Mas o Joaquim ligou-me. A sogra já tinha regressado do Hospital. Prometera ir lá a casa visitá-la e confessá-la nesta época. Entretanto, no dia em que me dispunha fazê-lo, dera entrada no hospital. Hoje estava em casa e o genro telefonara a dizer para me informar. Ou para pedir enquanto informava. Fui. Estava na cama com muitas dores. Premeditara sorrir para a vida, para que ela não entendesse as agulhas que tinha espetadas. Mas não aconteceu. O sorriso saiu-me natural porque olhei para ela e isso bastou. Perguntei se tinha muitas dores. Acenou que sim. Mas falou que estava nas mãos de Deus. Abri mais ainda o sorriso. Nada melhor que no dia de Natal estarmos nas mãos de Deus. E falei. Pois tenho a certeza que este vai ser o melhor momento deste meu Natal. Confessei-a. Conversámos. Rimos. Sempre aumentando e abrindo o meu sorriso. De facto, num dia em que se celebra a Vida, o Amor, a Felicidade que Deus nos promete, nos traz, e encarna no Seu Filho, nada melhor do que sentir que estamos nas mãos de Deus. Mesmo que seja a sofrer. No final contei-lhe que tinha sido o melhor momento do meu dia. Ela disse que também para ela o tinha sido. Agora já era Natal. E para mim também. Porque neste Natal descobri mais uma vez que estamos nas mãos de Deus!
quinta-feira, dezembro 24, 2009
Estamos nas mãos de Deus
Mas o Joaquim ligou-me. A sogra já tinha regressado do Hospital. Prometera ir lá a casa visitá-la e confessá-la nesta época. Entretanto, no dia em que me dispunha fazê-lo, dera entrada no hospital. Hoje estava em casa e o genro telefonara a dizer para me informar. Ou para pedir enquanto informava. Fui. Estava na cama com muitas dores. Premeditara sorrir para a vida, para que ela não entendesse as agulhas que tinha espetadas. Mas não aconteceu. O sorriso saiu-me natural porque olhei para ela e isso bastou. Perguntei se tinha muitas dores. Acenou que sim. Mas falou que estava nas mãos de Deus. Abri mais ainda o sorriso. Nada melhor que no dia de Natal estarmos nas mãos de Deus. E falei. Pois tenho a certeza que este vai ser o melhor momento deste meu Natal. Confessei-a. Conversámos. Rimos. Sempre aumentando e abrindo o meu sorriso. De facto, num dia em que se celebra a Vida, o Amor, a Felicidade que Deus nos promete, nos traz, e encarna no Seu Filho, nada melhor do que sentir que estamos nas mãos de Deus. Mesmo que seja a sofrer. No final contei-lhe que tinha sido o melhor momento do meu dia. Ela disse que também para ela o tinha sido. Agora já era Natal. E para mim também. Porque neste Natal descobri mais uma vez que estamos nas mãos de Deus!
terça-feira, dezembro 15, 2009
sondagem_ Na tua opinião, o que causa maiores problemas aos párocos de hoje?
“Na tua opinião, o que causa maiores problemas aos párocos de hoje?”
E os resultados são:
1. sociedade adversa _ 20%
2. apego às tradições _ 20%
3. não acolhimento dos leigos _ 20%
4. fraca espiritualidade _ 20%
5. excesso de afazeres _ 6%
6. celibato _ 6%
7. solidão_ 4%
8. falta de fraternidade sacerdotal_ 3%
9. falta de tempo_ 2%
10. festas religiosas_ 0%
pequenas considerações:
- Desculpas são desculpas e eu não me quero desculpar. Quero antes encontrar uma razão para ter demorado tanto tempo a avaliar esta sondagem. Pela segunda vez achei estranha a vontade de alguns penitentes em fazer vencer a sua opção a todo o custo, o que torna a sondagem menos verdadeira. Houve alturas em que duas ou três opções andavam lado a lado a somar votos. E em pouco tempo, uma das opções mais votadas, aumentou de 200 para 800 votos. Por isso em breve mudarei o sistema de votações. Não o faço agora, porque na bravenet não consegui fazê-lo. Vou passar a utilizar mesmo a blogger. Por tudo isto, vou fazer considerações mais do meu entendimento que do entendimento da sondagem.
- A sociedade é adversa aos sacerdotes. Concordo. Aliás, acho que existe sempre uma suspeita e uma desconfiança desmesurada em relação a estes. São notícia apenas quando põem em causa a instituição, seja de que forma for. E quem é que precisa do sacerdote para viver?! Só precisam dele para as festas e para alguns sacramentos ditos sociais
- O apego às tradições choca com a fé, porque a fé, tal como o Evangelho, traz sempre novidade. Nós temos dificuldade em desacomodar-nos dos nossos hábitos.
- Há leigos que acolhem. Leigos que acolhem quando lhes interessa. Leigos que não sabem o que é ser leigo.
- Parece-me que, de facto, existe uma fraca espiritualidade nos padres, sobretudo os mais novos. Desculpas? Os afazeres? A corrida diária? A superficialidade moderna? A verdade é que a oração faz falta para nos alimentar por dentro. Eu preciso de muita mais oração.
- Com a diminuição de vocações e do número de sacerdotes, com o aumento de necessidades das pessoas, com a urgência de uma evangelização nova, torna-se cada vez mais difícil que os sacerdotes tenham tempo para além das funções sagradas. E tudo se torna paradoxal. Porque quando mais seria necessário terem tempo para as pessoas, parece que menos têm.
- Achei engraçado que as opções do “celibato” e da “solidão” não fossem mais votadas. Cada vez me convenço mais de que, apesar de serem questões marginais, há colegas que as não conseguem superar. Isso preocupa-me. E o não acolhimento dos leigos, isto é, a falta de amizade dos leigos, prejudica a resolução destas questões.
- Como explicar que os sacerdotes não sejam fraternos uns com os outros? Dizendo que também neste meio há competição? Dizendo que somos humanos? Ou que somos egoístas? Ou que nãos sabemos amar?
- Curiosamente, e talvez não tenham consciência disso, cada vez que um padre tem de presidir a uma festa nas suas paróquias, há quase sempre problema e grandes recuos no seu ministério. Quanto maior for a festa, mais problemas arrasta. Não esperei que esta fosse a opção menos votada. De todo.
- Num Ano Sacerdotal, vale a pena pensar nisto!!
Hoje surge nova sondagem, a propósito da época que atravessamos, a época do Natal. E a pergunta é:
Que prenda gostarias de pedir ao Menino-Deus neste Natal?
segunda-feira, novembro 23, 2009
A Clara e o amor dos cristãos
E assim aconteceu numa dessas formações que a Clara perguntou Afinal como devia amar um cristão. A pergunta parecia despropositada, pois já toda a gente sabe como deve amar, e que Jesus disse que não bastava amar os amigos. Para amarmos os inimigos e para amarmos com todas as nossas forças, inteligência e coração. Que ainda disse para amarmos como se fôssemos nós a pessoa que amamos, ou que pensássemos que estávamos a amar o próprio Jesus, pois o que fizermos ao mais pequenino dos irmãos, disse, é a Ele que o fazemos. E ainda disse mais coisas que aproveitei para referir, em síntese, em argumentação, retiradas da Bíblia.
Porém, enquanto os outros presentes pareciam satisfeitos, ela não. Por isso tornou. Ó padre, amar Jesus é fácil. Amar com tudo de nós também. Assim como fazer aos outros o que queres que te façam a ti. Já o amar o inimigo se torna mais complicado. Mas há ainda algo mais difícil para mim. Diz lá o São João. Agora era a minha vez de escutar. Que Jesus nos diz para amarmos como Ele nos amou, e para amarmos como Ele e o Pai se amam e são um só. E isto é que não é pêra doce, padre. Amar como Deus ama não é fácil de perceber. Muito menos de viver. Que me diz, padre?
Que te hei-de dizer, Clara, que gostas de tudo claro! Que hei-de pensar, Clara! Que me deixaste a pensar? Que te hei-de responder?
Que me deslumbraste com algo que já tinha pensado, mas não a esta distância. Mas não desta forma. Que se aprende quando menos se espera. Que afinal, o cristão deve amar como Deus ama. Que Deus, afinal, é a medida de todo o amor.
terça-feira, novembro 10, 2009
As perguntas que hoje faço
O vento e o frio queriam que os meus pensamentos encontrassem então umas desculpas, uns argumentos, novas perguntas. Que se mudassem as perguntas. Para facilitar-me a vida, para ma enganar. Porque vão hoje os miúdos para o Seminário? Mas os pensamentos teimaram nas respostas sem resposta, sem algo que me preenchesse a noite e as luzes da noite, e me deixasse sossegado.
Exigia apenas um pensamento que toldasse a minha vontade. Porém, as perguntas que hoje faço com respostas rápidas, prontas, leves, certeiras e acertadas, são quase sempre as mesmas. O que tenho de fazer amanhã? Falta-me isto, tratar daquilo, preparar o não sei o quê.
E fico preso entre a vontade de ser mais padre e a força dos meus afazeres. Entre o querer saber o que Deus quer de mim e o viver para o que os outros exigem de mim. Queria gritar Já não sou eu que vivo É Cristo que vive em mim, e dou conta que sou apenas eu que existo, a correr atrás de um Cristo que não cabe nas mãos que estão ocupadas pelo meu que fazer. Tento agarrá-lo. Mas as mãos cheias não fecham, e Ele escapa.
Senhor, quando deixarei de ser teu funcionário, para ser apenas Tu em mim e eu em Ti?
segunda-feira, novembro 02, 2009
Vocações sacerdotais, quando?
O número de paróquias não diminui. Só diminui o número de pessoas em cada paróquia. Por outro lado, o número de sacerdotes diminui substancialmente. Logo, aumenta o número de paróquias e de serviços por sacerdote.
Geram-se novas angústias nos sacerdotes. Cansados. Esgotados em correrias, em faltas de compreensão, em multiplicar de exigências da parte das pessoas. Estigma do funcionário/profissão. Celibato. Falta de tempo para a oração. Para si próprio. O problema acresce porque alguns não aguentam e desistem. Lembro o mais recente colega que já não está ano activo. Estou a pensar noutro que já teve o casamento civil marcado. O problema agrava-se porque diminui o número de sacerdotes e a regressão aumenta. Muda o número de participantes nas eucaristias. As pessoas emigram de diversas formas. Os paroquianos diminuem. Um problema de natalidade, sobretudo. Missas com menos gente. Há-as com 30, 40 pessoas. Não podiam juntar-se?!
Muda muita coisa. Fora e dentro da igreja. Novos confrontos. Novas necessidades. Um evangelho a actualizar. Mas as atitudes dos cristãos continuam as mesmas de há vinte ou dez anos atrás, quando tinham o pároco na paróquia, sem grandes serviços, disponível para ouvir, para presidir a todas as celebrações, litúrgicas ou não, com tempo para inventar festas e procissões, para confessar, para conviver com as pessoas, embora se calhar hoje os padres convivam mais com as pessoas, digo eu. Recorrem ao padre quando precisam, e exigem-lhe, porque se entregou gratuitamente em favor do reino, que esteja na gaveta ao dispor. Abre-se e fecha-se a gaveta consoante as necessidades. Ate aceito. É para as necessidades que ele tem sentido. Mas, se têm celebração da Palavra é porque não deviam ter. Se a procissão foi mais curta o padre faz-nos perder a fé. Se o casamento não é assim ou assado, este padre não presta. Se vai exigir-se uma catequese organizada, coerente e séria, são exigências, e desistimos. Se faz algo formativo, não é para mim, pois também não tenho tempo. Se não faz, não se dedica às pessoas. Não quer saber. Se é obrigado a acabar com alguma coisa, não quer trabalho. Se não possui tempo, não quer saber de nós. Se come com este, tem preferidos. Se não come em casa de ninguém, não é sociável. As atitudes são as mesmas de há vinte anos. E depois a Igreja não evolui.
Sabem de um coisa? De vez em quando, ocorre-me a tentação de desejar ter nascido uns vinte anos antes.
sábado, outubro 24, 2009
tudo na vida se pode ver de diversas formas
Tinha de facto uns tons avermelhados na parte interior dos olhos, e à sua volta uma cor entre o pálido da pele e o escuro do carvão. Só por isso se notava o esforço que fazia em vão para dormir.
Há ocasiões na vida em que as palavras não podem ser medidas, porque não sabemos porque as usamos. Ou usamo-las como nossas, mas são do Espírito Santo. Pelo menos, assim creio. Dado que o que disse a seguir me veio à cabeça, sem mais nem meio mas, como se já lá estivesse dentro e esperasse a sua hora de saída.
Ó Juliana, tudo na vida se pode ver de diversas formas. Tudo. Mesmo aquilo que nos parece o nada, como é o caso da morte ou da ausência de alguém que amamos. Experimenta ver. A ausência do teu namorado faz-te perceber quão importante ele é para ti. No meio da tua dor, podes descobrir a beleza de um amor que tens por ele. Não te resolve o problema. Mas parece-me que os problemas nunca têm só um lado negativo.
Por outro lado, o teu amigo que já tem muita idade e que se agarra à vida. Pelo que contas, agarra-se a ela com a força que nós, de tão saudáveis, não usamos. Agarra-se tanto a ela como nós não a agarramos. Porque não possuímos a limitação necessária para dar valor ao que temos. Mais. O teu amigo precisa de fé para encarar a morte e tu a dizeres que a podes perder quando é tão importante que lha dês neste momento a ele.
Nas coisas da vida, poderás sempre encontrar outra forma de as veres. Podes não resolvê-las por fora. Mas podes resolvê-las por dentro.
sexta-feira, setembro 25, 2009
A fugitiva
Não sabia que dizer-lhe, pois nas minhas poucas visitas aos lares desta zona, fico sempre triste, apesar de saber que os funcionários fazem o melhor que sabem e podem. Mas é sempre uma mudança de vida numa altura em que já não se sabe viver. É sempre um estar dependente. É sempre uma prisão de pensamentos e de histórias que os nossos lares contam.
Então e de que vai viver? Quem a vai tratar? Respondeu-me que o centro de dia da terra. E os seus filhos? Não era melhor conversar com eles? Pois eles vêm aí por estes dias, é verdade. E eles disseram-me que ficavam mais descansados, sobretudo à noite, sabendo que estava num lar. Está a ver. Eu se fosse seu filho também ficava mais descansado. Nunca se sabe o que pode acontecer. Mas sofro tanto, senhor prior. Imagino que sim. Mas nada lhe garante que não sofresse mais lá em casa. Ali sempre tem quem lhe faça o que precisa. Comida, higiene, limpezas, medicação. Ora pense lá. Vai fugir e isso não é muito correcto. Devia falar com seus filhos e depois resolver tudo com calma.
Eu nem tinha a certeza se queria que ela fugisse ou voltasse atrás, porque um lar faz-me sempre pensar no lado de lá e no lado de cá. Mas falei pelo menos para o melhor no momento. E com uma lágrima no rosto ela respondeu. Obrigado, senhor prior. Vou voltar atrás. Tem razão. Vou pensar melhor, e vou esperar pelos meus filhos.
Despedimo-nos e, como quase sempre no final destas conversas, voltei para casa confuso. Confuso com a vida e com a minha missão.
domingo, setembro 06, 2009
O motor
Foi com essa genica que veio ao meu encontro antes da missa. Padre, peça pelo meu motor na missa. Eu não entendi e perguntei o que pretendia. Respondeu que queria colocar nas intenções da missa o seu motor. Nem imaginem a contenção do meu riso despregado. Expliquei que não era um pedido comum. Continuou. O malandro, não tem funcionado. Por isso peço ao senhor que faça com que ele funcione. Respondi que o que ele precisava não era da missa, mas do mecânico. Que o levasse a compor. Disse que já o tinha feito e que nada. Trabalhou apenas uns dois dias. Então que comprasse um novo ou que o levasse de novo ao mecânico. Que não. Que era muito caro e naquela idade já não valia a pena. Que já tinha posto duas velas aos santinhos. Ia colocar a terceira. Mas nada. Devem estar distraídos, concluiu. Agora recorria à missa. Só eu lhe podia valer. Faça lá isso, padre, por alminha da sua mãe, que eu preciso do meu motor.
Eu ri da situação. Ela riu de satisfação. Mas o motor ainda deve estar parado. Será que Deus também se riu?
sábado, agosto 22, 2009
Uma noite em Fátima
Estava eu nas minhas respostas do terço quando me tocam no ombro para me afastar. Não entendi logo o que se passava. Mas depressa percebi, quando uma senhora passa a poucos centímetros de mim, a arrastar-se na passadeira. Mesmo que a promessa fosse oportuna, a hora não o era de certeza. Olhei-a bem no fundo dos olhos procurando uma resposta. Curiosamente ela não escondia o rosto. Antes me parecia que gostava de o ostentar. Por isso tive oportunidade de a olhar nos olhos. Mais pessoas foram distraídas da sua oração para dar lugar à promessa. Eu quase que interroguei a senhora. Ainda me inclinei para o fazer. Não tive coragem, ou desfaçatez. Justifiquei-me, imaginando que até podia ser estrangeira e não entender a minha linguagem. Não entenderia, de certeza.
Não consegui rezar mais, porque a cabeça perguntava-me, mil e uma vez, porquê.
Desta vez a promessa foi mais forte que a oração. Quantas vezes é até mais forte que a fé!
sexta-feira, agosto 07, 2009
A comunhão do casamento
Já não era a primeira vez que ouvia uma voz a fazer comentários durante a cerimónia. Não conseguia perceber as palavras. Mas percebia que não eram apropriadas. Fiz sinal com os olhos. Mas não devem ter sido vistos. Nem os olhos nem o sinal.
Chega a hora da comunhão, e como habitualmente, levo aos noivos a comunhão sob as duas espécies, o pão e o vinho. Entrego o cálice ao noivo e explico. Comunga. Passa-me o cálice, volta-se para trás, para o seu público, os convidados, e diz: É boa esta pinga. Desta vez os meus olhos foram mais sintomáticos. Ele sorriu, mas engasgado. Entretanto já a noiva estava a comungar, quando ouço, ou o pai ou o padrinho dele, que não dei bem conta. Devagar, não te engasgues. Não deve ter dado conta dos meus olhos. O pessoal, os convidados, o público, ria-se. Eu fazia esforço para não me irritar e para não me rir. Que confusão! Se calhar devia ter tomado outra atitude. Mas não consegui. Continuei a missa com normalidade. Só no final, no momento das assinaturas, expliquei aos noivos e aos padrinhos presentes, que não tinha sido muito correcto.
Mas enquanto assinavam, eu perguntava-me o que andávamos nós, padres, a fazer com sacramentos de circunstancia.
quarta-feira, julho 22, 2009
Procissões cheias de gente
Já o tenho visto antes da missa, quando vou tomar um cafezinho rápido ao Central. Se for preciso paga-me o café. Ou eu a ele. Não é má pessoa. Mete-se nos copos, mas não incomoda ninguém.
E foi num desses dias que nos encontrámos no Central. Eu corria e bebia o café à pressa. Ele bebia o branquito traçado nas calmas. Eu lembrei. Olhe que a missa hoje é ao meio dia. Ó padre, já lhe disse. Interrompi-o para dizer Não lhe puxa, já sei. Estávamos na nossa conversa habitual do deve ir ou do fazia-lhe bem, ou do então não é amigo de Deus, quando, às tantas interrompe a dita conversa para me perguntar. É verdade, ó padre, hoje tem festa lá em cima, na anexa. Tenho. E a que horas é a procissão? É as três e meia. É boa hora. A ver se não falto, que eu não costumo falhar nenhuma das procissões das festas aqui à volta da terra.
Eu já estava de costas e a sair porta fora quando ele repetiu para o dono do café que não costumava falhar as procissões. Entrei no carro. Não tinha muito tempo para pensar porque estava com pressa de chegar cedo à primeira missa. Mas de facto, temos procissões cheias de gente que não costumamos ver na missa!
sábado, julho 11, 2009
O telefone e os colegas
Não passaram muitas horas quando me liga o colega Y para desabafar. Faz isso muitas vezes. Não aguenta mais. Não consegue celebrar com gosto. Parece que toda a gente o persegue. Não aguenta o celibato. Sente-se só.
Por volta das vinte horas, depois de uma das minhas missas, ligo ao colega Z porque precisava pedir-lhe um favor, combinar com ele umas coisas. Não atende. Ligo segunda e terceira vez. Acaba por ligar ele, cerca das vinte e uma horas. Estava ocupadíssimo. Pediu desculpas. Não sabia se ia dar. Não sabia para onde se virar. E ainda tinha uma reunião às vinte e uma e trinta.
Acabada a nossa conversa e, para cúmulo do dia, liga-me o colega V. Digamos que o telefone, hoje em dia, pode ser o nosso ponto de encontro, o nosso instrumento da fraternidade. Atendo. Que fazes? Pergunta. Eu trabalhava. Sou mais como o Z. Não queres ir dar um passeio amanhã? Insiste. Eu bem queria. Mas amanhã também tinha o dia cheio. O colega V dedica muito tempo ao passeio. Sabe que é saudável ter tempo para isso. Faz lembrar aquelas pessoas que dizem que os padres apenas trabalham aos domingos. Não condeno nem julgo.
Não quero mesmo fazer isso. Mas penso, e aproveito para pensar alto como somos sacerdotes e todos diferentes. Penso igualmente a quem me gostava de assemelhar mais. Penso no modelo ideal do sacerdote. Penso no Bom Pastor. Penso que haveria muita coisa para reflectirmos em conjunto, os bispos, os padres, a Igreja, os cristãos.
Ontem foi um dia de pensar no meu sacerdócio a partir dos colegas.
quinta-feira, junho 25, 2009
O sonho dos funerais
Por isso a minha limitação anda feroz. Em cerca de mês e meio a média dos funerais anda nos três, quatro por semana. Já nem sei o que dizer nas homilias sem repetir-me. Não me apetece escolher leituras. Vou porque não me posso escapar. Durmo e acordo a pensar em funerais. Não dá para imaginar. E tenho de conviver com isso.
E assim ontem aconteceu-me o inesperado. Acordei pelas quatro horas da manhã, assustado, com um sonho estranhíssimo. As coisas que transparecem nos sonhos! Tinha uma arma na mão direita e andava aos disparos. Ora bem, perguntava eu. Quem está para morrer na paróquia? Aquele e aquela? Sim? ok. Ora bem, outra vez. Como amanhã tenho tempo, podemos tratar já das coisas. Pum, pum, trás, trás. Dispara aqui e para ali. Trata-se do assunto numa rapidez de um sonho.
Claro que precisava saber o significado deste sonho e por isso dirigi-me a Deus para obter a resposta. Em vez de ouvir que os mortos sepultem os mortos, como diz lá a Escritura e eu gostava de ouvir, Ele disse-me assim: Eu escolhi-te para levares o Reino de Deus aos homens.
Por isso lá vou eu, que isto de ser padre não é em part-time nem é coisa de sonhos.
quinta-feira, junho 18, 2009
Quem der mais que cinco faltas sem justificar, fica para trás
Fica complicado gerir a boa vontade dos catequistas com a sua formação pedagógica. Nem sempre coincidem. Reconheço. Porém acredito que Deus consegue o que quiser através de quem quiser. Explico a boa vontade daqueles que se oferecem para ajudar a crescer a fé dos filhos dos outros. Disponibilidade. Tempo. A dificuldade hodierna de educar crianças, adolescentes ou jovens. Educar sem magoar. Sem levantar o dedo para admoestar. Cativar sem cartola. Sem coelhinho na cartola. A senhora continua a falar mal da catequista. A razão das faltas do filho é a catequista que exige demais. Marca numa hora que não dá para a mãe do seu filho. Nunca o explicou à catequista. Só se lembrou ao trovejar. Se o me filho não leva o catecismo é porque não o encontra! A mãe está muito atenta, penso para mim.
E depois de uma enxurrada de argumentos, saio em defesa da catequista. Minha senhora, no próximo ano conto consigo para dar catequese.
sexta-feira, junho 12, 2009
sondagem_ “Acreditas na Ressurreição?”
Passados que vão mais de dois meses da última sondagem, e, estranhamente, mais de 2.000 votos, chegou a hora de avaliar a sondagem que estava no lado esquerdo, no sidebar e acrescentar uma nova. A proposta era muito directa:
“Acreditas na Ressureição?”
E os resultados são:
1. não acredito _ 46 %
2. a 100 % _45%
3. acredito, mas não entendo _7%
4. Tenho dúvidas sérias _ 2%
5. não quero pensar nisso _ 1%
_________________________________
pequenas considerações:
- Recordo que retirei 750 votos no dia 17 de Abril, na opção “não acredito” porque a votação aumentara consideravelmente num dia, sem explicação aparente. Não passou muito tempo para que algo semelhante acontecesse, e quase em simultâneo na opção “a 100%”. Deixei ficar como estava. Porém, esmoreceu-se a minha vontade para fazer uma análise a esta sondagem, e deixo a outros as grandes considerações. Saliento e depreendo desta situação estranha que alguém (uma pessoa ou várias) teve interesse particular em fazer ganhar a todo o custo uma das opções. Fica no ar a pergunta: que terá motivado este interesse?
- Em tempos, descobri que nem sempre os ditos católicos acreditam nas verdades fundamentais da sua fé, o que me surpreendeu. Foi por isso que coloquei esta sondagem online. Assim, num estudo de 1995, feito pelo Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa, que abordou o tema “Gerações e valores na Sociedade Portuguesa Contemporânea” verificava-se que na faixa etária dos 15-24 anos, por exemplo, 85,5% diziam acreditar na existência de Deus, mas apenas 84,1% diziam acreditar em Jesus, e quanto à vida para além da morte apenas 43,0%. Já no que toca à Ressurreição o número descia para 37,0%. Hoje essa gente deve ter entre 29 e 38 anos, constituindo a faixa etária que predomina na sociedade. Que pensar disto?
Para mim pode haver diferentes formas de sentir, intuir ou viver a fé ou os dogmas de fé. Mas há coisas fundamentais, sem as quais tudo pode perder o sentido. Para mim a Ressurreição é uma dessas. Acredito a 100% na Ressurreição. Posso até não saber explicar. Mas é ela que dá sentido a tudo o que faço. E não digo mais.
Hoje surge nova sondagem, resultado de alguma preocupação que me tem ocorrido, quer pelo que sinto, quer pelo que me contam que sentem alguns colegas. E a pergunta é:
Na tua opinião, o que causa maiores problemas aos párocos de hoje?
sábado, junho 06, 2009
A lente boa e a lente má
O António tem 65 anos e usa óculos. Pequeninos, bem ao jeito do nariz. Por azar da hora, os óculos andavam um pouco desconjuntados. Mas o sino tocara para a missa. Ainda teve tempo dos cumprimentos habituais na sacristia. Mostrou-me os óculos. Não os troco, que gosto muito deles. São especiais. Vou remendar o que houver para remendar. Quando ia voltar-me as costas, lembrei-me. Olhe, se não houver ninguém, vá ler a leitura. Acenou prontamente que sim. Chegada a hora, lá vai ele sorridente com os óculos na mão. Deita ambas mãos a cada uma das hastes dos óculos e dirige-os para cima do nariz. Porém, quando lá chegam, uma das lentes decide desistir. Cai. Espalha-se em frente ao ambão. O António olha para mim. Rimo-nos. E embora uma das lentes tenha desistido, o António nunca desiste. Se uma lente não quer ler, a outra há-de fazê-lo. E vai um par de óculos para cima do nariz apenas com uma lente. A leitura fez-se na mesma, por entre os sorrisos dos presentes, e o presidente da cerimónia demorou ainda bastante tempo a recompor-se. Raios partam as lentes, pensei. Ups. O que eu pensei! Pelo menos não se partiu a ingrata lente.
segunda-feira, junho 01, 2009
A música litúrgica
quinta-feira, maio 28, 2009
A senhora da unção
Este ano foi ano sim. Tocou-me de forma especial aquela senhora que, na hora em que lhe foi possível, na véspera da festa, como eu lhe chamei, me confidenciou. Estou tão contente, senhor padre. Há tanto tempo que esperava por isto. O mesmo tempo que fez a sua vida. O mesmo tempo que se fez fé. O tempo de Deus na esperança dos homens. Eis o sacramento em que Deus se faz esperança na vida e na doença. Deus está connosco quando parece que nada mais está ou que nada mais conta para nós.
segunda-feira, maio 25, 2009
A queixaria
quinta-feira, maio 21, 2009
O Zé, marido da Rosária
O Zé tem a idade que Deus lhe permite ter e é muita. Mas ainda calcorreia os paralelos da vila. Vinha distraído e eu não quis distrai-lo da sua distracção. Mas como gosto de apreciar, fiquei preso a ele com o olhar, cogitando a fé desta gente. Nisto passa em frente da porta da Igreja, que é logo aqui ao lado. Não entra. Porém, para meu espanto, retira o chapéu da cabeça enquanto passa e coloca-o ao peito. Na hora exacta em que se encontra com a porta, faz aquilo que me pareceu uma genuflexão. Não tocou com o joelho no chão. Mas percebeu-se a intenção. Não deu conta da minha presença. Não precisava. Deve ser um gesto habitual, normal nele. Não entra na Igreja e segue viagem. Vai apressado. Entro em casa a sorrir. Permaneço em frente à minha porta, do lado de dentro, e penso a sorrir. Olha eu que imagino e tudo faço por uma igreja em permanente “Nova Evangelização”, agora recebo este ensinamento de alguém que ainda está preso a um hábito antigo, digo eu. Habituado ao grande respeito pela casa de Deus, pela porta para Deus, pelo próprio Deus. Ainda que de forma algo distante. Ainda que tenha ficado à porta. Ainda que possa ser apenas um hábito. Ainda que, de ensinamento, tenha sido apenas uma proposta à reflexão. Não sei se disse alguma oração. Mas o seu gesto foi para mim uma oração.
Obrigado, Zé
quarta-feira, maio 13, 2009
O casamento depois de dez anos casados
Hoje o Afonso, a Teresa, o Tiago e o mais novo vivem, por acaso do destino, numa das minhas paróquias e tivemos oportunidade de nos reencontrar há dias. Queriam baptizar o mais novo. E queriam também confidenciar, dialogar e saber o que pensaria se eles quisessem casar pela Igreja. Eu fiz o mesmo que uns anos atrás. Deixei que tomassem eles a decisão de forma consciente. Perguntei do Afonso, de Deus na vida do Afonso. Respondeu-me o próprio que ainda precisava de caminhar mais, mas que neste momento Deus já lhe era algo importante. Não foi preciso muito. A papelada fez-se com serenidade. A cerimónia também. Nada de embrulhos. Eu sabia sobretudo o que ia na cabeça feliz da Teresa. Mas não resisti a perguntar na homilia o motivo de só agora, passados dez anos, terem optado pela sua união com a bênção de Deus. A Teresa olhou o Afonso. Este não teve meias medidas. Falou abertamente. Já somos uma família. Mas queremos constituir uma família cristã.
Of course que obriguei os presentes, que não eram muito mais que uma vintena, a perceber o que havia sido dito. Repeti-o e iniciei uma salva de palmas à verdade daquele casamento.
Hoje, cada vez que um casal, daqueles que não estão casados pela Igreja, me pede o baptismo de um filho, fico à espera de rever a família do Afonso, da Teresa, do Tiago e do Mateus.
sábado, maio 09, 2009
Quinze maçãs especiais
terça-feira, maio 05, 2009
O Braço direito de um padre
Apetecia-me dizer uns quantos nomes. Mas vou apenas dizer obrigado.
quarta-feira, abril 29, 2009
O colarinho branco
No meio da música que se ouvia na rádio, esbocei primeiro um sorriso, depois um gesto de afago, e por fim, aproveitei. Não se trata de um colarinho. Só faltava chamar-lhe coleira. Rimos pelo colarinho e pela coleira. Chama-se cabeção. Os outros que iam na carrinha aumentaram a dose de gargalhadas. Cabeção por causa das cabeças dos padres serem grandes? E continuavam troçando do assunto. Eu também quisera troçar do assunto, porque habitualmente possuo relutâncias com ele, como se um hábito fizesse o monge, ou um adereço fizesse adivinhar a postura da pessoa. Costumo achar que as pessoas são o que vivem e não o que vestem. Mas reconheço igualmente que a forma como cada um se apresenta explica a sua pessoa ou personalidade. Só não o faz ser como se apresenta. Sabem, existe dentro de mim um misto de repugnância e pena por aqueles que me parecem querer ser reconhecidos como padres porque usam um cabeção ou uma batina. Esta ainda me faz mais confusão. Há dias soube de uns indivíduos que entraram num autocarro de batina em direcção a Fátima. Captaram sobre si as atenções e a gentil atenção de alguns. Porém, de padres apenas tinham o hábito. Por tudo isto evito estes assuntos. E tento compreender, aceitar, respeitar quem não usa a roupa como eu, ou pensar que quem usa o cabeção o faz como sinal e não como desejo de se fazer parecer.
Assim limitei-me a explicar à Cláudia e ao resto do pessoal que a Igreja propunha alguns andrajos como adequados à situação sacerdotal. O Código de Direito Canónico fala de uns andrajos simples e discretos, de cores com os mesmos adjectivos acinzentados. Por isso tínhamos de concordar com quem se vestisse assim. Até expliquei que podiam tornar-se oportunos em determinadas ocasiões, como em lugares com pró-formas. Mas, ó padre, nós gostamos de ver que o padre é um de nós, que vive como nós e não à parte e que com isso nos leva ao essencial. Eu disse Pois, para concordar até certo ponto. Porque o padre tem de ser sempre sinal, não de diferença, mas da diferença de Deus. Até certo ponto também se calaram. Mas a Cláudia não. Padre, mas as cores que o senhor veste não serão sinal da alegria e do amor de Deus? Isso do cabeção, da batina e das cores acinzentadas não faz parecer Deus alguém que está triste?
quarta-feira, abril 22, 2009
Esta é para ti, Diana, parte II
Claro que as quatro ou cinco perguntas que fez com o mesmo rumo me deixaram descalço. Por isso encolhi as pernas e fiz uns raciocínios que há tempos venho fazendo, porque sem dúvida que este é um dos enigmas maiores da humanidade, mais incómodos e sombrios. Não é por acaso que a maioria dos doentes, nos ditos países mais desenvolvidos, morrem nos hospitais. Ninguém os quer em casa.
Apeteceu-me responder que com a dor descobrimos o sabor da não dor. Era um raciocínio algo lógico, mas superficial. Por isso avancei essa parte, para encontrar sentido no que queria dizer.
Encarei-a de frente e disse. Diana. Repeti. Diana. Sofremos, porque somos frágeis e limitados. Não somos deuses e senhores da vida. Somos apenas seus administradores. E sabias que isso pode fazer-nos reconhecer a necessidade de Deus? Por sermos limitados, mais facilmente aceitamos que os outros tenham limitações, o que nos põe em pé de igualdades. Não somos superiores a ninguém. Na dor e na morte somos todos iguais. Não há capacidades, bens, riquezas, poderes que lhes resistam. Por sermos limitados, mais facilmente nos sentimos necessitados dos outros. Entendes como a dor pode melhorar os relacionamentos entre as pessoas? Evitar guerras? Evitar conflitos?
Sofremos para nos aproximarmos mais de Deus. Porque nos sabemos, como já disse, necessitados de Deus. Repeti este raciocínio de propósito. Os auto-suficientes não precisam nem dos outros nem de Deus. O sofrimento tem a capacidade de nos fazer descobrir o que é essencial na vida, como tu sabes melhor que eu. Quem melhor do que aquele que sofre para saber o que vale a e na vida!
Incrível como Deus sempre fez com que, no mundo, as coisas grandes se fizessem com as coisas mais frágeis! Incrível como o sofrimento tem a capacidade de nos fazer Viver.
sexta-feira, abril 17, 2009
Ele disse que tinha utilizado um preservativo
A malandrice do Tó passou a ser mais que malandrice, uma curiosidade. Mas a Igreja condena o preservativo, não é? Falemos antes em magistério da Igreja, amigo, porque tanto eu como tu somos Igr. Digo-te, para já, que concordo com a teoria de que o preservativo, por princípio e por norma, é de condenar. Ò padre, interveio ele, olhe que há bispos que já dizem coisas mais prá frente. Ó Tó, se calhar dizem exactamente o mesmo que eu. Assim como me parece que as opiniões que têm originado muitas confusões, não serão muito diferentes umas das outras. A Igreja, magistério, tem sempre de apontar o caminho ideal. Eu penso que não deve desviar-se nem um milímetro. E depois deve considerar que nem toda a gente sabe pisar esse caminho, mas que são pessoas na mesma, criadas com o mesmo amor de Deus. Explico. A atenção e o acolhimento de cada pessoa humana estarão sempre em primeiro lugar no projecto de Deus. Assim ensinou Jesus com a Sua vida. Podemos condenar o pecado, mas não o pecador. As atitudes e opções, mas não quem as faz. A fragilidade, mas não a pessoa frágil. E ainda fica salvaguardada a consciência de cada um. Presumo que assim seja também o entendimento dos bispos e dos que orientam a Igreja.
Mas pensemos de novo no preservativo em si. Já ouvi muitas vozes da Igreja, magistério, afirmar que o uso deste contraceptivo poderá será a única solução para um casal em que um dos dois tenha essa doença da Sida. Ou então a abstinência. Porém, como todos sabemos seria anti-natura que um casal não usufruísse desse momento que é o mais belo e o mais íntimo de um casal, a relação sexual. Concordo sem problemas morais. Porque o que está em causa é o amor de duas pessoas que se entregaram uma à outra numa verdade de amor.
A minha opinião sincera é que tudo requer uma situação e um contexto próprios. Também o uso de preservativos. Custa-me que ele seja badalado para o uso incorrecto do amor. Explico. A maior parte das vezes serve como álibi para cada um fazer o que bem lhe apetecer, para cada um tirar o máximo de partido do prazer. Não que o prazer seja mau ou condenável. Mas que em primeiro lugar se badale o amor e a fidelidade. O problema do preservativo não está em si, mas na raiz do problema da nossa sociedade. Usa-se e abusa-se do outro e descarta-se, como o preservativo. Não se ama. Usa-se. Usa-se o preservativo não para proteger, mas para poder descontrolar-se. Usa-se para poder ter os parceiros que se quiser, mas não para amar. A campanha contra a Sida devia incentivar mais esta forma de encarar o sexo. Dentro do amor e da fidelidade, tudo é explicável. Fora, poderá ser a forma mais fácil de encarar o problema. A Sida é um problema. Grave. Duro. Sofrido. O preservativo poderá ser uma forma de a combater. Sem dúvida que o é, ainda que não a 100%. E até de outras doenças venéreas. Mas que não seja a desculpa para um falso amor, ou utilização plural do corpo. Hoje uma ou um e amanhã ou daqui a nada outra ou outro.
quarta-feira, abril 08, 2009
Esta é para ti, Diana, parte I
Escusado será dizer que me lembrou as vezes que complicamos a vida, sem necessidade e presos a um passado que nos faz resistir à própria vida. Ela sabe o que é necessário viver. Tenho-a recordado que o importante não é o tempo que vivemos, mas a intensidade com que se vive. Faz uma vida normal, naturalmente. O que a natureza permite. Quando me procura julga que eu a ensino muito. Mas é sobretudo ela que me ensina. Porque vive num limite em que é Deus que comanda e não os homens.
quinta-feira, abril 02, 2009
sondagem_ “Preocupas-te em cumprir ou viver o que é aconselhado na Quaresma?”
“Preocupas-te em cumprir ou viver o que é aconselhado na Quaresma?”
E os resultados são:
1. sou indiferente _ 34 %
2. sim, mas a 50 % _32%
2. sim, a 100 % _23%
4. pouco, 25% a 50% _4%
5. o que é isso? _ 2%
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pequenas considerações:
- Suponho que para a escolha da opção mais votada devem ter contribuído alguns penitentes que não são católicos nem se sentem obrigados a viver a Quaresma. No entanto, e já o previa, devem existir muitos católicos para quem a vivência da Quaresma é algo indiferente. Não acrescenta nem tira nada à sua fé. Das duas, uma: ou deixaram de se interessar pela vivência apenas tradicional de alguns preceitos da Igreja, ou tencionam viver uma forma de cristianismo longe de algumas vivências úteis e se calhar imprescindíveis à fé. Independentemente desta consideração, o facto desta opção ter sido a mais votada deixa-me alguma preocupação. Até que ponto as propostas da Igreja são válidas ao caminho de fé daqueles que pretendem fazer uma caminhada quase individual e onde o relativismo se torna norma?
- A segunda opção não me faz pensar em nada a não ser que desejava que tivesse sido a mais votada. Perguntar-me-eis porquê e eu responderei que no meio está a virtude. Ou dito de outra forma: quase ninguém consegue ser a 100 % e seria normal a escolha; e o patamar dos 100% pode parece que já não há necessidade de fazer caminho.
- Apesar da afirmação que fiz na anterior consideração, é óbvio que me congratulo imenso com aqueles que conseguiram votar na opção "a 100 %". Perguntar-me-eis se não estou a entrar em contradição, e eu direi que uma coisa é aquilo que eu acho mais plausível e outra o ideal de vida. Quem conseguiu chegar a este patamar, está de parabéns.
- Aos que escolheram a 4ª e a 5ª opção, remeto-os para um post anterior que responde à pergunta “Para que foi inventada uma Quaresma?”.
Com os olhos postos na Páscoa e naquilo que deve ser a raiz da nossa fé, hoje surge nova sondagem. E a pergunta é muito simples e directa:
Acreditas na Ressurreição?
quinta-feira, março 26, 2009
Deus não escolhe os preparados
Iniciam-se as tarefas ou serviços pretendidos. Os tais paroquianos tornam-se alvo de comentários, uns bons outros maus, sobretudo na base do porque é que foram escolhidos. Porque sim ou porque não. Se são bons ou não. Se são as escolhas acertadas. Para mim são apenas as escolhas aceites. Mas há quem não pense assim, ou melhor, que pense contra. São as vozes daqueles que confundem a perfeição com a vida e transportam para os outros as suas inércias ou limitações ou recalcamentos. A voz de uma dessas senhoras confrontou-me directamente. Ao menos foi corajosa e não foi, como muitas outras vozes, apanágio do falar nas costas. Insistiu imenso que a pessoa tal tinha sido um tamanho erro sem perdão Respondi-lhe, como em tempos alguém me dizia. Para fazer do mundo um jardim, devemos concentrar-nos em fazer do nosso um belo jardim. Quando todos assim fizerem o mundo poderá tornar-se um belo jardim. Mas como teimamos em apontar erros aos jardins dos outros, sobra-nos pouco tempo para nos dedicarmos ao nosso. Ela firmou a sua posição com O senhor padre diz isso porque o erro da escolha foi seu. Com a mesma coragem e firmeza com que ela falou, eu respondi. Deus não escolhe os preparados. Prepara os escolhidos.
sábado, março 21, 2009
Para que foi inventada uma Quaresma?
Não sei se elas entenderam. Mas pelo menos não me fizeram mais perguntas. Talvez as tenham feitas a elas próprias depois.
quarta-feira, março 18, 2009
A morfina da ti Maria
sexta-feira, março 13, 2009
A medida do padre
segunda-feira, março 09, 2009
Um erro não é a vida
Senhor António, as pessoas exigem que resolvamos os assuntos paroquiais à maneira humana. Um tribunal. Para um lado os bons e para o outro os maus. Vencer os maus. Derrotá-los. Mostrar quem manda. Mas eu sou padre e portanto deveria ser um homem de Deus, fazer como Deus. Jesus escrevia no chão enquanto à sua volta queriam apedrejar a pecadora. Jesus queria mudar o coração da pecadora e dos outros, tão pecadores como ela. Não pretendia julgar pura e simplesmente. Acho que posso afirmar que a Sua intenção nunca foi a de definir o mal e o bem, ou indicar o que é mal e o que é bem. A Sua intenção era transformar o mal, construir o homem novo a partir de dentro, a partir do coração do homem. Por isso foi chamada da maior revolução, porque não era exterior. E por isso fico baralhado quando me exigem que não faça como Ele. Quando esperam, ou melhor, anseiam, que faça sangue, que faça sofrer quem fez sofrer a paróquia ou o seu pároco. Por muito que às vezes tivesse vontade de o fazer, não consigo. Não tem a ver com aquilo que eu sinto de Deus.
quarta-feira, março 04, 2009
Olha que o senhor padre bate-te
Não digo agora o que me apeteceu naquela hora fazer à tia. Mas sempre posso dizer que naquele dia aprendi porque é que as pessoas desde cedo começam a ter aversão pelos padres, e porque é que os rapazes desde cedo excluem a possibilidade de irem para padres.
sexta-feira, fevereiro 27, 2009
sondagem_ “Pede um desejo para a Igreja Católica em 2009”
“Pede um desejo para a Igreja Católica em 2009”
E os resultados são:
1. + coerência entre fé e vida _29%
2. + verdade _15%
2. + adaptação às realidades _13%
4. + formação _12%
5. + oração _ 9%
6. + vocações _ 9%
7. + compromisso cristão _ 8%
8. + fé e - religiosidade _ 3%
9. + fraternidade _ 2%
10. - moralismos _ 2%
pequenas considerações:
- Eu também votei na opção que mais votos arrecadou (+ coerência entre fé e vida), porque me parece que o principal problema dos católicos é exactamente não levarem a fé para a vida, reduzindo esta a meras formalidades, rituais ou tradições. Também me parece que os católicos geralmente não pensam ou sentem como tal. Não raras vezes se descobre que há muitas coisas e ideais propostos pela fé que não interessam aos que se afirmam católicos. No que se refere aos sacramentos, nem vale a pena fazer referência.
- Não entendo o motivo da segunda escolha (+ verdade). Procurei perceber em quê, mas sobraram-me muitas outras questões, como: Mais verdade nos conceitos ? Mais verdade naquilo que se diz com o que se faz (mas isto seria o mesmo que a 1ª opção)? Menos mentiras de quem se diz cristão ? Porém, a única verdade é Cristo e essa não pde ser mais verdade. Espero que alguém me elucide mais.
- A terceira opção (+ adaptação às realidades) faz-me pensar na inculturação que eu tanto gosto, porque imagino Deus como um ser que se aproxima de nós como somos e não como alguém idealiza; faz-me pensar na « Nova Evangelização » que falava João Paulo II; faz-me pensar naquela mensagem sempre nova que é o Evangelho.
- A Formação (+ formação) é essencial para que a nossa fé seja mais coerente e mais consistente. Só ama quem conhece a pessoa que ama.
- A oração (+ oração), as vocações (+ vocações) e o compromisso cristão (+ compromisso cristão), para mim, são como que consequências da nossa fé ou paixão por Cristo. Quem ama dialoga. Quem ama entrega-se total e/ou responsavelmente, se for necessário. Quem não chegou ainda a este patamar da fé ou do amor, como pode rezar ou consagrar-se ou comprometer-se?
- Suponho que a opção “+ fé e – religiosidade” ou não foi bem interpretada ou foi sentida como uma repetição da opção vencedora. Estranhei a sua percentagem.
- A Fraternidade (+ fraternidade) é essencial aos católicos, pois são a comunidade dos discípulos de Cristo. Não podem viver individualmente. Porém, também estranhei que tivesse pouca percentagem, porque conheço bem a forma como nos tratamos uns aos outros de forma sistemática. Perdoem estas estranhezas. De facto, não podiam todas as opções receber as mesmas votações.
- Para meu regozijo e, ao mesmo tempo, nova admiração, “- moralismos” foi a última opção. Numa época histórica em que a normal moral quase se reduz ao que eu desejo porque sou livre para o fazer, fiquei admirado que esta não fosse das principais opções. Quer-me parecer que os meus penitentes são gente que tem a sua opção moral bem definida.
Com os olhos postos neste tempo litúrgico da Quaresma, hoje surge nova sondagem. Tendo em atenção que a Igreja nos pede ou aconselha algumas coisas para vivermos ou cumprirmos nesta época, nomeadamente Jejum e abstinência, Esmola, Oração, Leitura da Palavra de Deus, Sacrifícios, Penitência, Confissão, Retiros, Conversão, entre outras, responde às seguinte questão:
Preocupas-te em cumprir ou viver o que é aconselhado na Quaresma?
quarta-feira, fevereiro 25, 2009
Não estás nunca sozinho
Posso garantir-vos que olhei na sua direcção umas duas vezes. Não mais, porque não precisava olhar para lá para saber que não estava sozinho naquela montanha que tinha de escalar. Para a escalar tive de suster algumas lágrimas, esconder algumas vezes o rosto de quem tinha calçadas umas botas com o rasto gasto e escorregadias para subir a montanha. Mas não vou esquecer as palavras que ouvi naquele dia e que me disseram Não estás nunca sozinho.
quarta-feira, fevereiro 18, 2009
Eram só mais quinze
sábado, fevereiro 14, 2009
Um colega que deixa de o ser e as consequências
Mas o que mais me indigna é que muitos desses rádios volantes fazem parte do grupo daqueles que condenam o celibato. Os padres deviam casar! dizem. Têm uma opinião muito aberta sobre assuntos de igreja. São progressistas. Tão progressistas, que na hora do assunto ser real, exclamam: É um escândalo! E alimentam as telenovelas e as histórias, aquilo que é verdade e aquilo que é fruto da imaginação. E depois ainda metem todos no mesmo saco. Aquele também já tem noiva. E aquele. Qual é o padre que não tem várias candidatas a viver em sua casa!
E a mim só me faltava possuir parcas semelhanças com o colega que vai deixar de o ser.
Ora bolas, não me chegava o celibato!
domingo, fevereiro 08, 2009
Estou?
Há dias aconteceu assim na igreja. Não foi por mal. A pessoa não tem essa maldade dentro de si. Dartacão dartacão. O telemóvel tocou a primeira vez durante a homilia, e saiu disparado porta fora. Como saiu dos primeiros bancos, quase todos os olhos dentro da igreja o seguiram, inclusive os meus. Da porta entreaberta três vezes se ouviu Estou? Mas depois voltou. Com certeza não estava. Perto do final da missa, a mesma melodia se ouviu. Dartacão dartacão. O senhor é pessoa para não saber desligar o telemóvel. Alguns colegas acham oportuno colocar um desenho de um telemóvel com uma cruz por cima, à porta da Igreja. Eu costumo pensar que o comum das pessoas sabe que há ocasiões em que o telemóvel deve estar desligado ou em silêncio. Mas aquele senhor é do grupo de pessoas que não faz por mal. Usa o telemóvel porque toda a gente usa. Porque é preciso usar. E isso não significa que toda a gente saiba usar. Vai daí, e porque já estava cansado de sair da Igreja, atendeu logo ali. Estou? Se até àquela ocasião, os olhos só procuravam o senhor, agora os olhos dentro da igreja riam e murmuravam. Eu ri e abanei a cabeça. Mais em sinal de estupefacção do que desaprovação. Estava sentado, ainda na acção de graças. Por isso, tive oportunidade de pensar na pergunta que o homem do telemóvel fizera. Será que quando estamos na Igreja, estamos mesmo?
quinta-feira, fevereiro 05, 2009
Estava saturado de estar saturado
A conversa ocorreu ao telefone e desliguei para falar pessoalmente com o padre Y. É um pouco mais novo que eu. Não sei como vou entrar em sua casa. Mas estas conversas são de casa e não de rua ou fios de telefone.
Porém ao virar costas lembrei o que há dias dizia a umas senhoras da paróquia. Às vezes apetece-me adoecer para passar umas férias no hospital. Ao menos nessa ocasião as pessoas aprenderiam a viver com aquilo que se pode e não com aquilo que gostam de ter ou da forma como gostam de ter.
domingo, fevereiro 01, 2009
Nem uma palavrinha de agradecimento, parte III
Deu-me um abraço e passou a fazer arranjos de flores muito mais bonitos.
Se querem saber, há dias elogiei-lhe não só o arranjo de flores como o seu arranjo com o rímel. Porque sim, porque estavam mais bonitos e sinceros.
quinta-feira, janeiro 29, 2009
Nem uma palavrinha de agradecimento, parte II
Servir na Igreja, minha amiga, é um direito e dever de cada um. E o serviço deve ser só isso, serviço gratuito. Todo o cristão deve ser activo, e tem um “lugar” a cumprir na comunidade. Não peça agradecimentos. A mim. Aos outros. A Deus. Faça-o como verdadeiro serviço. Acho que não gostou da palavra serviço, porque saiu porta fora sem dizer sequer Vou-me embora.
domingo, janeiro 25, 2009
Nem uma palavrinha de agradecimento, parte I
quarta-feira, janeiro 21, 2009
Meu Deus, porque me abandonaste?!
E pergunto. Porque me custa tanto celebrar funerais?! Porque tenho tanta fragilidade nestas ocasiões, Senhor?!
sábado, janeiro 17, 2009
A homilia da Paula
Ouvi e ouvi. Também ela se repetia insistentemente. Mas não berrava. Eu bem sabia que assim era. Ainda há dias numa sondagem verificávamos que as homilias têm sido descuidadas por muitos padres. Mas eu tinha de ensinar à Paula que a missa não é o padre e que a homilia é a mensagem de Deus actualizada. Se calhar ia usar a oportunidade errada. Mas não resisti e fui dizendo. Não devemos nunca confundir a mensagem com o mensageiro. Trata-se de uma voz. Nada mais. Uma voz entre outras. Aliás, a voz é um conjunto de sons que servem para comunicar uma mensagem. Sabes o que sucede depois à voz? Desaparece. Só fica mesmo a mensagem. O mensageiro pode ser rasca, deixar-nos à rasca, mas a mensagem será sempre uma Boa Notícia se for a mensagem do Evangelho. A mensagem será sempre a mesma. O resto pode variar. Isto serve para perceberes que a mensagem é que importa e que os que a transmitem são menos importantes. Aliás, isto também serve para nós, os mensageiros, percebermos que não devemos ter veleidades nem nos confundirmos com a mensagem ou a distorcermos. Eu falava, falava. Não berrava, não. E pensava que lhe estava a ensinar algo importante. De facto estava. Mas ela interrompeu-me para dizer. Ora aí está. O mensageiro não deve distorcer a mensagem.
terça-feira, janeiro 13, 2009
Hoje foi daqueles dias
sexta-feira, janeiro 09, 2009
O céu e o inferno, parte III
A reunião demorou muito mais que o previsto. Quando eu esperava que o resto dos presentes virassem olhares e caras, cruzassem as pernas duas e três vezes ora para um lado ora para outro, abrissem a boca por detrás da cova da mão, fizessem ruídos da forma como pudessem, afinal o silêncio recortava-se apenas pela minha voz e pela do pai do Diogo. Ora um ora outro. Reconheço que a minha se fazia ouvir mais. Não porque eu berrasse, mas porque demorava mais tempo e usava mais palavras. Geralmente as respostas são mais longas que as perguntas quando as perguntas são perguntas de vida. Quando são apenas de coisas supérfluas, pode bastar um sim, um não ou um talvez.
Mas porque é que uns vão para o céu e outros não? Qual o critério de Deus?
O problema está em pensarmos Deus como um juiz à maneira humana. Ele não julga, premiando ou castigando. Ele acolhe quem O quer e acolhe de maneira diferente quem não O quer. Por isso o céu e o inferno não são negociáveis. Deus deixa-nos livres nas nossas opções. Se O abandonarmos, se prescindirmos Dele, se nos afastarmos Dele, Ele não impedirá que o façamos. Deus criou-nos livres. Ele não te abandonou nem abandona. Ele deixa que decidas se O queres amar. Fazem assim os pais verdadeiros. Ele é pai verdadeiro. Se o abandonaste, terás de viver com esse abandono. Depois é uma questão de sentires ou não sentires o Seu amor. Isso será a forma de se ter céu ou inferno.
domingo, janeiro 04, 2009
O QDP da Nanda
sábado, janeiro 03, 2009
sondagem_ “Pede um desejo para 2009”
“Pede um desejo para 2009”
E os resultados são:
1. + Justiça _33%
2. + Saúde _15%
2. + Fé _15%
4. + Amor _15%
5. + Esperança _ 9%
6. + Paz _ 7%
7. + Cultura _ 3%
8. + Dinheiro _ 1%
9. + Descanso _ 1%
10. + Diversão _ 0%
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pequenas considerações:
- Realço que foram valores cristãos o mais pedido. A metade inferior da tabela não se refere a valores e acabou por ficar constituída por “cultura”, “dinheiro”, Descanso” e “diversão”.
- Fico com alguma alegria ao verificar que o “dinheiro” e a “diversão” não são consideradas como essenciais para 2009. E embora se fale tanto em crise económica, os meus penitentes preferem outros bens mais essenciais.
- Não consigo perceber o porquê da justiça ter ficado em primeiro lugar. Pode ter-se dado o caso de ter havido alguém que votou várias vezes nela. Mas isso não se considera agora. Pensarei que se trata de um pedido para que haja mais igualdade de oportunidades.
Hoje surge nova sondagem, ainda a pensar no ano 2009. Enquanto na anterior sondagem, a proposta prendia-se a coisas pessoais, a desejos e anseio pessoais, esta prende-se, de uma forma altruísta, aos outros. Tendo em atenção que a Igreja Católica somos nós, o conjunto dos católicos, e não somente uma estrutura organizada hierarquicamente, que desejas, anseias e sonhas, ou gostarias que melhorasse ou mudasse na nossa Igreja em 2009? Por isso desta vez surge a seguinte proposta:
Pede um desejo para a Igreja Católica em 2009