quarta-feira, outubro 17, 2007

Queres ficar à missa?

Vinham em par. Uma porque não era daqui e outra para a acompanhar junto do padre porque era daqui embora não soubesse ao certo quem era o padre. Dirigem-se primeiro ao sacristão, pois teria mais cara de ser ele. Depois apercebo-me e aproximo-me. Querem mandar celebrar uma missa, pois a estrangeira prometera mandar celebrar uma missa numa dita capela pelo marido que tinha morrido. Explico-lhe que não. Que mande celebrar na mesma intenção, mas no local em que eu celebro. Aceita. Vá lá, ao menos isso. Depois, sem mais conversas, saem as duas de braço. Ia começar a Eucaristia. Mas ainda deu para ouvir o diálogo estranho entre elas. Ficamos ainda uns minutinhos aqui, perguntava a primeira para a segunda. Queres ficar à missa?
Para qualquer cristão, a pergunta não teria grande sentido colocar-se. Mas afinal a eucaristia com a intenção delas não era aquela. Bem podiam vir noutra altura. Se não era naquela eucaristia que se queriam dirigir a Ele, porque haviam de se dirigir forçadas? Não ouvi a resposta porque foi dada bem baixo e eu não estava propriamente atento. Mas recordo que a que respondeu agarrou no braço da que perguntou e arrancaram dali. E recordo que não as vi por lá, na Eucaristia. Também não procurei encontrá-las. Mas pressenti, pelo mesmo motivo da pergunta que ouvira, qual teria sido a resposta.
Estas coisas deixam-me intrigado. Porque mandarão estas pessoas celebrar missas? Quais serão os verdadeiros motivos que as levam a fazê-lo? Como se chama uma fé que manda apenas celebrar missas e não as celebra?

42 comentários:

Ver para crer disse...

Dá para pensar!...

Vilma disse...

Não chamaria a isso fé .. apenas um descargo de consciência.
Na celebração e adoração a Deus está a fé genuína.
Infelizmente, as pessoas seguem a religião e não, ao Deus vivo. Rituais e tradições, apenas.
São coisas diferentes.
Um abraço, padre. :)

Ana Loura disse...

Dá, mesmo, para pensar... O que é a Fé? Se a temos, como a vivemos? Refletimos há dias na Comunidade de Nazaré lá e no TeoLugar dei a minha perspectiva. Viver a Fé, sim, mas celebrá-la ajuda-nos a vivê-la

beijinho, Padre

Diogo disse...

Um bêbado estava a passar por um rio, quando viu um monte de evangélicos a orar e a cantar. Resolveu perguntar:

- O que se está a passar... hic... aqui ?

- Estamos a fazer um baptismo nas águas. Você também deseja encontrar o Senhor?

- Hic... Eu quero, sim...


Os evangélicos vestiram o bêbado com uma roupa branca e levaram-no para a fila. Numa margem do rio estava um pastor que pegava nos fiéis, mergulhava a cabeça deles na água, depois tirava e perguntava - Irmão... viste Jesus ?

- Ó, eu vi, sim...

E todos os evangélicos diziam:

- Aleluia! Aleluia!


Quando chegou a vez do bêbado, o pastor meteu-lhe a cabeça na água, depois tirou e perguntou-lhe:

- Irmão... viste Jesus?

- Não! - Disse o bêbado.


O pastor colocou novamente a cabeça do bêbado na água e deixou-a lá um certo tempo. Depois tirou-a e perguntou:

- E agora, irmão... viu Jesus?


O bêbado já bastante ofegante, lá disse:

- Não!


O pastor, já nervoso, colocou de novo a cabeça do bêbado debaixo de água e deixou-a lá por uns cinco minutos. Depois puxou o bêbado e perguntou-lhe:

- E agora, irmão... já conseguiste ver Jesus? O bêbado, já mole e trôpego de tanta água engolir, disse:

- Bolas já disse que não! E vocês - têm a certeza de que Ele caiu aqui?...

Anónimo disse...

Padre

Sem querer causar-lhe desconforto gostaria de lhe dizer que há gente estranha em todo o lado. Vejamos aquele grupo/congregação/seita/clube do Bom Pastor! Aquela gente é muito estranha, se ler os objectivos enumerados no sítio deles mais parece o folheto dos bruxos e adivinhos que caem na minha caixa do correio.

É vê-los em Fátima em "exorcismos" colectivos! Aquilo é meio religião meio bruxice.

Desculpe mas para mim soa-me a estranho, mas quem percebe disso é mesmo a Igreja. Aquilo tudo é fé ou desiquilibrio mental manipulado por "estrategas".

Teodora

Frequência Jovem disse...

Não faz sentido mostrar uma fé que não se tem, que não se vive!

PDivulg disse...

Ritual apenas, é como ter um seguro de vida, espero nunca precisar dele, mas é melhor tê-lo...

Anónimo disse...

pdivulg: comentário fantástico!

Anónimo disse...

pdivulg, sabias que num episódio da série "Perdidos", Mr. Eko, que se fez padre (pela graça de Deus eheh), disse quase exactamente isso, que (disse ele) o baptismo é como um seguro espiritual?

Fantástico :D

Anónimo disse...

Saudações, Confessionário!

Desculpa lá fazer um pouco de contraditório, mas... :)

"Queres ir à missa?" A resposta, não ouvida, poderia ter sido simplesmente: "Não, não posso". A tal senhora podia realmente ter motivos que não lhe permitissem ficar para a missa. Razões válidas, que consideraríamos compreensíveis, e que afastariam da nossa mente qualquer isdeia de crítica perante a sua ausência...

E se a resposta tiver sido: "Não, não quero / não me apetece / não me interessa / não vale a pena", porquê considerá-la sem sentido na boca de um cristão (tal como se dizia da pergunta)?...

Depreendo que em causa estivesse uma missa ferial. Ora, é mesmo suposto que um cristão goste / queira / deva ir à missa à semana? Não haverá aqui alguma confusão com o preceito dominical?...

Nos primeiros tempos do cristianismo, não havia missa à semana. Seriam os cristãos mais tíbios naquela época? E Jesus, quantas vezes ia à missa? Sem comparar o que não é comparável, há aqui espaço para matizar a questão.

Percebo que um padre tenha dificuldade em captar isto. Afinal, já são uns bons anos de vida a fazer da missa diária alimento da fé. Mas esta familiaridade com a missa não pode funcionar como bitola para todos os cristãos.

Fazendo uma analogia, é como se um apreciador de sopa, que para além disso é cozinheiro/servente de sopas, e que sabe do valor da sopa, e do trabalho que dá fazer uma boa sopa, e do carinho que é posto na sua confecção, e que ali até está uma excelente sopa, tivesse de ouvir de alguém: "Não, muito obrigado, mas não quero". E a verdade é que há gente que não come sopa todos os dias; ou a quem não lhe apetece sopa em determinada ocasião, apesar dela estar disponível; e não são necessariamente pessoas sem saúde, ou gente que renegue a cozinha portuguesa...

Portantos: para uma vida espiritual cristã intensa e profunda, é altamente recomendável a missa diária. É imprescindível? Não (mesmo que seja dito à boca cheia que sim).
E todos os cristãos deverão ter um vida espiritual intensa e profunda? Distingo: todos os cristãos são chamados a crescer na fé, a aprofundá-la e intensificá-la; mas depende das circunstâncias de vida de cada um, da vocação a que se é chamado, do estádio de fé em que se encontra... Não há um máximo denominador comum; apenas um denominador mínimo, do qual faz parte a missa aos domingos e festas de guarda. Só.

Anónimo disse...

"Porque mandarão estas pessoas mandar missas?"

- Porque assim lhes foi ensinado. E estamos a falar de muitos séculos de ensinamento da Santa Madre Igreja.

- E/ou porque assim lhes foi mandado/pedido/recomendado/sugerido. Fosse pela pessoa entretanto falecida, ou pela vizinha do lado, ou pelo padre a quem se terá confessado, ou pela bruxa que poderá ter consultado.

Mas falta esclarecer uma coisa: a intenção da referida senhora ia ser colocada na missa que estava para começar?

Confessionário disse...

Amigo JS, um olá em primeiro lugar... e depois as respostas:

- A missa era dominical. No que te referes à missa da semana estamos de acordo.

- Podia, de facto, ter as suas razões para não poder ir, como tb deveria ter para ir. Mas se consegue ir à sacristia para tratar um assunto com o padre, porque não há-de ter tempo para tratar um "assunto" com Deus?

- Elas podiam não ter vontade de comer a "sopa", mas, pelos vistos, no caso de uma delas, deve ser hábito normal, visto não saber quem é o padre da paróquia que já lá está há uns bons anos.

- A intenção dela não ia ser nessa missa, que era "pro populo".

- De facto a ideia das intenções exitirem é muito consequência da "madre Igreja"... mas não só!

Um abraço amigo.

Anónimo disse...

Bem, em se tratando de uma missa dominical, a coisa muda de figura. E assim, muito do que escrevi, mesmo podendo ser de alguma utilidade para reflexão, revela-se despropositado.

Quanto ao mandar celebrar missas, para lá de todas as desrazões, exageros e incoerências, tenho para mim que se trata de um excelente meio de fazer luto. Creio mesmo que não temos nada que se lhe compare, a nível de definição e celebração de etapas no processo de luto. É por isso que vejo com apreensão o deteriorar-se desse costume, à conta das missas plurintencionais, das confusões com os estipêndios, dos problemas de marcação, da questão dos anúncios... Às vezes, são os próprios padres que, fartos de tanta dor de cabeça, tratam de desacreditar tais práticas, ou de menosprezá-las. E assim se acaba por "deitar fora o menino com a água do banho"...

Anónimo disse...

Caro Padre.
Cobsiderando que o senho não ouviu a resposat, pode não ser o caso, mas, tal como "A Bela Bela" e "A Chaveira", (lembra-se?)existem pessoas que se dizem católicas apenas porque cumprem algumas tradições da nossa religião, mas parecem não vivenciar o sentido exato de sua fé. No caso da "Bela" o Sacramento do Batisno era o que menos importava, no caso da "Chaveira" não havia despojamento de orgulho e vaidade e neste caso, parece-nos que a Missa era apenas para cumprir ritual.
abraços em Cristo.

Anónimo disse...

"pro populo"...

...Padre, também se pode intencionar missa "contra gentiles"???

Ah já sei... como tal missa, pela sua própria natureza, teria que ser também teológica [não sei escrever isto em latim, não sou padre...], conclui-se portanto que tem que ter origem no próprio sacerdote i.e. consiste numa homilia de rigor.

Tipo o discurso do Bispo do Porto quando assumiu funções... aquilo encandeou tanto cegos como videntes!

(eheh isto é um comentário do estilo "Teodora", assim um bocado irónico, para não dizer sarcástico)

Anónimo disse...

Padre

O pessoal não anda a falar muito?!
Não há nada como falar da sexualidade (ou ausência dela) dos padres para virem logo todos!
(Disse "virem" e não virem-se!)
É como se o vosso coração e "zézinho" não fosse vosso!

Teodora

Anónimo disse...

A Teodora deve ter o seu fundo de razão...

Fez-me lembrar uma cena do filme "Dangerous Liaisons" em que Casanova (John Malkovich, mas isto deve estar mal escrito), note-se, deitado na cama com uma das suas muitas e felizes amantes, diz escrevendo uma carta a uma amiga nobre (também amante, claro):

«(Querida não sei quantas...)
Acabei de me vir...
[faz uma pausa para molhar a pena no tinteiro, se bem me lembro]
... sentar à secretária (...)»

Esta é a minha acha para a fogueirinha da degradação eheh...

Anónimo disse...

Padre

Esqueci-me de assinar o meu comentário...

do seu (e)terno
Nuno

Anónimo disse...

Cara Teodora
Viemos cá na mesma...
Ainda não tinha comentado porque não conseguindo penetrar no íntimo de cada um pensei que era melhor o silêncio. Cada um sabe de si e quanto menos julgarmos melhor. O crescimento espiritual não acontece sempre da mesma maneira... saibamos então esperar com paciência e com vontade de acolher quem quiser e quando quiser ser acolhido/a. A liberdade que Deus nos deu a isso obriga:)

Quanto à sexualidade de padres e não padres, se quer que lhe diga, não me preocupa. Isso é com cada um. Gosto mais de pensar da cintura para cima:)))) A vida de uma pessoa não se esgota na sexualidade... É muito mais que isso se não, não seria pessoa:)))Concorda?
Um abraço

Alma peregrina disse...

O grande problema é, tal como o Cardeal D. José Policarpo disse em certa homília, que a maioria dos católicos são-no por tradição e não por convicção.

Dê-mo-nos por contentes por haver católicos que ainda pedem que se celebrem missas, pois outros há que só se lembram que são católicos na altura dos censos.

Depois vêm criticar a Doutrina da Igreja, como se soubessem muito sobre o catolicismo... aliás muita gente acha que sabe melhor o que é ser católico do que o Papa (o que é impossível dado que o Papa, figura central da Igreja, representa a fonte da ortodoxia católica).

Mas isto foi só um desabafo...

Quanto ao post em questão, considero que os rituais são fundamentais. OS rituais definem a vida do indivíduo. São os rituais que permitem que o indivíduo crie "laços" (como tão bem falava a Raposa em "O Principezinho") com a Vida e que, portanto, a desfrute (bem como às pessoas que o rodeiam).

Uma vida sem rituais não tem estrutura, é caótica, não permite o desenvolvimento porque não possui estabilidade.

Como tal é imprescindível que um cristão e católico tenha, na sua vida, rituais cristãos e católicos. Nem que seja, em última análise, para se redefinir, para recordar quem é e para conhecer o percurso que a História percorreu até culminar nele.

O que falta, muitas vezes, é o "significado" do ritual. Se o ritual confere "significado" à vida, como pode o ritual exercer a sua função se está, ele próprio, destituído de "significado"? Tal acto converte o ritual numa mera sucessão de actos repetitivos e desligados da realidade!

Ou seja, é tão mau ser um católico que apenas se lembra na altura dos censos, como um católico que vai à Missa por ritual (sem a vivenciar ou enriquecer a sua vida com esse ritual).

É por isso que devemos ser católicos por "convicção". Para não fazermos estas figuras retratadas no post.

Mas a culpa não é do ritual... é das pessoas. Portanto, acho bem que se continuem a celebrar missas em honra dos falecidos (há muitas vantagens e razões para tal), mas também é preciso que as pessoas compreendam o significado desse ritual, bem como o significado e a importância da própria Missa.

Cumprimentos

sónia disse...

Estas são o tipo de pessoas que só encontram Deus nos momentos mais difíceis da sua vida..infelizmente...

Anónimo disse...



Claro que concordo.

Eu gosto mesmo é ter "a casa cheia" se o senhor padre do confessionário me permite, pois, a casa não é minha mas dele.

Aproveito para elogiar o padre Kephas que é sempre muito lúcido e fluente. O senhor é uma criatura encantadora! Já percebi claramente a forma como vive a sua condição de padre (e acredito no que diz!) mas permita-me que lhe diga as senhoras devem suspirar ao ouvi-lo! Desculpe mas não resisto dizê-lo.

As pessoas lembram-se de outros rituais (relacionados com o seu dia-a-dia e no relacionamento humano) mas os religiosos são formalidades. Lembram-se do casamento na igreja porque sempre podem fazer um filme (sei que estou a generalizar e como tal peco por excesso)mas nos restantes dias das suas vidas é só quando a vida lhes saca o tapete.

Vi o meu padre! Tava tão, mas tão lindo! Em tom beje e dourado!

Padres não se esqueçam de ver a grande exposição que o Hermitage promove cá. Aquilo é uma fonte inspiradora para as celebrações das missas. Observem aquele quadro que retrata uma cerimónia da côrte com a presença dos membros da Igreja. Maravilhoso!!! Tudo super, hiper faustoso. Aqueles paramentos é que ficavam que nem uma luva no meu padre!

Não percam! Acabem com aquele paramento igual ao dos acólitos! Aquele paramento deve ter sido ideia do nosso professor, doutor, engenheiro, pedagogo, médico, realizador de cinema, católico devoto Sócrates! Com a obsessão de banalizar tudo! Estejam atentos homens de Deus! Ele às vezes veste-se de cordeiro e salta para o colo de S. João Baptista! Cuidado, mantenham-se alerta! O homem é obra do Lúcifer!

Talvez fosse boa ideia expô-lo a umas sessões organizadas pelos Bom Pastor?! Quel Tal? ah? Podia ser que o tipo se libertasse daquele espiríto medonho, ruim, vingativo, cínico, manipulador e manhoso! Pensem nisso!

Teodora

Anónimo disse...

Cara Teodora (confesso que não consigo começar um comentário assim sem me sentir ligeiramente hipócrita, porque quando eu quero dizer alguma coisa relativa a outra pessoa e digo isto, estou-me a colocar numa redomazinha com o rótulo "olha, vou dizer-te uma coisa que sei, e é por isso que deves ouvir-me" em vez de "peço-te que vejas o que eu te quero dizer") de 19-Out às 17:02, sujeitos produtores de construções ideativas sobre sexo (i.e. sujeitos que vivem determinadas formas de energia sexual [como é o caso das crenças e fantasias i.e. projecções dessas crenças] mascaradas de exercício profissional rigoroso para que possam ser produtivas) conseguem ver manutenção daquilo que chamam libido (é uma das ferramentas de exercício desses objectos produtivos especializados em determinados tipos de realidades, uns tipos que classificam de humanos e rigorosos, para além de muito esclarecedores [por conferirem significado aos dados perceptivos dos sujeitos desse significado]) em actividades ideativas humanas. Isto é porque há quem acredite que a sexualidade é o pseudónimo de "a verdade humana" (todos os sujeitos acreditam nos respectivos produtos, nomeadamente nos objectos cuja intelecção quiseram formar antes de produzirem produtos i.e. se exercerem ou inteligirem realidades).

Por isso é que eu disse (com 100% de ironia e 0% de produtividade, devo confessar) que a Teodora devia ter algum fundo de verdade naquilo que disse.

E a ter, naquilo que disse a Teodora fez um bom auto-retrato da sua libido nos seu comentários... nos quais a Teodora teve orgasmos, não os outros penitentes.

Eu estou só a ser irónico... eu sei perfeitamente que masturbação não é a mesma coisa que actividade ideativa pseudo-rigorosa ou pseudo-objectiva mas sim uma pseudo-definição dessa actividade fundamentada nos produtos da mesma e que portanto pretende conferir-lhe um significado pseudo-rigoroso ou pseudo-objectivo.

A liberdade e a pseudo-responsabilidade de sujeitos humanos fá-los pensar coisas divertidas... e que não os definem em nada, claro. Além de serem significantes e também produtivas, precisamente por terem sido construídas para abstrair a realidade ou alguma realidade que portanto pode ser aplicada aos objectos e sujeitos para produzir resultados de significado que permitem conhecer ou reconhecer a realidade ou realidades. É a actividade rigorosa de alguns sujeitos mamíferos, final de contas, e eles têm o direito de exercer livremente porque beneficiam da responsabilidade ou veracidade das construções que manipulam no exercício que desempenham (como também acontece com manipuladores de cartas de tarot ou de búzios... eles são verazes se acreditarmos nos produtos do exercício que fazem da verdade ou da realidade, que tanto uns como os outros chamam conhecimento i.e. 'imagem da realidade' na qual portanto se pode acreditar i.e. depositar fé pessoal, ou 'crença-realidade' [é a verdade dos encéfalos de várias espécies de mamíferos e que lhes permite ter actividade produtiva, a qual portanto parece às instâncias dessa espécie como sendo vida dessa espécie, assim como os cães também pensam viver i.e. inteligir]).

O facto é, os charlatães só prestam serviços se nós tivermos fé neles i.e. acreditarmos que vão produzir coisas produtivas ou verazes (alguns são excepcionais, são mesmo capazes de coisas produtivas e verazes que não sejam masturbações teóricas com aparência de realidade e que podem ser manipuladas como cubos didácticos). De contrário, simplesmente pintam nas suas telas, para quem as quiser admirar (e partilhar mentalmente, embora à sua própria e livre responsabilidade, dos significados dessas construções ideativas).
Uma característica dos charlatães é que a realidade é as construções mentais que eles produzem às quais chamam exercício dos conhecimentos. (Eu imagino, espero que erradamente, que deve exigir um certo esforço inteligir esta frase.)

Sim, a vida humana devia ser muito degradada quando não beneficiava de artífices da verdade. Devia ser uma espécie de vida animal, a julgar pelos padrões da verdade moderna (ou paradigmas, como alguns estudiosos de si próprios [i.e. construtores ideativos de realidades] chamam).

Cumprimentos... ou deverei dizer que foi um prazer? (agora sinto-me mesmo hipócrita... mas há pessoas assim, que gostam de produzir abstracções da realidade, fá-las sentir auto-gratificadas, afinal de contas não formaram as suas estruturas mentais a pedido de ninguém nem por benefício dos semelhantes mas sim para serem produtivas i.e. produzirem e portanto poderem gerar proveito)

PS!!! Querido Padre, nunca mas nunca ponha fora de casa a Fá, o Kephas, a Teodora... por mais que eles falem! é que pessoas tão diferentes são no entanto todas capazes de dizer coisas verdadeiras, por mais que o façam com a sua própria maneira de ser. Adoro este blog (agora se alguém não me tem pó, isso já não tenho a certeza eheh). Padre, o Sr. deu-nos exemplo (através dos seus posts) do que pode ser, e de como pode ser, viver de uma forma humana. E ah se o Sr. vive...

Abraços e beijos a todos e no Sr. Padre (o Confessionário, não o Kephas ahah!)

Anónimo disse...

O Kephas (em rasgos não de lucidez mas de génio com que me tem habituado) disse...
«O que falta, muitas vezes, é o "significado" do ritual. Se o ritual confere "significado" à vida, como pode o ritual exercer a sua função se está, ele próprio, destituído de "significado"? Tal acto converte o ritual numa mera sucessão de actos repetitivos e desligados da realidade!»
(O que eu acho engraçado é que o Kephas diz coisas destas assim no meio de outras... parece ouro no leito de um rio. [Sem ironia!])

Eu digo: conclui-se que o significado do ritual é a origem e a verdade dele, e que só tal significado pode conferir veracidade ao ritual associado;e por isso mesmo, o ritual e a prática dessa origem e portanto vinculação dinâmica dos participantes com ela. Tanto assim é, que os rituais mais verdadeiros são as coisas que os sacerdotes dizem (sei lá, em homilias, na Dedicação da Igreja da SS Trindade em Fátima, ...).

Adoro este blog. Mai nada.

Anónimo disse...

Também há uma coisa importante: a verdadeira tradição católica é uma tradição não de rituais (estes são-lhe dependentes) mas de verdadeira convicção, comum a todos os Padres (no sentido de fontes ou origens) da Igreja Católica independentemente do tempo (e obviamente dispensada a todos os consagrados).

A «tradição» referida pelo Cardeal naquelas palavras citadas pelo Kephas deve (digo eu) significar 'costume comum'.

Alma peregrina disse...

Cara Teodora:

"PADRE Kephas"? Lol. Espero que estivesse a brincar, porque eu não sou sacerdote nem planeio vir a ser (nem sou um religioso consagrado, nem monge, nem nada do que se pareça).

Sou apenas um humilde leigo, que tenta seguir (mesmo às vezes não conseguindo) os ensinamentos da Igreja e que encontrou uma certa alegria e liberdade em fazê-lo...

Espero não lhe ter desfeito nenhuma fantasia erótica, Teodora!

Cumprimentos

P.S. Até voltei a ler o seu comment para ter a certeza do que li. Já não me ria assim há muito tempo! Obrigado Teodora!

Anónimo disse...

Padre Kephas, acho que devia desabafar mais vezes, fica lindo.

Já agora, homilia não leva acento no 1º i.

Cumprimentos

Anónimo disse...

Eu concordo muito com a Fá.

Anónimo disse...

O Kephas tirou-me algumas palavras da boca. Eu mesmo também li não sei quantas vezes, e não me consigo esquecer. O parágrafo em que a Toedora aproveitou para elogiar o padre Kephas é uma obra de arte.

Teodora permita-me que lhe diga os senhores devem suspirar ao ouvi-la
eh eh... dou-lhe 5 estrelas.

Um grande beijo na grande Teodora

Anónimo disse...

Uma nota sobre amor...

Diana Krall diz numa música: «and what is dancing but making love set to music playing?»

Eu digo: qualquer definição artificial de amor é uma fantasia patológica (como aquelas fantasias que os profissionais [adoro este substantivo porque define bem determinados grupos de seres vivos e as construções com que eles deliram beneficiar uma espécie que nem sequer é semelhante deles i.e. que nem sequer é do tipo deles] daquilo que imaginam ser a mente humana viviam de que seriam capazes de determinados produtos que antecipavam [como o meu gato antecipa comida com grande fé ou seja com todas as forças do seu encéfalo mamífero], não vou dizer quais porque o meu objectivo aqui não é exprimir as perversões da patologia de magos da verdade ou de utensílios vivos pseudo-humanos ou de construtores de castelos suspensos i.e. de pseudo-abstracções), e o amor verdadeiro é um amor inteligente. Por exemplo, dançar com uma rapariga (sim, também todas as expressões do Verbo pelos sagrados sacerdotes). É nos meus braços e naquela música (estou-me a lembrar por exemplo dos "Boyz to Men", "To the end of the road", mas por definição há tantas...) que ela é transformada numa rapariga e eu num rapaz para ela. Agora se eu conheço essa rapariga?! Não posso amá-la como eu sendo um ser humano, se é porque a conheço! (Os animais é que amam aquilo que conhecem, porque aquilo que conhecem objectiva as antecipações deles [lá estamos nós outra vez a falar da libido dos animais e dos animais profissionais dela].) E por fim, para mim o sexo é um subproduto do amor por uma rapariga. E não deixa de o ser nem mesmo quando é praticado. Porque ele objectiva aquilo que dois seres humanos vivem em cada um (e que os une) e não se objectiva em objectos da fantasia (por mais pseudo-objectivas i.e. artificiais formas com que esta seja exercida).

Loving regards from
Dr. Love...

eh eh

aliás, padre Nuno (LOL)

Anónimo disse...

«Deus Caritas est» et Caritas Veritas est.

O sacerdócio, portanto, é um exercício consagrado do amor verdadeiro. E porque tal amor é verdadeiro, ele não é só águas livres mas também a luz da vida dessas águas (porque elas não são vivas se não iluminadas pela força da verdade).

(Sr. Padre, já viu os caminhos que pode tomar a reflexão dos seus posts?! aposto que até o Sr. Padre se surpreende com eles...)

Anónimo disse...

Nuno Alexandre

Lá que fala fala! Ou melhor escreve!

E da práxis gosta ou prefere a pseudo-práxis?

Kephas

Esteja tranquilo! Não sou rapariga para ir a todas! Fantasias sexuais?! Só mesmo com o meu padre!

Teodora

Alma peregrina disse...

E não é que agora toda a gente me vem chamar padre? Já foi o Nuno! Já foi o anónimo (21 Outubro 22:03)! Caramba! Realmente mais vale parecer do que ser! Lol.

A propósito, agradeço ao anónimo a correcção...

E aproveito para elucidar o Nuno: o cardeal referia-se efectivamente à tradição ("t" minúsculo, ou seja, a carga cultural e ritual que um indivíduo recebe passivamente dos seus antepassados) e não à Tradição ("T" maiúsculo, ou seja, o conceito teológico que se refere à forma como a Igreja interpretou as diversas passagens da Escritura ao longo da História).

Quanto à Teodora, é comovente a sua fidelidade... espero que, agora que despi o meu paramento ilusório, as meninas continuem a suspirar quando eu falo...

Cumprimentos

Anónimo disse...

já cá falta esta com a sexualidade (desta vez esqueceu-se do seu padre, ou não...??)

Anónimo disse...

Teodora

A senhora é um amor.

Nuno Alexandre

Anónimo disse...

Boa Kephas :D

Anónimo disse...

Ó Nuno

Pode continuar com o seu "discurso ejaculatório" porque parece que isso estimula a líbido de alguns.

Espero que se dê bem.


Já agora o senhor que é tão surpreendentemente brilhante, poderia também brindar-nos com uma dissertação acerca do preconceito.

Só lhe peço que o faça em linguagem acessível, caso contrário alguns de nós não irão compreendê-lo.

Com muita estima e consideração.

Teodora

Anónimo disse...

Kephas

Para leigo é muito cínico. Foi isso que apredeu na sua formação? O senhor de facto revelou-se como pessoa.

Só espero que não seja ministro da comunhão.

Teodora

Anónimo disse...

Eu sei que estou a abusar mas isto é o meu último comentário neste post.

Uma dissertação sobre o preconceito destruiria os verdadeiros preconceituosos (a começar pelos sujeitos humanos porta-estandartes "rigorosos" do género humano e que sonham, desde adolescentezinhos plenos de graça e sobretudo de verdade mas acima de tudo plenos de ignorância ávida de formação, conhecê-lo e continuam a tentar... degradá-lo com as fantasias que perseguem e constroem) e não aqueles que essa útil palavrinha serve para definir (é que eu sou suficientemente psicanalista para saber analisar as verdadezinhas daqueles que as produzem e publicam).

Falando um pouco "à Kephas": Caramba! Já foi o Kephas a acusar-me de grande maturidade intelectual e perspicácia; agora é a Teodora a acusar-me de brilhantismo. Irra...

Agora sobre as minhas "ejaculatórias", ah eu se pudesse ejacular a verdade, não tenho nem coragem de dizer aqui o que fazia com ela (mas ah se tenho vontade de o dizer). Que Deus (a verdade viva) continue a inseminar a inteligência humana daqueles que O conhecem.

Acho que vocês todos são fantásticos. Este blogger devia estar orgulhoso.

Alma peregrina disse...

Caramba, Teodora...

Não é só você que pode dizer piadas, sabia?

Desculpe lá, não precisa ser tão susceptível! Eu também sei que muitas das coisas que você diz são na brincadeira!

Não é possível uma pessoa revelar-se a si mesma quando está a ser irónica, a não ser que a ironia seja um dos seus apanágios, o que não é o meu caso!

Não há necexidade zzzz zzzz zzz Sexamos amiguxxxx zzz zzzz zzzz

Anónimo disse...

Água benta e presunção cada um toma a que quer!

Teodora

Alma peregrina disse...

Ainda à Teodora...

Agora que reli o meu comment, notei que realmente pode ser interpretado de uma forma agressiva...

O problema dos blogs é que se perde a expressão facial e o contexto holístico da pessoa. Ficamos com as palavras, mas são filtrados os sentimentos. Tenho que começar a usar mais smileys ;)

Acredite em mim quando lhe digo Teodora, se eu quisesse ser ofensivo ou destrutivo, você saberia-o logo. Estava só a "reinar", mas de qualquer das formas, peço desculpa.