segunda-feira, abril 20, 2020

uma Igreja virtual

Este vírus está, com a nossa cumplicidade, a transformar-nos em seres virtuais. Pouco a pouco, vamos passando da vida ao vivo, em tempo real, para uma forma de vida indirecta, mediada pela internet, sobretudo as redes sociais. Trabalhamos, conversamos, beijamo-nos e abraçamo-nos virtualmente. 
E começamos a viver a fé de igual modo. Estamos também a transformar-nos numa Igreja virtual. Uma Igreja que propõe e consome virtualmente, com voracidade, centenas de propostas, numa degustação espiritual, em menu a la carte. Uma Igreja que consome likes, emojis e améns. Uma Igreja de entra e sai. Portanto, efémera e provisória. Uma Igreja que não agarra e não compromete. Uma Igreja mais passiva que activa, mais espectadora que participante, mais admiradora que vivente. 
Esta transformação, como é óbvio, tem coisas boas. Mas inquieta. Ou devia inquietar. É verdade que tudo é graça e dom de Deus. É verdade que esta é também uma parte da igreja possível destes tempos. E é só uma parte. Contudo, não sei como será quando regressarmos à vida real. É que o virtual tem esta coisa de nos aproximar e nos afastar ao mesmo tempo.

A PROPÓSITO OU A DESPROPÓSITO: "É possível fazer igreja sem sacramentos?"

4 comentários:

Ailime disse...

Boa tarde Sr. Padre,
Quero crer que, nestes momentos tão estranhos e difíceis que estamos a atravessar, que as pessoas se questionem e muitas delas se aproximem mais de Deus. Quero acreditar também que as ações da Igreja através das redes sociais, não separem, mas ajudem a aproximar. Tenho essa fé.
Ailime

Anónimo disse...

Ora, pode ser que este deve a oportunidade das pessoas, no uso da virtualidade exercitando a espiritualidade.Bom, meu pensamento. Chm

Servir com Alegria disse...

Tudo está como Deus quer, todos andavam inquietos uns com os outros. Agora têm o Deus virtual, aquele que não incomoda, e que lhes pode ser às horas que quiserem, sem que isso seja motivo para não irem, sim porque agora podem ir sem sair, dos seus confortos e dos seus ego centros. Todo o mundo e todas as classes sociais, todas as profissões, famílias, a Mãe Terra, este ciclo tinha que vir, e está para durar e ficar. Já nada vai ser igual, começam com o pouco e bem pouco devagar.Mas isso vai incomodar quem nunca foi e quer estar agora, porque é essencial estar e não ser... Deus tende compaixão deste povo errante que ao longo dos tempos tudo teve para ser feliz, mas tudo foi muito e nada interessava. Não sejam tão virtuais, mas mais práticos, pensem nos tristes que nunca chegam à virtualidade e sejam Jesus de coragem de ajuda de amor com o simples telefone, com a conversa com a escuta, SER PESSOA HUMANA. Sejam como Jesus Amar como Eu vos AMei, nada custa...

Paulina Ramos disse...

Boa tarde,
Não sabes como vai ser, acho que na verdade ninguém sabe, e tudo o que se diga acerca da igreja do pós pandemia serão meras expeculações.
Devemos no entanto direcionar as nossas intenções para uma proximidade mais genuina, mais humilde, mais consciente de que na verdade não somos donos de nada.
E se perante esta pandemia não aprendermos a vestir-nos de humildade, então terenos passado apenas à margem de nós mesmos e dos outros.
Fica bem, com saúde.