domingo, novembro 05, 2023

As mulheres no sínodo

A XVI Assembleia do Sínodo dos Bispos, ocorrida entre 4 e 29 de outubro deste ano de 2023, teve substanciais novidades em relação às anteriores assembleias. A inclusão de mulheres, ainda por cima com direito a voto, foi uma das mais notáveis. Dos 365 participantes, 54 eram mulheres, todas elas com direito a voto. No entanto, quando, durante a assembleia, se falou do papel das mulheres na Igreja, a discussão foi renhida e, na hora das votações, foi a temática que obteve mais votos negativos, embora com os votos positivos necessários para ser aprovada. Dos 344 participantes presentes na congregação geral conclusiva, 69 foram desfavoráveis. Foi sobretudo o potencial acesso das mulheres ao ministério diaconal que causou dificuldades. Uns foram contrários, porque consideram estar em descontinuidade com a Tradição, e outros favoráveis, porque consideram ser um regresso a uma prática da Igreja das origens. 
Já manifestei publicamente que não me parece essencial a ordenação de mulheres, seja diaconal ou sacerdotal, assim como também não sou contra que se dê esse passo, pois uma das coisas que mais valorizo na Igreja que defendo é a comunhão de diferentes em pé de igualdade. O que me parece é que, às vezes, se reduz o assunto a uma questão de emancipação da mulher e isso, a meu ver, seria reduzir o assunto a questões secundárias. Assim como desejo que esta aspiração das mulheres ao sacerdócio ministerial não seja mais uma forma dissimulada de clericalismo, isto é, uma forma de as mulheres também terem acesso ao poder eclesiástico. Seria atacar o clericalismo com outro clericalismo.

A PROPÓSITO OU A DESPROPÓSITO: "A Igreja das mulheres"

1 comentário:

Cisfranco disse...

Agora fala-se muito de clericalismo. Claro que isso já vem de longe porque o padre era quem fazia tudo. Mas o problema base que está por detrás é a pouca formação cristã que os católicos têm. Claro que há a catequese de não sei quantos anos, mas entra-se na idade juvenil e tudo cai por terra. O jovem é solicitado por mil e uma coisas, que o levam a não pensar mais naquilo que aprendeu, ainda para mais se o que lhe foi ensinado foi de forma pouco consistente. O exemplo que vê dos colegas e da própria família levam-no a abandonar tudo. Depois é destes jovens formados superficialmente que resultam cristãos adultos não comprometidos. E sempre assim foi, mesmo no tempo em que a igreja era o centro, quanto mais agora que vivemos atolados em informação e contra-informação. Claro que dizer isto é fácil; difícil é encontrar soluções para que os crentes participem e sintam a comunidade cristã como sua. Uma coisa é certa: à medida que o homem atinge maior bem-estar e conhecimento, tanto mais põe Deus de lado. O desafio é: como falar de Deus a quem acha que não precisa d’Ele para nada e até se julga superior por pensar dessa forma? O tempo da religião de multidões já foi chão que deu uvas, passe o plebeísmo. No entanto eu penso na parábola do fermento: os crentes em pequeno número podem ser esse fermento que leveda toda a massa da sociedade.