sexta-feira, janeiro 31, 2020

sondagem "best post" 2019

Deixamos os resultados da última sondagem que perguntava sobre o que nos lembrávamos, em primeiro lugar, quando pensávamos no Natal.

Iniciamos, igualmente, uma nova sondagem, no lado direito do sidebar, para perguntar qual foi, na nossa opinião, o melhor, mais tocante ou mais interesante texto não poético de 2019. Os 10 textos a votação foram seleccionados de acordo com as indicações dos "penitentes" deste espaço e de acordo com a minha apreciação. Quem os quiser "revisitar", tem os links respectivos abaixo da sondagem.
Bem haja pelo vosso interesse e colaboração!

segunda-feira, janeiro 27, 2020

"best post" 2019

Embora sabendo que não é o mais importante, é uma boa desculpa para revermos e relermos textos. Assim, peço a vossa ajuda para seleccionar aqueles textos/prosa que considerais ou considerastes como os melhores, os mais tocantes ou interessantes em 2019. Indiquem nos comentários o título ou títulos dos vossos preferidos. Deixo algumas sugestões, de acordo com a minha apreciação particular, mas podem indicar outros que aqui não se encontrem linkados. Agradeço desde já a vossa participação e colaboração. 

Como nas outras ocasiões, tenciono posteriormente colocar os melhores à votação. Podem sugerir outros que não estejam nesta selecção. A mim fez-me bem relê-los. Pode ser que faça bem a mais alguém. Nota que os poemas não entram nesta sondagem. 

Quem quiser dar uma espreitadela aos "best post" de 2012, 2013, 2014, 2015, 2016, 2017 e 2018 clique AQUI

Janeiro

Pesquisar Jesus na Internet


As freiras missionárias


Deus não nos resolve a vida


Deus resolve-nos a vida

A leiteira de S. Paulo



Fevereiro

A carta de um filho ao seu pai que partiu.

O último José




Março

Rezar na verdade da dor




Abril

A Rosário, apertada pela vida

A tradição da procissão de Páscoa



Maio

Rezar antes das refeições

cristão, católico, religioso,clérigo, consagrado, leigo, fiel…

Aos olhos de Deus somos todos iguais



Junho

A vida vestida de branco

Ser leigo na Igreja

A oração do meu pai



Julho

A resposta

Quanto mais acredito, menos faço



Agosto

Os padres santos e pecadores



Setembro

E se Deus fosse um de nós?

Cumprir a fé



Outubro

esta coisa da ressurreição da carne está mal explicada, não tá?

Falemos de missão ou outras coisas

Missas dominicais ou mais ou menos isso

Os ultras



Novembro

Ser santo é caminhar na santidade

O morto que não queria nada com Deus



Dezembro

O cão pregador

O telemóvel e a missa

O menino que nasce no meio da porcaria


 

quinta-feira, janeiro 23, 2020

A sociedade irritada III

Na sociedade em que vivemos proclama-se a liberdade como a máxima das máximas. Liberdade de expressão. Liberdade de entendimento. Liberdade religiosa. Liberdade sexual. Liberdade de tudo. Mesmo que, mais do que nunca, as pessoas estejam presas em si mesmas. Amarradas a estereótipos de moda. A minorias e discursos de identidades minoritárias. É uma sociedade homogénea, cada vez mais heterogénea. Ou heterogénea cada vez mais homogénea. Uma sociedade onde tudo é possível, mas onde nada é possível. Onde tudo se aceita, mas nada se aceita. Uma sociedade que propõe e quer aceitar a diferença. Mas que nunca foi tão indiferente. 

A PROPÓSITO OU A DESPROPÓSITO: "A sociedade irritada I" e "A sociedade irritada II"

segunda-feira, janeiro 20, 2020

A Bíblia é Deus a falar connosco

Iniciámos um encontro sobre a Bíblia, onde estavam presentes alguns pais e algumas crianças da catequese, com a pergunta simples, directa e básica: O que é a Bíblia? E um miudito levantou o dedo, para responder que era um livro que nos falava de Deus. Disse-o com o sorriso matreiro de quem tinha aprendido bem a doutrina, de quem estava atento na catequese, de quem queria deixar orgulhosos os pais que também o escutavam. E tinha alguma razão o miúdo. 
Lida como um romance, ainda que meio abstracto, a Bíblia fala-nos de Deus, da sua mais ou menos história entre os homens ou com eles. Mas é muito mais que isso. Depois de aproveitar a sabedoria das suas palavras, respondi que não nos falava de Deus, somente ou propriamente, mas que era Deus a falar connosco.

A PROPÓSITO OU A DESPROPÓSITO: "As inutilidades das nossas Bíblias"

quarta-feira, janeiro 15, 2020

conversas de outros mundos

Era uma conversa que escutava ao longe, como quem não quer entrar na conversa, mas está lá em silêncio. Era uma conversa fiada, mas que não era bem fiada. Era uma conversa entre dois padres amigos, mais ou menos da minha idade. Aquela idade em que se começa a olhar mais para o passado que para o futuro, mais para o que não fizemos que para o que ainda poderíamos fazer. Dizia um. Cada vez que olho para os casados da minha idade, alguns que andaram na escola comigo, a passear com os seus filhos, fico a pensar. A ti nunca te acontece? O outro respondeu que não. Que não tinha pensado muito nisso. Na verdade, talvez um pouco. Mas pouco. O primeiro continuou. Já imaginaste quem vai cuidar de ti quando estiveres velhote, doente, incapacitado? E o outro respondeu na mesma linha. Também ainda não tinha pensado muito nisso. Dizia que não tinha muito tempo para pensar neste tipo de coisas. Ok, acrescentou o outro. E ficou por ali a conversa.

A PROPÓSITO OU A DESPROPÓSITO: "Fez-me só parar o carro"

sexta-feira, janeiro 10, 2020

Vivemos para morrer.

Iniciei assim a homilia. Vivemos para morrer. Disse-o, convencido de ser uma enorme verdade de vida. Nascemos para viver e vivemos para morrer. Para chegar a esse momento, do qual ninguém escapa. Ricos ou pobres. Mais capacitados ou mais desajeitados. Todos. Todos vivemos para morrer. Na verdade, o sentido da vida começa quando encontramos o sentido da morte. Se não o encontramos, vivemos a morrer por dentro até que ocorra a morte. A nossa vida deixa de ser vida para estar morta. Porque temos medo e ansiedade, o que nos mata interiormente e não nos deixa viver em pleno este dom maravilhoso que nos foi dado, a vida. Não há pior morte que a de estar vivo, mas morto por dentro. Vivendo sem sentido de viver. Não obstante, vivemos para morrer. Para passar pela morte. Que é apenas mais um momento, embora nos pareça o fim dos momentos. 
Eu acho que não tenho medo de morrer. Digo Acho para não parecer exagerado. Ou muito seguro de mim. Que não sou assim tanto. Imagino-me a conversar comigo dizendo estas coisas e a ver como reage o meu rosto. Para ver se é verdadeiro ao falar de uma coisa que custa tanto falar. Claro que tenho o instinto natural da sobrevivência. Sofro quando algo me afecta na saúde. Quando vejo dor e sofrimento. Quando me deparo com a morte, sobretudo dos que mais amo. Quando vejo o tempo passar e não voltar. Quando vejo as capacidades a desparecer-me por entre os dedos, mesmo quando os fecho na mão, tentando agarrá-las. Mas acho que não tenho medo da morte. Porque estou convencido que a morte é apenas a plenitude da vida.

A PROPÓSITO OU A DESPROPÓSITO: "É a vida"

quarta-feira, janeiro 08, 2020

tenho quase a certeza que te vi [poema 241]

Numa noite tão alta como o céu
Eu vi o silêncio como uma visão

De facto,
O silêncio parece-se com o não ser
Mas só parece, porque também é
Na contradição do que, de facto, não é

Sobretudo, vi-te no silêncio,
Como silêncio em mim
Que não se calou

Tão alto como sendo uma visão
Do céu

sábado, janeiro 04, 2020

O menino Jesus sem casa

A criança berrava e chorava compulsivamente. Ouvia-se a sua tão profunda tristeza nas lágrimas que lhe inundavam as faces. Estava a passear de mão dada com a mãe que lhe prometera uma visita ao presépio. Ao presépio grande da comunidade. Um presépio de rua feito com madeira e palha, à boa maneira antiga. Muito lindo, por sinal, com uma cabana toda iluminada e que albergava a sagrada família, o anjo, o burrinho e vaquinha. Mas o temporal dos dias de Natal fizera das suas. O vendaval deitara abaixo tanto a cabana como as figuras do presépio. E se estas não tardaram em ser levantadas, o mesmo já não foi possível com a cabana que ficara um monte de destroços. Deixara de ser uma cabana para ser um monte de lenha para queimar. Ora, a criança, nos seus cinco anitos, berrava e chorava compulsivamente, porque, como ela dizia em palavras inacabadas, à maneira da sua idade, o menino Jesus já não tinha casa onde morar. Devia estar cheio de frio. Queria levá-lo para sua casa. E pedia à mãe que fizesse alguma coisa. Que ao menos a deixasse pegar no menino e emprestar-lhe o casaco ou o gorro. E chorava. E berrava. Porque Jesus, sem ela saber, morava no seu pequenito coração.

A PROPÓSITO OU A DESPROPÓSITO: "Estamos nas mãos de Deus"

quarta-feira, janeiro 01, 2020

escrever por escrever [poema 240]

Guardo a escrita para mim
Digo-a para a ler
Para ela se guardar
Para a reter

E é tudo em mim o que sou
Ou desejo, para ser

Espelho em mim
Do meu viver