comungar pelo menos uma vez por ano. Aquela resposta deixou-me quase congelado. Frio. A confissão não pode servir apenas para comungar. As pessoas não se devem confessar apenas para comungar. Devemo-nos confessar para ficarmos em graça. Claro que só quem está em graça deve comungar. Uma coisa leva à outra. Mas uma coisa não é a outra. Por isso temos cristãos que depois de comungar uma ou duas vezes, deixam de o fazer sem razão ou pecado grave aparente. Por isso temos cristãos que só se confessam com o exterior ou o descarregar dos pecados e continuam num pedaço falso de estado de graça. E por isso pecam com mais facilidade, pois o objectivo imediato da sua confissão é a comunhão. Não é nem o arrependimento nem a paz. Muito menos a graça.
Há dias, para as confissões quaresmais de uma paróquia nova, juntei as pessoas, celebrei a missa, fizemos um exame de consciência, coisa que nunca tinham feito, segundo afirmaram, e depois começaram as confissões. Expliquei o sentido daquela forma de agir. Para que percebessem que estão a preparar a Páscoa e não apenas a comunhão. Mas no final, duas ou três pessoas perguntaram-me se ainda ia dar a comunhão. Lá está. Está tudo dito.
Há dias, para as confissões quaresmais de uma paróquia nova, juntei as pessoas, celebrei a missa, fizemos um exame de consciência, coisa que nunca tinham feito, segundo afirmaram, e depois começaram as confissões. Expliquei o sentido daquela forma de agir. Para que percebessem que estão a preparar a Páscoa e não apenas a comunhão. Mas no final, duas ou três pessoas perguntaram-me se ainda ia dar a comunhão. Lá está. Está tudo dito.