Avistei-o do altar. Destacava-se pela altura acima da média e pela tez morena. Estava no terceiro ou quarto banco. Intrigou-me a postura, o entoar dos cânticos com o coro, a forma de se ajoelhar e de estar atento às leituras. Como Deus não me dotou de larga visão, desenhei-lhe apenas estes gestos e atitudes que também se destacavam dos outros participantes na Eucaristia. Só quando a visão e a proximidade me permitiram desenhar mais que isso, descobri que era o Coimbra, o Coimbra que se ordenara no mesmo dia que eu e que, após ter abandonado o sacerdócio com uma filha no colo e uma esposa no abraço, já não via há anos. Viera porque era missa de sétimo dia de uma pessoa que lhe era querida. No final veio à sacristia dar-me um abraço. Gostei tanto de ver o Coimbra! Gostei sobretudo de perceber que se mantém o mesmo. Que se afastou do sacerdócio, mas não de Deus e da Igreja. Que a sua fé genuína continua lá. Lá onde Deus e homem se encontram, no coração do Coimbra.
Apetecia-me dizer Afinal um dia padre, padre todos os dias. Mas prefiro dizer que gostei muito de ver assim o Coimbra.