As redes sociais expõem, mesmo sem os seus utilizadores darem conta, as fragilidades, a ignorância, a inoperância das pessoas e, muitas vezes, ainda projecta o que de pior têm. O Papa diz mais ou menos isto na encíclica Fratelli Tutti, mas eu também penso deste modo quando penso nesta sociedade que tem criado redes de relações superficiais a quase todos os níveis. Os erros ortográficos dão conta da ignorância de muitos. As opiniões sem argumentos ou com argumentos falaciosos dão conta do desconhecimento e da incapacidade de reflectir de muitos. Os ataques verbais escritos dão conta do íntimo de muitos. As críticas constantes do que este e aquele deviam fazer dão conta da acção de bancada de muitos. Com pena, vivemos nesta virtualidade, sem dar conta que, na maioria das vezes e dos casos, o que mostramos de nós não é o melhor.
A PROPÓSITO OU A DESPROPÓSITO: "A sociedade irritada I", "A sociedade irritada II", "A sociedade irritada III", "A sociedade irritada IV" e "A sociedade irritada V"
4 comentários:
Parece-me que estás muito pessimista, Confessionário.
Se continuas assim, corres o risco de desistir (perante tanta sordidez) ou de te convenceres que és um Noé, o único inocente à face da terra. :)
Na net há muita coisa má; e há muita coisa boa. Infelizmente, temos tendência a reparar mais depressa no lado mau. É um factor com que jogam os algoritmos das redes sociais, e que até potenciam. Sabemos que se o amor é fogo, também o é o ódio e a raiva (o outro lado da moeda).
Depende realmente do modo como nos deixamos envolver e afectar pelo que é escrito, pelos comentários que são feitos, pelas críticas disparadas a torto e a direito. E também dos átrios (ou antros) virtuais que frequentamos.
Digamos que para habitar este mundo em rede faz logicamente falta aprendizagem, discernimento, educação, reflexão. Será que as nossas escolas já estão a trabalhar nesse sentido em favor das novas gerações? E a Igreja, que anda a fazer?
Nem a propósito, JS
É verdade que este texto, em concreto, já o escrevi há uns tempos. Mas ontem, ao decidir, publicá-lo, ocorreu-me um pensamento que agora me realças. Acho que estou a ficar cada vez mais pessimista!
Fico encantado (é a palavra mais adequada) com quem consegue ver sempre algo de bom e belo nas coisas, mesmo quando elas não são muito boas nem belas. Fico mesmo encantado. Mas depois detenho-me nas análises mais negativas das coisas, como se o mundo acabasse com elas!
Sinto-me cada vez mais resmungão. E a pandemia deve acicatar esta rabugice.
Subscrevo, obviamente, tudo o que escrevi e afirmei. Mas os meus textos parece que vão trazendo irritação consigo. Heheheh
Não sei se conseguirei alterar esta minha forma de ver… mas gostava.
Oremos, para que o mundo seja libertado, dessa mídia contaminada pelo vírus do pavor. Da sordidez inescrupulosa.
É mesmo Padre Confessionário, sempre me lembro daquela história que o meu pai me contava quando era criança de Jesus que, um dia com os seus discípulos passou juntos de um burro morto, já em decomposição. Os discípulos passaram ao largo com os dedos a apertar o nariz por causa do cheiro nauseabundo do burro. Jesus não se deixou afetar pelo alarido deles nem pela aparência do burro, aproximou-se, abaixou-se e disse:"tinha uns dentes bem bonitos!" Também neste mundo cada vez mais desfigurado vamos descobrindo, se estivermos atentos, sinais de transfiguração. Os raios do sol conseguem passar pela lama sem perderem a sua função de brilhar. É isso que esperamos de si, que as suas mensagens continuem a alimentar a esperança em nós. Continuação de um abençoado tempo de Quaresma. Nina
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