Passados que vão mais de 57 dias da última sondagem e 517 votos, chegou a hora de avaliar a sondagem que estava no lado direito, no sidebar. A questão era:
Para ti quais os principais e reais motivos que levam uma mulher a desejar um aborto?
E os resultados são:
1. Agora não da jeito _30%
2. A criança é de outro _23%
3. Não tenho condições _12%
4. Perco o emprego _11%
5. Fui violada _10%
6. Sou ainda muito nova _4%
7. Serei mãe solteira _4%
8. A Criança é deficiente _3%
9. Corro risco de vida _3%
10. Tenho muitos filhos _0%
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algumas considerações:
1. Sem dúvida que esta sondagem é difícil de analisar, dado que as abordagens actuais nos diversos órgãos de Comunicação Social, blogues, e nas opiniões públicas ou de campanha impedem uma avaliação livre e imparcial, ou pelo menos, condicionam-na. Tentarei fazer uma análise desprendida, sabendo, no entanto, que será sempre fruto das minhas opiniões pessoais e da minha forma de entender a Vida Humana.
2. A opção que vence nesta sondagem e a larga margem com que vence, AGORA NÃO DÁ JEITO, traduz, por si, aquilo que se pretende com este referendo, e que na minha opinião, é liberalizar o aborto, permitindo que a mulher, por qualquer motivo, incondicional e livremente, possa optar pela realização do aborto. A verdade é que, independentemente das razões que a levem a tal opção, ela poderá fazê-lo sem motivos, no mínimo, dramáticos e limites. Porque é que terá sido esta a opção mais votada?!
3. A segunda opção, A CRIANÇA É DE OUTRO, parece-me menos real. Eu, pelo menos, não quero acreditar que a maioria das mulheres tenha relações sexuais com mais do que um parceiro ou que seja adúltera com facilidade. Isso não abonaria muito as mulheres.
4. O que é NÃO TER CONDIÇÕES? Serão económicas, psíquicas, relativas ao emprego, à família, à educação, à habitação? Haverão, de facto, condições que justifiquem uma opção destas? E as condições das crianças? E se não há condições para ter a criança, não seria melhor o Estado, juntamente com todas as Instituições, procurar encontrar outras soluções que criem condições à mulher e às famílias?
5. PERCO O EMPREGO. Eu sei de gente que ou perdeu ou esteve para perder. Isso tem implicações com a emancipação da mulher. Mas o problema está, a meu ver, no estado que permite isto e que, porque economicamente está em graves dificuldades, coloca em primeiro objectivo a produção e não o incentivo à melhoria de competências e de possibilidades.
6. A quinta opção não me parece ser muito actual: FUI VIOLADA. Posso estar enganado, mas hoje em dia não acontecem tantas violações. Se, como alguns afirmam, são aos milhares os abortos, não são aos milhares as violações.
7. Relativamente à sexta e sétima opções, SOU AINDA MUITO NOVA e SEREI MÃE SOLTEIRA, é certo que os adolescentes e os jovens começam a sua sexualidade activa demasiado cedo, e pode acontecer que uma gravidez irresponsável aconteça. Batemos na tecla da educação. A educação hoje em Portugal é deficitária, quer no seio da família, da escola, ou até da Igreja. Todos devíamos encetar esforços no sentido contrário. Mais me parece que as jovens que o fazem, nestes casos, fazem-no mais por pressão de outros, pais, namorados, colegas, que por elas próprias. Fazem-no sem saber das consequências. Fazem-no porque parece mais fácil. Mas será? E caso, o Sim ganhe dia 11, que dizer daquelas jovens que, por não terem atingido a idade adulta (18 anos) pretenderem abortar? Parece-me que a lei vai ter que sofrer muitas mais alterações.
8. Houve poucos votos para as opções A CRIANÇA É DEFICIENTE, CORRO RISCO DE VIDA e a TENHO MUITOS FILHOS obteve apenas um voto. Preocupa-me que as opções menos votadas tenham, em muito, a ver com a lei vigente actualmente em Portugal. Não quero, com isto, dizer que sou ou não a favor desta lei que contempla os casos de violação, de crianças deficientes, de saúde e risco de vida. Mas parece-me, sinceramente, que o que se pretende é muito mais que aceitar situações limites na lei. Se calhar, como alguém dizia, os valores estão mesmo a inverter-se em Portugal. O individualismo e o facilitismo imperam (como víamos em sondagem há uns tempos atrás)
9. Tudo isto faz pensar, assim como o facto de em, pelo menos 30 anos, não ter sido condenada à cadeia nenhuma mulher; ou que em Portugal, segundo a lei, quem destruir um ninho de ovos de uma águia pesqueira é punido com uma pena até três anos de prisão porque está em extinção, e que o embrião (independentemente da semana em que se encontra) pode receber heranças deixadas em testamento; ou que a lei que está por detrás do referendo não prevê nenhum acompanhamento psicológico, nem tempo possível para tal, à mulher que aborta… Todas as questões levantam mais questões. Por isso, apenas me pergunto: o que pretendemos ou devemos pretender, afinal?
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Hoje surge nova sondagem. Surge na continuação da anterior. Não será tanto para eu saber o que pensam, mas para cada um descobrir o que pensa. A pergunta é:
Perante a Vida Humana e perante o aborto, que defendes em concreto?