quinta-feira, dezembro 24, 2009

Estamos nas mãos de Deus

Há dias assim. Dias que nos tocam por dentro. Para o bem ou para o mal. Foi assim hoje, um dia antes do Natal. Acordei com vontade de sorrir e mostrar que o menino que celebramos faz sorrir. Mas ao longo do dia, entre as centenas de mensagens de Natal do telemóvel, chegaram outras que me fizeram sofrer. Ou porque o padre não fez como devia. Ou porque o padre devia ter feito. Ou porque o padre assim. Ou porque o padre assado. A hora da missa. O dia da missa. A celebração tal. A bênção tal. A Elvirinha que está nos cuidados intensivos. Ouvi sempre como se uma agulha me fosse espetada sem razão, motivo ou vontade. E assim foi crescendo em mim uma adversidade às coisas e à vida. Há dias assim.
Mas o Joaquim ligou-me. A sogra já tinha regressado do Hospital. Prometera ir lá a casa visitá-la e confessá-la nesta época. Entretanto, no dia em que me dispunha fazê-lo, dera entrada no hospital. Hoje estava em casa e o genro telefonara a dizer para me informar. Ou para pedir enquanto informava. Fui. Estava na cama com muitas dores. Premeditara sorrir para a vida, para que ela não entendesse as agulhas que tinha espetadas. Mas não aconteceu. O sorriso saiu-me natural porque olhei para ela e isso bastou. Perguntei se tinha muitas dores. Acenou que sim. Mas falou que estava nas mãos de Deus. Abri mais ainda o sorriso. Nada melhor que no dia de Natal estarmos nas mãos de Deus. E falei. Pois tenho a certeza que este vai ser o melhor momento deste meu Natal. Confessei-a. Conversámos. Rimos. Sempre aumentando e abrindo o meu sorriso. De facto, num dia em que se celebra a Vida, o Amor, a Felicidade que Deus nos promete, nos traz, e encarna no Seu Filho, nada melhor do que sentir que estamos nas mãos de Deus. Mesmo que seja a sofrer. No final contei-lhe que tinha sido o melhor momento do meu dia. Ela disse que também para ela o tinha sido. Agora já era Natal. E para mim também. Porque neste Natal descobri mais uma vez que estamos nas mãos de Deus!
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Aproveito para desejar a todos, penitentes, amigos, menos amigos, anónimos, menos anónimos, um Natal nas mãos de Deus!

terça-feira, dezembro 15, 2009

sondagem_ Na tua opinião, o que causa maiores problemas aos párocos de hoje?

Passado que vai muito tempo da última sondagem, e mais de 4.000 votos, chegou a hora de avaliar a sondagem que estava no lado esquerdo, no sidebar e acrescentar uma nova. A pergunta era:
“Na tua opinião, o que causa maiores problemas aos párocos de hoje?”

E os resultados são:
1. sociedade adversa _ 20%
2. apego às tradições _ 20%
3. não acolhimento dos leigos _ 20%
4. fraca espiritualidade _ 20%
5. excesso de afazeres _ 6%
6. celibato _ 6%
7. solidão_ 4%
8. falta de fraternidade sacerdotal_ 3%
9. falta de tempo_ 2%
10. festas religiosas_ 0%
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pequenas considerações:
  1. Desculpas são desculpas e eu não me quero desculpar. Quero antes encontrar uma razão para ter demorado tanto tempo a avaliar esta sondagem. Pela segunda vez achei estranha a vontade de alguns penitentes em fazer vencer a sua opção a todo o custo, o que torna a sondagem menos verdadeira. Houve alturas em que duas ou três opções andavam lado a lado a somar votos. E em pouco tempo, uma das opções mais votadas, aumentou de 200 para 800 votos. Por isso em breve mudarei o sistema de votações. Não o faço agora, porque na bravenet não consegui fazê-lo. Vou passar a utilizar mesmo a blogger. Por tudo isto, vou fazer considerações mais do meu entendimento que do entendimento da sondagem.
  2. A sociedade é adversa aos sacerdotes. Concordo. Aliás, acho que existe sempre uma suspeita e uma desconfiança desmesurada em relação a estes. São notícia apenas quando põem em causa a instituição, seja de que forma for. E quem é que precisa do sacerdote para viver?! Só precisam dele para as festas e para alguns sacramentos ditos sociais
  3. O apego às tradições choca com a fé, porque a fé, tal como o Evangelho, traz sempre novidade. Nós temos dificuldade em desacomodar-nos dos nossos hábitos.
  4. Há leigos que acolhem. Leigos que acolhem quando lhes interessa. Leigos que não sabem o que é ser leigo.
  5. Parece-me que, de facto, existe uma fraca espiritualidade nos padres, sobretudo os mais novos. Desculpas? Os afazeres? A corrida diária? A superficialidade moderna? A verdade é que a oração faz falta para nos alimentar por dentro. Eu preciso de muita mais oração.
  6. Com a diminuição de vocações e do número de sacerdotes, com o aumento de necessidades das pessoas, com a urgência de uma evangelização nova, torna-se cada vez mais difícil que os sacerdotes tenham tempo para além das funções sagradas. E tudo se torna paradoxal. Porque quando mais seria necessário terem tempo para as pessoas, parece que menos têm.
  7. Achei engraçado que as opções do “celibato” e da “solidão” não fossem mais votadas. Cada vez me convenço mais de que, apesar de serem questões marginais, há colegas que as não conseguem superar. Isso preocupa-me. E o não acolhimento dos leigos, isto é, a falta de amizade dos leigos, prejudica a resolução destas questões.
  8. Como explicar que os sacerdotes não sejam fraternos uns com os outros? Dizendo que também neste meio há competição? Dizendo que somos humanos? Ou que somos egoístas? Ou que nãos sabemos amar?
  9. Curiosamente, e talvez não tenham consciência disso, cada vez que um padre tem de presidir a uma festa nas suas paróquias, há quase sempre problema e grandes recuos no seu ministério. Quanto maior for a festa, mais problemas arrasta. Não esperei que esta fosse a opção menos votada. De todo.
  10. Num Ano Sacerdotal, vale a pena pensar nisto!!


    Hoje surge nova sondagem, a propósito da época que atravessamos, a época do Natal. E a pergunta é:
    Que prenda gostarias de pedir ao Menino-Deus neste Natal?