Às vezes dou comigo a morrer e pergunto-me que deixo ou que levo comigo. Parece-me pouco. E questiono-me de Ti e de mim, Senhor. E se Tu não existisses! E se eu fosse apenas isto porque sim e não por Ti! E se vivesse dentro de outra vida! E se tivesse construído um lar habitado por uma mulher e filhos! E se fosse mais novo e de novo me fosse dada a oportunidade de escolher outra estrada! Há dias fui entregar os meus fracassos na confissão. Saí de lá mais leve e mais eu. Mas os Ses permaneceram intrinsecamente no âmago de mim. Mesmo sem o peso dos fracassos, o peso das perguntas estão cá. E sei que o tempo não volta atrás e o que não dissermos ou não fizermos hoje, deixa de existir ou não existirá nunca. Hoje vou fazer esta estrada ao volante. Nunca saberei se é este o melhor caminho. Mas sei que a algum lado chegarei.
quinta-feira, julho 31, 2014
domingo, julho 27, 2014
Talitakum [poema 19]
Pousadas Tuas mãos
Em meu corpo inerte
Vazío como se não tivesse amanhã.
Lágrimas com vida
Percorrem-me, são quentes
As lágrimas e as mãos
Que sinto pousadas em mim.
O sol já passou
E a noite queimou em mim.
Resta-me viver nas lágrimas
E nas Tuas mãos.
Em meu corpo inerte
Vazío como se não tivesse amanhã.
Lágrimas com vida
Percorrem-me, são quentes
As lágrimas e as mãos
Que sinto pousadas em mim.
O sol já passou
E a noite queimou em mim.
Resta-me viver nas lágrimas
E nas Tuas mãos.
quinta-feira, julho 24, 2014
sei e não sei [poema 18]
Eu sei
Que o tempo passa
E só damos conta dele quando passou
Eu sei
Que a vida corre
E só damos por ela quando já não corre
Não sei
Se pedir ao tempo
Que me dê outro tempo
Se pedir à vida
Que me dê outra vida
Quando este meu tempo
Quando esta minha vida
Me são pertença, meus
Eu é que não dei conta, não me apercebi,
No tempo e na vida acho que me perdi
Eu sei
Porque estava mais ocupado comigo
Do que com o tempo e com a vida
Que o tempo passa
E só damos conta dele quando passou
Eu sei
Que a vida corre
E só damos por ela quando já não corre
Não sei
Se pedir ao tempo
Que me dê outro tempo
Se pedir à vida
Que me dê outra vida
Quando este meu tempo
Quando esta minha vida
Me são pertença, meus
Eu é que não dei conta, não me apercebi,
No tempo e na vida acho que me perdi
Eu sei
Porque estava mais ocupado comigo
Do que com o tempo e com a vida
segunda-feira, julho 21, 2014
Funerais sem mim
Bato no peito para dizer que não devia ser assim. Que a minha forma de encarar os funerais devia ser outra, mais tranquila, mais serena. Que nas vésperas do funeral devia fazer uma visita à capela funerária para estar com a família sofrida. Estar com eles, mesmo que não dissesse muitas palavras. Rezar com eles, mesmo que fossem frases feitas, jaculatórias conhecidas, o terço que é a oração mais fácil quando não se sabe que rezar e se quer estar uns bons minutos a rezar. Mas só de pensar naquelas pessoas com rosto banhado em lágrimas, com roupas de luto, com as outras pessoas a carregarem mais o seu luto com os Meus Sentimentos, dá-me uma vontade de fugir para um canto, escondido no recôndito de uma qualquer capela com sacrário e dizer ao Senhor que afaste de mim este cálice. Bato no peito porque sei como poderia ser bom para aquela gente. Invento desculpas para não ir, quando uma razão apenas existe. Tenho fé clara e autêntica na Ressurreição, mas a dor do que sofre com a perda de alguém é como se me adentrasse pelas entranhas do coração e o fizesse partir em pedaços para lançar ao longe e ao largo. Sou padre e sou pastor. Mas não me peçam para ser capaz. Nunca encaixei muito bem aquela de ir dar os sentimentos, porque os sentimentos não se dão. Vivem-se. E nessa hora de dor a nossa atenção precisa é dos que nos são mais próximos. Precisamos deles como se dependêssemos deles ou da sua atenção. Precisamos daqueles que nos são próximos em sangue ou afectivamente, daqueles que nos sustentam e nos seguram em pé. Os outros, apesar da sua bondade, da sua afabilidade, da sua companhia, acabam por fazer com que o nosso corpo morto ou desfalecido pareça ainda mais pesado. Sei disso porque já morreram pessoas a quem estava ligado de formas extraordinariamente belas, e o que eu queria era que me deixassem ali agarrado aos que me sustinham em pé. São horas que têm de ser. Mas eu não consigo ser bom padre nessas ocasiões. Peçam-me mais tarde que fale com eles. Isso faço. Mas naquela hora só me apetece fugir. Por isso bato no peito para dizer que não devia ser assim.
quinta-feira, julho 17, 2014
Como se põe toda a gente a rezar
Não há palavras como as que são ditas em oração. Não há diálogo mais cheio de amor do que aquele que é feito com Aquele que mais nos ama, Deus. Por isso a força da oração é das maiores forças do mundo, porque é a força do amor presente nas palavras. Assim sendo, um padre deve arranjar o maior número de estratagemas, salvo seja, para colocar os seus paroquianos a rezar. Claro que a oração para ser genuína tem de brotar do nosso coração e ser nossa, mas não custa nada dar-lhe um empurrão.
Ora, na semana passada saí uns dias para descansar e para fazer uma viagem fora de Portugal. No final da missa da paróquia ocorreu-me por toda a minha gente a rezar. Como sabeis, o vosso pároco vai sair uns dias em viagem. Queria pedir encarecida e carinhosamente a vossa oração. Assim, aqueles que querem que eu regresse, que rezem para que eu volte são e salvo. Aqueles que, porventura não desejem que eu regresse, que rezem também para que o Senhor Deus lhes faça o favor almejado. Não vos vou contar nem os que se riram nem as risadas que se ouviram. Vou apenas contar-vos que fiquei convencido que convencera toda a minha gente a rezar. Ou que pelo menos lhes ensinara que se pode rezar para pedir algo bom ou algo muito bom, entendam-me. Vá, verdade verdadinha, há muita gente por aí a rezar para que a vida da vizinha tenha muitos acidentes de percurso. Eu sei. Mas agora quero apenas rir-me. Ainda hoje à tarde me ri quando uma senhora me veio assegurar que rezara por mim e eu não resisti a perguntar-lhe se rezara para que eu regressasse ou para que não regressasse.
segunda-feira, julho 14, 2014
a Hora [poema 17]
Ele adormece para acordar
No mundo esquecido
para não dizer perdido
ou para se levantar!
Já é hora de chegar a Hora
Faz-se vento
Fora e dentro
Nada ficou isento
Veio a noite que é dia
Veio o tempo que é história
Chegou a hora que é a Hora
Bate a hora que é agora
E sempre
O Dia da Vida
No mundo esquecido
para não dizer perdido
ou para se levantar!
Já é hora de chegar a Hora
Faz-se vento
Fora e dentro
Nada ficou isento
Veio a noite que é dia
Veio o tempo que é história
Chegou a hora que é a Hora
Bate a hora que é agora
E sempre
O Dia da Vida
in Santo Sepulcro - Jerusalém
sexta-feira, julho 11, 2014
Eu desejava que os padres fossem cada vez mais... [3]
Na continuação das últimas sondagens, temos agora mais seis opções possíveis para escolhermos as carecterísticas que gostaríamos de rever ainda mais nos sacerdotes.
Recordo que este tipo de sondagens que têm aparecido aos poucos neste espaço têm como objectivo deixar algumas ideias aos sacerdotes, a começar por mim, sobre as virtudes, capacidades ou características que devemos desenvolver na nossa vida e missão. Recordo que as duas caratcerísticas mais votadas foram "autenticos" e "acolhedores", sendo que este último atingiu a larga maioria de 63%.
Deixamos os resultados da última sondagem e colocamos online a terceira edição desta "saga".terça-feira, julho 01, 2014
Para lá de mim [poema 16]
Para lá de mim
Está um lugar
A que chamo estar
Para lá de mim
Está um nascer
A que chamo ser
Para lá de mim
Está Alguém
A quem chamo mãe
Para lá de mim
Estou eu
Num outro Ser
Sem fim
Está um lugar
A que chamo estar
Para lá de mim
Está um nascer
A que chamo ser
Para lá de mim
Está Alguém
A quem chamo mãe
Para lá de mim
Estou eu
Num outro Ser
Sem fim
estarei ausente uns dias, para cá de mim!
... e deixo um abraço amigo para estar sempre presente nesse abraço!
... e deixo um abraço amigo para estar sempre presente nesse abraço!
Subscrever:
Mensagens (Atom)