Andava no quarto ano da Catequese. Viera ter comigo para se confessar, a mando da sua mãe, por causa da festa da Catequese em que vai participar, com o seu grupo, na próxima semana. Trazia as mãos nos bolsos e, como lhe disse que ficava mais bonita se as tirasse de lá, colocou-as uma na outra, com os dedos a entrelaçarem-se e a estalarem ao mesmo tempo.
Pela reação pareceu-me que estava com algum receio de confessar-se. Ou do que ia confessar. Por isso, ainda antes de darmos início ao sacramento da confissão, perguntei-lhe se estava com medo. Não respondeu, mas fez uma cara de quem não sabia o que dizer porque tinha receio do que pudesse dizer. Eu sei que, na verdade, não se voltara a confessar desde a Primeira Comunhão. Sei que não costumava ir à Eucaristia. Sei que quase tudo lhe parecia meio estranho. Estar ali porque a mãe lhe dissera para estar. A mesma mãe que não a levava à Eucaristia.
Como me apercebera disso, e porque, infelizmente, não é caso único, perguntei-lhe se era por nunca mais ter ido à missa que estava assim. E aquela criança, afastando os dedos e as mãos, baixou ainda mais os olhos e disse. A minha mão não me leva.