sábado, janeiro 04, 2020

O menino Jesus sem casa

A criança berrava e chorava compulsivamente. Ouvia-se a sua tão profunda tristeza nas lágrimas que lhe inundavam as faces. Estava a passear de mão dada com a mãe que lhe prometera uma visita ao presépio. Ao presépio grande da comunidade. Um presépio de rua feito com madeira e palha, à boa maneira antiga. Muito lindo, por sinal, com uma cabana toda iluminada e que albergava a sagrada família, o anjo, o burrinho e vaquinha. Mas o temporal dos dias de Natal fizera das suas. O vendaval deitara abaixo tanto a cabana como as figuras do presépio. E se estas não tardaram em ser levantadas, o mesmo já não foi possível com a cabana que ficara um monte de destroços. Deixara de ser uma cabana para ser um monte de lenha para queimar. Ora, a criança, nos seus cinco anitos, berrava e chorava compulsivamente, porque, como ela dizia em palavras inacabadas, à maneira da sua idade, o menino Jesus já não tinha casa onde morar. Devia estar cheio de frio. Queria levá-lo para sua casa. E pedia à mãe que fizesse alguma coisa. Que ao menos a deixasse pegar no menino e emprestar-lhe o casaco ou o gorro. E chorava. E berrava. Porque Jesus, sem ela saber, morava no seu pequenito coração.

A PROPÓSITO OU A DESPROPÓSITO: "Estamos nas mãos de Deus"

3 comentários:

Anónimo disse...

Que mundo este em que vivemos! São as alterações climatéricas. Já nem a cabana do presépio de sustém! Não percamos a fé no Natal, depois do temporal chega a bonança.
Feliz Ano Novo (especialmente ao JS, cujos comentários tanto aprecio).
Modesta

Anónimo disse...

Que postagem? Emocionante. Jo

Anónimo disse...

A mim fez-me pensar em tantos meninos Jesus que não têm casa.
Se todos fossemos como essa criança, não haveria tantas crianças sem casa.