Hoje a minha meditação embalou-se com a oração do publicano e do fariseu. Enquanto o segundo se achava dono da sua oração, o primeiro batia no peito e pedia compaixão. Numa primeira vista, quem lê este texto, facilmente olha de soslaio o fariseu, porque faz uma oração de autojustificação, centrada nele mesmo, nos seus méritos e merecimentos. Tomamos o partido da compaixão e por isso tomamos o lugar de Deus, mesmo sem dar conta que, nessa opção, tomamos um lugar que não é nosso. Julgamos como se fôssemos o Senhor Deus. Mas o que mais me intrigou foi o bater no peito do publicano. Bater no peito é o símbolo do reconhecimento da nossa fragilidade. Batemos no peito quando nos achamos culpados e, ao mesmo tempo, indignos da compaixão do Senhor. E imaginei aquele homem sincero a bater no peito insistente e repetidamente. Como se quanto mais batesse, mais precisasse do Senhor e da sua mão. O problema é que passar a vida a bater no peito é uma atitude muito semelhante à do fariseu que estava centrado em si mesmo. Quando passamos a vida a bater no peito, é como se estivéssemos voltados sobre nós próprios e sobre a nossa fragilidade, erro ou pecado, o que ainda é pior. Onde abundou o pecado, superabundou a graça. Gostava muito que esta passagem terminasse com o publicano a sair do templo com um sorriso a transbordar da graça de Deus e de mãos dadas com Ele. Gostava muito.
revisitar Lc 18, 9-14
A PROPÓSITO OU A DESPROPÓSITO: "Pássaro ferido, mas a voar"
3 comentários:
ó padre, fez-me tão bem ler este texto!
Agradeço de coração.
Boa tarde Senhor Padre,
Outro texto muito belo, imbuído de grande espiritualidade.
Perante a sua conclusão que mais poderei acrescentar?
Gostava muito que Igreja tivesse muitos padres com a sua clarividência.
Desejo-lhe abençoado fim de semana.
Ailime
Deus não precisa de um lugar sagrado, cada ser humano é um altar, esteja onde estiver. Chm
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