O tempo passa e a vida vai atrás dele. São dois grandes parceiros. Contudo, um deles permanece aqui e o outro só permanecerá além. Não é bem um matrimónio até que a morte nos separe. Mas quase. São dois parceiros que caminham lado a lado, irmanados.
Faltam, nesta hora, algumas horas para que um novo ano aconteça. Todos estamos atarefados com aquele momento em que se passa de um ano a outro. Essa meia-noite que se prolonga em copos, saltos, diversões, e beijos e abraços como se não houvesse amanhã.
Teimamos em fazer desse segundo uma noite inteira. Teimamos em fazer parar o relógio. Como teimaríamos, se a varinha mágica existisse, em parar o tempo para que a nossa vida ficasse ali. Creio que vivemos uma vida a correr, convencidos de que ela está parada. Convencidos de que não há amanhã. Nem há depois de amanhã. Creio que vivemos ensimesmados em nós próprios. Fechados em sensações de que não existe dor, nem morremos. Que tudo é uma maquilhação do divino.
Mas o tempo passa e as vidas vão atrás dele. Termina uma e começa outra. Não é a nossa que recomeça. E cada dia que passa é menos um dia de vida neste tempo que não termina.
Não estou melancólico, minha gente. Estou somente a pensar que estamos prestes a entrar em novo ano, e continuamos a viver uma vida como sobreviventes de qualquer coisa. Parece que não a vivemos. Parece que a deixamos andar. Parece que nos preocupamos mais com os embrulhos e com os laços que lhe pomos, que com a prenda que ela é. A vida é para viver como quem no-la deu. A vida é um dom gratuito que vai muito para além de nós. A vida é tão boa, mas tão boa, que devíamos viver em constante estado de agradecimento, em constante estado de alegria, em constante Viver.
Deixem passar o tempo e verão como a vida vai atrás dele.
Aproveito para desejar a todos os que visitam este espaço e lêem estas palavras que vou soltando, um ano de 2017 cheio de Deus!