Padre, não sei que sinto, mas sei que sinto algo pelo padre da minha paróquia. Por mais que me esforce em ver nele o sacerdote, não consigo deixar de pensar nele como homem. Já tentei afastar-me, mas procuro-o na confissão, na Eucaristia, nas palavras que diz e nos apertos de mão que faz. Vejo em cada um dos seus apertos de mão um aperto no meu coração. Pior que isso é imaginar que em cada aperto está um beijo discreto. Ele cuida a distância com o aperto de mãos. Mas sentir a sua mão na minha, no meu tacto, pesa mais que um beijo na face, porque este passa mais rápido e não me demora nos pensamentos. O senhor é padre. Sabe, de certeza como pensam os padres, como sentem, como amam, como se apaixonam, como são fiéis ou não, como conseguem ou não viver o celibato. Diga-me. Será que ele me pode amar um dia. Será que devo deixar crescer em mim este desejo? Eu não quero afastá-lo de Deus. Mas também não queria que Deus o afastasse de mim.
A conversa aconteceu por email, num anonimato que entendo. Da mesma forma respondi, não tanto pensando no padre que se pode apaixonar ou no padre que pode discordar do seu celibato. Antes no padre que quer ser fiel nesta forma de entrega a Deus. No padre que não quer pensar em viver de outra forma. No padre que está distraído e não deu conta que a sua vocação está atraindo alguém de forma mais intensa que a intensidade de Deus. Não sei se fui correcto, porque a vontade de Deus é que todos sejamos felizes, quer nas nossas opções, quer na nossa forma de deixar que a vida aconteça. Mas depois de carregar na palavra “enviar”, não consegui deixar de me questionar. As mulheres que se apaixonam pelos padres sentem-se atraídas pela pessoa ou pelo padre? O que as seduz é o gesto do padre ou o carinho do homem? O padre ou o homem que está dentro do padre? E caso os padres correspondam, fá-lo-ão pelo vazio que têm ou pelo amor que têm? Para viver a sua afectividade ou para a sossegar?
A conversa aconteceu por email, num anonimato que entendo. Da mesma forma respondi, não tanto pensando no padre que se pode apaixonar ou no padre que pode discordar do seu celibato. Antes no padre que quer ser fiel nesta forma de entrega a Deus. No padre que não quer pensar em viver de outra forma. No padre que está distraído e não deu conta que a sua vocação está atraindo alguém de forma mais intensa que a intensidade de Deus. Não sei se fui correcto, porque a vontade de Deus é que todos sejamos felizes, quer nas nossas opções, quer na nossa forma de deixar que a vida aconteça. Mas depois de carregar na palavra “enviar”, não consegui deixar de me questionar. As mulheres que se apaixonam pelos padres sentem-se atraídas pela pessoa ou pelo padre? O que as seduz é o gesto do padre ou o carinho do homem? O padre ou o homem que está dentro do padre? E caso os padres correspondam, fá-lo-ão pelo vazio que têm ou pelo amor que têm? Para viver a sua afectividade ou para a sossegar?