Durante largos anos, a Igreja, como “sociedade perfeita”, colocava o acento na firmeza e rigor doutrinal para dar credibilidade a si mesma. Nos últimos anos, porém, surgiu uma visão no sentido oposto, uma visão mais atenta aos sinais dos tempos. Por isso tem havido um esforço, e bem, para melhorar e modernizar a comunicação. No entanto, estamos a dirigir-nos para uma comunicação sem real comunicação.
As novas gerações vivem na internet. Vivem nas redes sociais, visualizam influencer’s e gastam o tempo a receber comunicação que seleccionam nos seus interesses. E se nunca houve uma comunicação tão global como agora, também nunca houve tanta dificuldade em nos fazermos escutar. Tudo parece ruido. E no meio do ruído, até o que não o é, parece somente um ruído.
É certo que hoje não se conseguiria chegar às novas gerações se a nossa comunicação fosse apenas como era antigamente. O problema, porém, persiste, porque o digital não cria interesse se este não existe. E para existir interesse, este tem de se suscitar no meio de milhares de interesses que se confundem. É bastante difícil transmitir a fé em tempos de uma confusão global de comunicações maioritariamente virtuais. A fé é sobretudo relacional, e no mundo virtual o relacional é mais fictício que verdadeiro lugar de afectos.
Parece-me que a Igreja, neste sentido e como um todo, tem-se vindo a deparar com grandes dificuldades em fazer passar uma mensagem que não seja light, porque quer agradar, ou enfadonha, porque demasiado agreste.