Passara um ano desde que, como me recordou, estivera a desabafar comigo por causa de um grande problema que, na altura, estava a viver. Na ocasião, entrara na sacristia, acompanhada das lágrimas, para uma palavra que se transformou em muitas palavras. Entrara com o peso da dor e precisava dividi-lo com alguém. Hoje regressara, porque viera a uma missa pela intenção especial de uma amiga que falecera, entretanto. Vinha de braço dado com a filha, a dor que ela precisara desabafar há um ano. Cruzámo-nos no final da missa e, já na rua, veio ao meu encalço para perguntar se me recordava de há um ano a ter acolhido na dor. Naturalmente que eu já não lembrava pormenores, mas ela lembrava cada atenção, cada olhar, cada palavra, cada segundo que eu investira nela. E por isso, dizia, venho agradecer-lhe. Ainda não tinha tido oportunidade de o fazer. E insistia. Padre, tenho tanto que lhe agradecer. A filha interrompeu-a, para concordar com ela. Respondi que eu era somente um instrumento de Deus. Que lhe agradecesse a Ele. Porque era Ele que fazia tudo. É Ele que faz tudo. Nós somos apenas seus instrumentos. Apesar de até concordarem comigo, ambas referiram que então eu era um bom instrumento de Deus. E repetiram. Obrigada. Foi bom ouvi-lo nestes tempos constrangedores e confrangedores. Obrigado.
A PROPÓSITO OU A DESPROPÓSITO: "Padre com fé"
5 comentários:
Como eu te compreendo quando dizes que estes tempos são constrangedores. Devem ser constrangedores e mais que isso, devem ser também confrangedores, não só para os padres que o são de verdade, mas para todos aqueles que aprenderam a vê-los como pais e mestres... Que Deus te abençoe.
... Vou acrescentar!
A gratidão por tudo, o senhor Jesus nos concede mais tempo de vida.
Boa tarde Senhor Padre,
Gestos muito bonitos que fazem toda a diferença e dão alento à sua nobre missão.
Bom domingo.
Ailime
sabe bem ouvir palavras de incentivo.
Tb agradeço o que me tens ajudado neste cantinho.
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