quinta-feira, abril 16, 2020

kyrenaíos [poema 252]

Trouxe à memória o meu vizinho
Entre alfaias do campo e descampado
Cara sem boca, voz sem cara
Nos afazeres, carregos e labutas
Nas juntas, nas várzeas, nos caminhos
Empedrados do calvário, onde moro

Trouxe-o como uma custódia, muito pesada
Não tem nome nem morada nem passado
Na moradia de outrora, veio à lembrança
Este vizinho que mora na minha memória
e me tem carregado

2 comentários:

Ailime disse...

Bom dia Sr. Padre,
Um poema muito profundo e daqueles muito difíceis de comentar.
No entanto... Todos temos um calvário e um Cireneu para nos ajudar a carregá-lo.
Ailime

Anónimo disse...

Pois...sem comentários.
Bj