Pegou na minha mão sem eu quase dar conta. Sem mais nem meio mais, levou-a aos lábios e começou a beijá-la. Assim, do nada. Fechou os olhos entretanto, voltado para o seu mundo interior, mas sem parar de dar beijos pequeninos na minha mão. Muito pequenos, mas de um tamanho indizível. Beijos murmurados que, para mim, foram gritos. Foi como se sentisse que eu precisava de sossegar o meu coração. Sussurrei-lhe ao ouvido que o amava muito e ele dava mais força à expressão dos beijos. Foi assim durante um largo tempo. E quando chegou a hora de o deixar, de terminar a visita, o meu querido pai olhou fixamente para mim como se me quisesse dizer que ele olhava por mim. Foi bonito, foi intenso, mas também foi de lágrimas, limpas com as mesmas mãos que tinham sido acabadas de beijar.
A PROPÓSITO OU A DESPROPÓSITO: "A oração do meu pai"