Foi algo do acaso. Uma conversa de café. No meio de um pastelito. O meu café da manhã. Que vício! Ele estava sentado noutra mesa. Começou a falar meio meio. Entre dentes. Eu ouvia. Não sei para que existem padres. Eu não sabia se havia de fazer de conta ou contar mesmo. Não precisei de decidir porque decidiu por mim. Ó padre, isto é um engano. Dizem que Deus salva as pessoas. Já me disseram que o senhor disse que ele queria salvar toda a gente. Escrevo de propósito com letra pequena porque estou convencido que foi assim que ele falou, com letra pequena. Como é que ele me vai salvar a mim? Referia-se com certeza ao facto de Ele se ter afastado da Igreja depois do Crisma. Pensava ele que me estava a desarmar, desafiando-me. Respondi. O curioso é que Deus criou-nos por amor, porque quer amar o homem, porque o quer ver feliz, porque quer ser feliz com o homem. Então e Jesus? Continuou o desafio. Jesus, o filho de Deus veio ao mundo para nos salvar. E como é que nos salvou? Porque nos ensinou a todo o custo, até com a Sua morte, o que era o amor, como se devia amar. É essa a salvação. A felicidade que provém do amor, da forma como se ama. Ele riu à gargalhada. Então ele quer que o amemos. Isso não será egoísmo? Querer que os outros nos amem?! Consegui, pensei com os meus botões. Aí é que está. Ele ama-nos independentemente de O amarmos. Ama porque quer. Isso é que é o verdadeiro amor. Por isso é que Ele não está apenas interessado em salvar os da Sua cor. Quer salvar todos, porque ama a todos. Porque não é egoísta. É por isso que também pode ser salvo.
Não sei se o convenci. Mas a mim, sim. O certo é que se calou. Tipo, por esta é que eu não esperava.
Não sei se o convenci. Mas a mim, sim. O certo é que se calou. Tipo, por esta é que eu não esperava.
“Amemo-nos uns aos outros, porque o amor vem de Deus e todo aquele que ama nasceu de Deus e conhece a Deus” Act 10, 26