Há dias, um cardeal, o cardeal Jean-Claude Hollerich, disse, numa entrevista, que a pandemia tinha acelerado a descristianização da Europa e que muita gente que ia à missa só por um hábito cultural deixaria de ir. E acrescentava que a pandemia só adiantara um processo que, na sua opinião, apenas tinha sido adiantado uns dez anos. E é capaz de ter alguma razão este cardeal.
Iniciámos a catequese da paróquia nestes dias. De entre as festas da catequese que ficaram por fazer no ano pastoral passado, quisemos começar pelo sacramento da Eucaristia, a festa da Primeira Comunhão. Vamos realizá-la em breve, assim Deus e as circunstâncias o permitam. Para a preparar, reunimos os pais, obviamente que com os cuidados necessários derivados da pandemia. E ali estavam três dezenas de rostos que há muito não vejo na igreja. Graças a Deus que estavam ali. Mas, infelizmente, não os tenho visto nas celebrações da comunidade.
Na verdade, a pandemia veio hipotecar um certo trabalho que esta minha comunidade cristã vinha fazendo com os pais dos nossos catequisandos e com o qual se vinha aumentando o número de pais e crianças na eucaristia dominical. Mas agora não têm ido. Independentemente das razões, dos medos, das inseguranças de cada um, o cardeal é bem capaz de ter alguma razão. Esta pandemia não tem ajudado a alimentar a fé comunitária. Pelo menos essa. Ou pelo menos a dimensão comunitária da fé, que tão importante é para alimentar a verdade de uma fé que vive o “nisto conhecerão que sois meus discípulos; se vos amardes uns aos outros”.
A PROPÓSITO OU A DESPROPÓSITO: "Queres ficar à missa?"