sexta-feira, março 12, 2021

lar [poema 306]

Meu pai era emigrante ainda antes de eu nascer 
A vida negra das mãos era a mesma dos escravos, sem o ser 
Uma nesga do que havia no meu coração, ainda antes 
De querer 
 
Minha mãe trouxe-me ao mundo muito antes de me trazer 
E a ela devo quem o mundo me quis ensinar 
A ser 
 
Minha família conto-a pelos dedos, como contas do rosário 
Que passo, a rezar, para nelas 
Me rever 
 
Sou uma casa de pedras, um lar como gostava de dizer 
No meio das palavras que guardarei sempre aqui 
Enquanto viver

2 comentários:

Ailime disse...

Boa tarde Sr. Padre,
Tão belo e tão profundo este poema!
Gostei imenso da forma como expressa o seu amor aos seus pais, família e ao lar que o viu nascer.
Bom fim de semana.
Ailime

Anónimo disse...

Uma poesia com o desprendimento, do que tu és neste mundo bendito.