Há lágrimas que descem do rosto, percorrendo alguns sinais da cara, dos lábios, do queixo. E há aquelas que descem do mesmo rosto, caem na nossa mão, e chegam ao mais íntimo de nós. Há lágrimas que se moldam e nunca as tocamos, por mais que gostemos de quem as deita. E há lágrimas de pessoas que quase nada nos dizem, mas que tocamos como se fossem nossas. Há ainda outros tipos de lágrimas. As que mostram dor. As que escondem emoções. As que são apenas formas de dizer coisas, boas ou más. Há tantos tipos de lágrimas quantas pessoas existem no mundo. E cada lágrima conta uma vida ou uma forma de viver. As lágrimas são a sombra de quem vive. Andam sempre atrás, mais discretas. Têm a mesma silhueta das pessoas. Mas são mais escuras. Só aparecem por detrás do sol ou da luz. Estão sempre lá.
Falo delas porque hoje não as tenho, mas vejo-as. Porque ontem vi-as e fizeram-me pensar na forma como subsistem, como teimam em congelar-se a toda a hora e em desfazer-se nas horas mais partilhadas, nas horas em que se desfazem máscaras de vida, como é o exemplo das horas das confissões, sejam elas da vida ou do sacramento.
As lágrimas mais dolorosas são aquelas que se vêem no rosto de alguém que não a consegue limpar ou de alguém a quem não se consegue limpar. Tenho-me sentido muito tocado com dezenas de lágrimas que não consigo limpar do rosto de muitas pessoas que tenho confessado. Há dias foi-me mais fácil contabilizar as pessoas que as conseguiam suster do que aquelas que não o conseguiram. Senti cada uma delas, impotente, tocando-me o mais próximo possível do coração. Como se me restasse apenas beber cada uma delas, participar delas, e não pudesse secar a fonte de onde elas brotam. Quisera eu ser uma outra fonte ou ser sinal de outra fonte, a Fonte da Vida. Há tanta gente que precisa dela. Porque fizeste as lágrimas, meu Deus?
Falo delas porque hoje não as tenho, mas vejo-as. Porque ontem vi-as e fizeram-me pensar na forma como subsistem, como teimam em congelar-se a toda a hora e em desfazer-se nas horas mais partilhadas, nas horas em que se desfazem máscaras de vida, como é o exemplo das horas das confissões, sejam elas da vida ou do sacramento.
As lágrimas mais dolorosas são aquelas que se vêem no rosto de alguém que não a consegue limpar ou de alguém a quem não se consegue limpar. Tenho-me sentido muito tocado com dezenas de lágrimas que não consigo limpar do rosto de muitas pessoas que tenho confessado. Há dias foi-me mais fácil contabilizar as pessoas que as conseguiam suster do que aquelas que não o conseguiram. Senti cada uma delas, impotente, tocando-me o mais próximo possível do coração. Como se me restasse apenas beber cada uma delas, participar delas, e não pudesse secar a fonte de onde elas brotam. Quisera eu ser uma outra fonte ou ser sinal de outra fonte, a Fonte da Vida. Há tanta gente que precisa dela. Porque fizeste as lágrimas, meu Deus?