Sabemos que em todo o mundo, nestes tempos de crise, as igrejas estão vazias e fechadas. Podemos imaginá-las. Cheias de pó. Com cheiro a mofo das chuvas e do calor que se começa a sentir. A precisar de arejar. Sair das quatro paredes em que se seguram. Não é nada que não tivéssemos já imaginado. O vírus veio só apressar a imaginação. Aliás, em alguns países, isso já foi ocorrendo. Igrejas, seminários, mosteiros, casas paroquiais a esvaziarem-se. A perderem o nome. A silenciarem-se.
Li há dias em Tomáš Halík que, quando a Igreja medieval fez um uso excessivo de proibições e sanções, levando a máquina eclesial a uma espécie de “greve geral”, sem celebrações e sacramentos, as pessoas começaram a procurar mais a relação pessoal com Deus, uma “fé nua”. Teve ali, de certo modo, o nascimento da mística espanhola, a quem muito devemos hoje na mística e na contemplação.
Talvez tenhamos agora a oportunidade de encher as nossas igrejas vazias com as portas abertas a um modo de estar mais verdadeiro, mais interior. Mais silencioso e, ao mesmo tempo, mais vivo e verdadeiro. Talvez tenhamos agora a oportunidade de ir ao centro do Evangelho, fazer uma viagem ao interior da nossa fé despida, e revisitar a Igreja que está em todo o lado e é muito humana e doméstica.
A PROPÓSITO OU A DESPROPÓSITO: "Deus não quer a nossa religiosidade"
4 comentários:
Com máscaras?!
São precisos voluntários para limpar as Igrejas e repor a normalidade. Ainda bem que os Senhores Padres são os primeiros a dar o exemplo. O que tenho visto deixa-me muito entusiasmada. Cooperemos, uns com os outros, sempre unidos ao Senhor Nosso Deus.
Às vezes tenho uns feelings, de que Ele está por aí, pronto a dar uns puxões de orelhas a quem se porta menos bem, desejoso se restabelecer a ordem natural das coisas. 2000 e tal anos sem descer a Terra, às claras, é muita coisa. Haja alguém em quem confiemos!
Graças a si, Senhor Padre, por tornar as coisas sempre tão claras. Com o ar limpo, respira-se melhor.
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Bem-Haja
Estes tempos em casa têm sido uma muito boa oportunidade para me encontrar com Deus!
Obrigado, padre.
Boa noite Sr. Padre,
Talvez este tempo de confinamento nos ajude a clarear ideias, a repensarmos a nossa relação com Deus, a querer reentrar numa igreja de portas abertas, arejada e sem cheiro a mofo.
Ailime
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