quinta-feira, dezembro 30, 2021

Na tua opinião, qual foi a acção mais marcante de Francisco em 2021?

Já há muito tempo que não colocávamos uma sondagem à vossa participação. Decidimos terminar este ano do "Confessionário dum Padre" com uma sondagem sobre o pontificado de Francisco no ano de 2021. Encontra a sondagem no sidebar deste espaço.
Escolhemos as dez acções que nos pareceram mais importantes. No entanto, poderão aqui deixar outra opinião nos comentários. Agradecemos a quem esclarecer a sua escolha!
 
Aproveitamos para desejar um ano de 2022 cheio de Esperança!

sexta-feira, dezembro 24, 2021

Natal da Esperança

O nascimento de Jesus, já lá vão mais de dois mil anos, não ocorreu em circunstâncias muito cómodas e favoráveis. Dizem as Sagradas Escrituras que nasceu num estábulo porque não havia lugar para ele nas hospedarias. O cheiro nauseabundo do estrume e as palhas da manjedoura serviram o nascimento de Deus entre os homens. As poucas visitas que teve imediatamente a seguir ao nascimento, são de pastores que por ali andavam a trabalhar. Não teve festa nem holofotes. Aliás, não demorou muito para que os seus pais, procurados pelas autoridades policiais do tempo, tivessem de fugir com ele, clandestinos, cruzando fronteiras, para se colocarem a salvo. Se fosse filho do imperador e nascesse nos palácios do reino, no meio das centenas de criados e escravos, não seria uma boa notícia num mundo em que os fracos são vítimas de todos os tipos de abuso! 
Embora na sociedade e época em que vivemos, o Natal possa parecer um conto de fadas alimentado com muitas luzes, canções festivas, manjares suculentos e prendas à mistura, a verdade é que Deus encarnou num ambiente paupérrimo, sem parteiros, desalojado pela sociedade, acompanhado apenas por alguns dos seres mais periféricos, os pastores e os animais. Mas é o Salvador de que precisamos. Nele se instaura a esperança de uma vida com sentido, apesar da debilidade e das adversidades. 
Hoje, mais do que nunca, no meio de tantas crises sociais e de uma crise sanitária sem precedentes, vale a pena recordar como Deus veio ao Mundo para que a nossa esperança fosse a verdadeira Esperança! Voltemos às raízes da nossa fé. Busquemos a Deus onde ele encarnou. Num mundo em desesperança, aí encontraremos a Esperança! 
 
A PROPÓSITO OU A DESPROPÓSITO: "Nasceu numa humilde casa"

terça-feira, dezembro 21, 2021

Cancelar o Natal

Este ano não se ouviu falar muito das habituais polémicas pré-natalícias sobre a abolição das palavras, dos cantos e dos símbolos cristãos nas escolas ou em outros lugares públicos. No entanto, pelos vistos, a ideologia que quer abolir com as nossas origens cristãs europeias, anda por aí e não dorme. A União Europeia apresentou em 26 de outubro, através da sua comissão para uma Comunicação Inclusiva, um documento interno de trinta e duas páginas intitulado #UnionOfEquality, no qual recomendava, entre outras diretrizes, alegadamente com o objectivo de promover a “igualdade”, que os funcionários da Comissão Europeia evitassem usar a palavra “Natal” e a substituíssem por “festividades”. 
Depois de ter sido bastante criticada como uma "tentativa de cancelar o Natal", a proposta foi, entretanto, retirada. Mas o ataque à verdade da fé, disfarçado de opção pela inclusão, anda aí. Como se a história de cada um não tivesse um passado e não fosse o resultado de um sem número de dons recebidos, existe hoje um entendimento que é contrário a tudo o que não for imediato e satisfatório. Em nome de minorias que devem, supostamente, ser aceites, existe um grupo de pseudo-intelectuais que defende um entendimento que de inclusivo só tem o nome. Pregam a tolerância, mas apenas para as suas opções e opiniões que acabam sendo, geralmente, intolerantes. 
O Natal e toda a sua envolvência, se não quisermos ser hipócritas, tem um nome e uma história: Jesus Cristo! Não se acredita nisso? Evidentemente que ninguém é obrigado a acreditar. Mas pelo menos que não se cancele a verdade do Natal! 
 
A PROPÓSITO OU A DESPROPÓSITO: "Há gente para quem o Natal é só uma data"

quinta-feira, dezembro 16, 2021

as tradições que se perdem

Era a primeira reunião do novo pároco e juntara umas dezenas de pessoas, entre aqueles que mais colaboravam na paróquia e aqueloutros que gostam de marcar presença para falar com o novo padre. As dez paróquias, e suas respectivas anexas, eram conduzidas, até ali, por outros dois padres. Como o número indicia, é natural que o novo pároco não possa concretizar todas as vontades e hábitos. Não por má vontade, mas porque é humanamente impossível. E as pessoas, pelos vistos, até compreendem. Ele terá de encontrar prioridades e caminhos novos. E falava-se disso na reunião. Mas, às tantas, um senhor que fazia parte de uma comissão não sei das quantas que tratava da tradição não sei das quantas que ocorria depois da missa no dia tal, pediu permissão para usar da palavra, e usou-a para perguntar como seria e a que horas seria cumprida a tradição. E embora esta possa ser uma tradição culturalmente importante para as pessoas, que nela se identificam, tratava-se de uma tradição mais pagã que cristã, onde a presença do pároco nem sequer era imprescindível. Naturalmente que o novo padre não consegue celebrar dez missas num dia e cumprir dez vezes a tradição de que eles tanto gostam. E como explicou a sua dificuldade, o mesmo senhor usou das palavras para se lamentar e dizer Assim acabamos com todas as tradições. E o novo padre respondeu no mesmo tom e com argúcia. Por esse motivo, caro amigo, é que eu ando aqui a tentar não acabar com uma Tradição que já vem de há muito mais tempo e com a qual, pelos vistos, as pessoas se preocupam cada vez menos, a Eucaristia. 
 
A PROPÓSITO OU A DESPROPÓSITO: "A tradição da procissão de Páscoa"

segunda-feira, dezembro 13, 2021

o padre e o casado

O que aconteceu com este padre, acontece com quase todos os padres, sobretudo quando estes entram num café ou estão num convívio ameno com as pessoas. Convidado por um indivíduo que estava ao balcão, com uma cerveja na mão, o padre ouviu aquela do “O padre só é padre na Igreja. Aqui é um homem como os outros”. 
Faz-me confusão pensar que, quando um padre está em ambiente descontraído de convívio, as pessoas possam ter a sensação de que naquele momento o padre não está a ser padre. Como se o mundo do padre, como padre, fosse um mundo à parte. O mundo aparte das pessoas comuns. Que o padre não é comum. Não é bem homem como os homens que não são padres. 
Mas este colega respondeu-lhe à letra. Olhe uma coisa, o senhor, que é casado, só é casado quando está com a sua esposa? O senhor, que é pai, deixa de ser pai quando não está com os seus filhos? 
 
A PROPÓSITO OU A DESPROPÓSITO:  "A ideia que as crianças fazem dos padres"

quinta-feira, dezembro 09, 2021

um dia [poema 343]

um dia vou escrever nas nuvens, com o pó 
com o pó agarrado à samarra que me cobre 
me engole 
 
sou apenas mais um pássaro que não sabe voar 
que apenas pia. 
voa a piar
 
por isso um dia vou escrever nas nuvens, com o pó que sobrar 
do meu olhar

segunda-feira, dezembro 06, 2021

Mudança de época!

As nossas eucaristias dão conta, indirectamente, de uma mudança de época na Igreja. Os bancos estão cada vez mais vazios, e quem se senta neles é, em grande parte, gente reformada. Ou gente com uma idade a quem o passado pesa mais que o futuro. O número de jovens é exíguo. As crianças vão só nas festas da catequese. Os pais delas igual. Os grandes ajuntamentos são porta fora. Em funerais sobretudo. Mas também em casamentos, batizados e festas da catequese. Ainda me lembra do outro moço que queria sair da igreja logo depois de o senhor bispo lhe ter colocado na fronte o óleo do Crisma ou aquele pai que foi comungar com a filha que fazia a primeira comunhão e logo de seguida saiu da Igreja, porque já tinha cumprido o que o padre sugerira aos pais. 
A manter-se sacramentalizadora, como uma estação de serviços, em breve a Igreja fechará portas atrás de portas, porque o número dos que pedem esses serviços também têm diminuído. Em tempos a Igreja passou por uma mudança de época que a tornou mais mística. O que agora desejo é que se torne mais missionária. Como nos primeiros tempos. Como quando ouvir falar de Jesus era sempre uma novidade que não deixava ninguém indiferente e apaixonava ao ponto de o seguir. 
 
A PROPÓSITO OU A DESPROPÓSITO: "O que eu espero de um padre"

quinta-feira, dezembro 02, 2021

missa sem missa

E ela falava abertamente como se fosse a mais culta no assunto. Pois, sim senhor, eu casei-me numa missa sem missa. Que a diferença é ser muito mais curta e não fazer os convidados aguentar tanto tempo na missa. Só não tem a parte da comunhão e do ofertório. Txaraaaaaaaaaan! Disse, como se tivesse destapado a mais curiosa verdade que a Igreja permite. Quer dizer, pelo menos nalguns lados, dizia. Assim como a possibilidade de casar sem estar baptizado. Que isso dependia de padre para padre. Pois ela casou com um não baptizado. Bem vistas as coisas, a Igreja até está mais moderna do que alguns pensam, dizia. E dizia e dizia, e dizia mais coisas como se tivesse tirado um curso de sacramentologia. O que ela não sabia é que a missa sem missa, a que ela se referia, não era uma missa. Era uma celebração da Palavra. E que a grande diferença entre a primeira e a segunda, é que esta última não tem o momento da consagração. Na verdade até pode ter distribuição da comunhão. E também não sabia que já há muitos, mas muitos anos, a Igreja prevê a possibilidade de casamentos mistos ou com disparidade de culto. Ela casou como se a Igreja fosse uma boutique ou um híper-mercado, isso é que foi. 
 
A PROPÓSITO OU A DESPROPÓSITO: "Casamentos sem missa"