quarta-feira, março 10, 2021

A culpa do pecado é do perdão de Deus

A culpa do pecado é do perdão de Deus. Sei que a afirmação pode não fazer sentido. Aliás pensar que o perdão de Deus possa ser o culpado dos nossos pecados, parece descabido e despropositado. E informo que não li isto em nenhum lado. Li-o, no meu coração, numa daquelas meditações em que a gente se põe a deambular. Talvez até seja mesmo uma expressão excessiva se a fizer como se todos pecassem mais à vontade por se saberem continuamente perdoados por uma tão grande misericórdia como é a misericórdia de Deus. Se calhar é apenas a minha preciosa desculpa diante de Deus. 
Eu sei que Ele está sempre pronto a perdoar e a fazer-me sentir o Seu perdão. Por ter esta certeza tão certa, não será que fico à espera que Deus faça tudo por mim? Que faça aquilo que não me apetece fazer? Talvez seja essa a maior desculpa para não enfrentarmos os nossos pecados. Ou dito de outra forma, creio que diante do pecado, para além de valorizarmos o perdão de Deus, deveríamos rever também o nosso amor a Deus e a verdade da nossa fidelidade. Deus perdoa sem nós o merecermos. Mas também devemos viver no Seu Amor e procurar a sua Graça. 
 
A PROPÓSITO OU A DESPROPÓSITO: "A rixa"

4 comentários:

Ailime disse...

Boa tarde Senhor Padre,
Um texto muito interessante e que faz pensar.
Sim, talvez com a certeza do Perdão de Deus nos desleixemos e continuemos a pecar.
Mas o Perdão de Deus não é também um apelo ao arrependimento e "não voltar a pecar?".
Sei que é difícil, falo por mim, mas temos que ir tentado e como bem finaliza " Mas também devemos viver no Seu Amor e procurar a sua Graça".
Ailime

Anónimo disse...

Não sei se nos conhecemos. Mas, e tendo em conta as eruditas reflexões que partilha, confesso que gostava de participar numa eucarístia celebrada pelo Senhor Pe.

Votos de boa saúde!

JS disse...

A recusa da Igreja em eliminar o Antigo Testamento está muito ligada a esta questão.
De facto, numa linha pedagógica, há que reconhecer o perigo de se pintar um Deus demasiado bom, um Deus em que a misericórdia se revela negação da justiça, um Deus cujo perdão é entendido como um vale-tudo, uma vida sem consequências, um inferno inexistente.

E no entanto, é mil vezes preferível a imagem de um Deus demasiado bom do que a de um Deus menos bom. Preferível que o ser humano abuse da misericórdia de Deus do que desespere do Seu perdão. Preferível que não queira ser melhor do que se julgue incapaz de o ser.

E podemos sempre inverter a coisa, como iremos em breve atrever-nos a proclamar: "Ó necessário pecado de Adão, que foi destruído pela morte de Cristo! Ó ditosa culpa, que nos mereceu tão grande Redentor!"

Anónimo disse...

Deus é tão bom, tão bom, mas tão bom... que até a si se perdoa.