Os funerais têm o condão de me tirar do sério. Eu acredito intensamente na Ressurreição, no valor do sofrimento, e também não sou insensível à dor e ao outro. Mas os funerais tiram-me do sério. Quando me questionam sobre o que me custa mais na minha missão sacerdotal, digo sem hesitação, que é presidir aos funerais. Por muitos motivos. Inclusive porque me desorganiza a vida, os esquemas, os projectos de trabalho ou descanso para cada dia. Mas sobretudo porque não encaro com facilidade o rosto, as palavras, as atitudes, os gritos, as lágrimas, de quem sofre a partida das pessoas amadas. Coloca-me o coração ao rubro. Parte-se-me tudo, mesmo quando evito contacto claro com essas pessoas. Daí que use muito a homilia para me aproximar deles. Trata-se da minha limitação, e pronto.
Por isso a minha limitação anda feroz. Em cerca de mês e meio a média dos funerais anda nos três, quatro por semana. Já nem sei o que dizer nas homilias sem repetir-me. Não me apetece escolher leituras. Vou porque não me posso escapar. Durmo e acordo a pensar em funerais. Não dá para imaginar. E tenho de conviver com isso.
E assim ontem aconteceu-me o inesperado. Acordei pelas quatro horas da manhã, assustado, com um sonho estranhíssimo. As coisas que transparecem nos sonhos! Tinha uma arma na mão direita e andava aos disparos. Ora bem, perguntava eu. Quem está para morrer na paróquia? Aquele e aquela? Sim? ok. Ora bem, outra vez. Como amanhã tenho tempo, podemos tratar já das coisas. Pum, pum, trás, trás. Dispara aqui e para ali. Trata-se do assunto numa rapidez de um sonho.
Claro que precisava saber o significado deste sonho e por isso dirigi-me a Deus para obter a resposta. Em vez de ouvir que os mortos sepultem os mortos, como diz lá a Escritura e eu gostava de ouvir, Ele disse-me assim: Eu escolhi-te para levares o Reino de Deus aos homens.
Por isso lá vou eu, que isto de ser padre não é em part-time nem é coisa de sonhos.
Por isso a minha limitação anda feroz. Em cerca de mês e meio a média dos funerais anda nos três, quatro por semana. Já nem sei o que dizer nas homilias sem repetir-me. Não me apetece escolher leituras. Vou porque não me posso escapar. Durmo e acordo a pensar em funerais. Não dá para imaginar. E tenho de conviver com isso.
E assim ontem aconteceu-me o inesperado. Acordei pelas quatro horas da manhã, assustado, com um sonho estranhíssimo. As coisas que transparecem nos sonhos! Tinha uma arma na mão direita e andava aos disparos. Ora bem, perguntava eu. Quem está para morrer na paróquia? Aquele e aquela? Sim? ok. Ora bem, outra vez. Como amanhã tenho tempo, podemos tratar já das coisas. Pum, pum, trás, trás. Dispara aqui e para ali. Trata-se do assunto numa rapidez de um sonho.
Claro que precisava saber o significado deste sonho e por isso dirigi-me a Deus para obter a resposta. Em vez de ouvir que os mortos sepultem os mortos, como diz lá a Escritura e eu gostava de ouvir, Ele disse-me assim: Eu escolhi-te para levares o Reino de Deus aos homens.
Por isso lá vou eu, que isto de ser padre não é em part-time nem é coisa de sonhos.