sexta-feira, agosto 14, 2020

os filhos de bartimeu [poema 278]

Vejo as pessoas como árvores a andar

Poes as mãos em mim, deixo-as entrar
Marcas-me com a saliva, nos olhos,
Um carimbo terno para me trespassar.

Vejo pouco

Vejo tudo a andar,
Paredes a desmoronar,
Escadas a saltar
Tudo a correr
sem parar

Insistes com as mãos e a saliva.

Com muita pena, com muita dor
Continuo a ver as pessoas apressadas
Como árvores a andar
Paradas.

5 comentários:

Anónimo disse...

muito interessante, padre!

Ailime disse...

Boa tarde Sr. Padre,
O mundo continua a correr, as pessoas não se olham, não se vêem.
Apenas Bartimeu vê.
Um poema belíssimo.
Ailime

Anónimo disse...

é uma pofunda análise dos nossos tempos!
Grande, este poema!

Anónimo disse...

Boa tarde Confessionário. Interessante o seu poema mas eu tenho muita dificuldade em analisar poemas... interpretando
"Continuo a ver as pessoas apressadas
Como árvores a andar
Paradas." Vejo, uma "descida" da condição humana à condição de vegetal? Robô, sem vontade própria, que corre porquê vê correr os outros.

Anónimo disse...

O tempo empurra, mas as pessoas que se vão por conta própria. Sem ao menos pensar, pra que tanta presa, que quando atravessar daqui nada vai levar.