quarta-feira, março 03, 2021

as cinzas [poema 304]

A mulher desfez-se em cinzas, daquelas cinzas que voam 
Não disse adeus, mas agora despede-se nos meus olhos 
A voar com ela 
 
As palavras fecharam-se no meio da nuvem de pó 
E nesse silêncio falaram como se não fossem delas 
Os sons que vemos partir 
 
Estas mulheres que se tornam cinzas são as nossas mães 
As asas cinzentas que são todas as cores a esvoaçar
Dentro de nós

São as vidas que do nada vêm e no coração de nada ficam 
Como labareda sempre a arder 
 
à minha tia que faleceu com covid

3 comentários:

Anónimo disse...

Embora é só um poema, mas... Muito triste de ler-sr.

Ailime disse...

Boa tarde Senhor Padre,
Um poema tão belo como triste, mas que fala da realidade atroz que vivemos.
Tenhamos esperança em dias mais alegres.
Ailime

Anónimo disse...

parece uma homenagem às mulheres que caem como cinzas, mas nunca deixam de ser labaredas!!!
Gostei imenso!
AM