segunda-feira, setembro 30, 2024

A senhora que não quis crismar-se, de modo algum

Foi convidada para ser madrinha de um baptismo, mas não está crismada. Foi-lhe proposto que pensasse no assunto e que fizesse o necessário para se crismar e poder ser uma madrinha no verdadeiro sentido da palavra. Não. A resposta foi um rotundo Não, de modo algum. Não está interessada. Isto é, não tem qualquer interesse neste sacramento. Não lhe diz nada e também não está interessada que lhe falem da fé ou de Deus. Não quer, com um rotundo Não. Mas gostava de ser madrinha de baptismo da sobrinha. 
 
A PROPÓSITO OU A DESPROPÓSITO: "Tem de ser ele o padrinho"

17 comentários:

JS disse...

Confessionário, só para lembrar: a senhora já foi crismada... :)

Anónimo disse...

Eu penso que é possivel que a senhora esteja presente na celebração como "testemunha" em vez de "madrinha" de batismo; desde que outra pessoa crismada seja padrinho/madrinha?


Anónimo disse...

É uma forma de contornar o problema. Mas é complicado de gerir essa opção na cerimónia.

Sonhadora disse...

Durante muito tempo, a Confirmação foi um sacramento secundário.
E ainda hoje se discute se deve ser visto como um sacramento autónomo.
Não admira que muita boa gente o ignore ou se mostre desinteressada de o receber.

Anónimo disse...

"Mas gostava de ser madrinha de baptismo da sobrinha."
Talvez correspondesse melhor ao pensamento da senhora dizer que ela gostava de ser madrinha da sobrinha.
E assim, o mais indicado seria remeter a pessoa para uma cerimónia civil de apadrinhamento da criança.

Confessionário disse...

01 M10, 2024 14:44,
desculpe a minha provável ignorância, mas não conheço cerimónias civis de apadrinhamento das crianças.
De que se trata?

Anónimo disse...

É um costume importado da França (batismo civil ou republicano) e copiado por outros países; com prática ainda rara entre nós.
Não tem valor jurídico e o ritual previsto é mínimo (essencialmente a leitura e assinatura de uma acta perante um oficial da Conservatória); mas pode ser trabalhado "à la carte".
Não confundir com o apadrinhamento civil em âmbito de Segurança Social, que é muito mais exigente e visa assumir responsabilidades que os pais biológicos não estão em condições de assegurar. Todavia, poderá ser interessante conhecer as condições exigidas à pessoa candidata neste caso; muitos perderiam num instante a vontade de criticar as exigências da Igreja...

Confessionário disse...

01 outubro, 2024 16:37 ,
Interessante!!

Anónimo disse...

A senhora é está presente na celebração , quem vê nem sabe se é madrinha ou testemunha, porque acompanha o rito da mesma forma.
No registo de Batismo assina como testemunha.
Complicado é quem sabe que a senhora não é crismada e aparentemente foi madrinha fica furiosa com o padre que abre excepções á regra.

Pedro Cunha disse...

A testemunha de Batismo não tem nenhuma função ou intervenção atribuída no decorrer da cerimónia.
Embora isso deva ser equacionado se a celebração acontecer em contexto ecuménico.

Anónimo disse...

Está a referir-se à unção pós-batismal, no Batismo dela?

Confessionário disse...

JS, a última pergunta que surge, para o caso de não estar percepível, foi endereçada a ti.
Quando se abrem os comentários em caixa para responder, percebe-se. Mas quando se abrem apenas para ler, não se percebe.

JS disse...

Em resposta à pessoa anónima de 03 M10, 2024 16:09
Isso mesmo.
Normalmente subentende-se ser-se crismado como tendo recebido o sacramento da Confirmação.
Mas se entendermos "crismado" mais à letra, enquanto referente à unção com o [óleo do] Crisma, ficamos com uma visão mais ampla: crismadas são as pessoas no momento do seu Baptismo; crismados são os padres e os bispos no momento da sua ordenação; crismado é o altar no momento da sua dedicação. Dantes, até os sinos eram crismados!

Ailime disse...

Boa noite Senhor Padre,
Qual será o pensamento da senhora em querer ser madrinha da criança? Saberá o que é o batismo e a responsabilidade de ser madrinha?
Emília

JS disse...

Seria realmente bom perceber o que está por detrás do "não" da senhora. Se, porventura, houvesse a oportunidade de um encontro com tempo (que até pode ter havido) e a pessoa estivesse disponível para se abrir a apresentar as suas razões (o que não é garantido nem pode ser forçado).

Uma nota: se os senhores padres reagem com algum incómodo quando os crismandos dizem querer receber o Crisma para serem padrinhos, não se admirem de as pessoas reagirem da mesma forma se lhes for dito que é preciso o Crisma para serem padrinhos. São formas simplistas de se exprimir em ambos os casos.

Confessionário disse...

JS, não se tratou de uma "forma simplista".
Foi um convite feito em ambiente acolhedor.
A esse convite, a resposta foi rotunda e sem espaço para mais diálogos sobre o assunto.

JS disse...

Confessionário, com o "simplista" quero dizer que muita gente não está actualmente em condições de compreender o que está escondido nessa afirmação/exigência, e que por isso ela será redutora, insuficiente, até geradora de equívocos se apresentada dessa maneira directa. Faria realmente falta, em muitos dos contactos, haver o cuidado, o tempo e a paciência de começar pelo bê-á-bá. Por exemplo:
"Foi convidado para ser padrinho. Trata-se de uma honra (parabéns!); e também de uma responsabilidade. Tal função, para além de possuir uma nobre dimensão social e familiar, tem também, neste caso, um belo significado religioso. Trata-se de uma tarefa (nós dizemos múnus, ministério) que será assumida no seio da comunidade dos cristãos (que nós chamamos de Igreja), em nome dessa comunidade e em favor dessa comunidade (será explicado mais tarde como). Para bem exercer essa tarefa, a pessoa deverá ter um mínimo de maturidade de vida (questão da idade) e de fé. E para se ser maduro (adulto) na fé, a pessoa deverá ter cumprido a sua formação básica e fundamental a nível religioso (que nós chamamos de iniciação cristã). Esse percurso de iniciação visa ajudar a pessoa a compreender os fundamentos da doutrina cristã, a inserir-se progressivamente na comunidade dos crentes, e a viver e a testemunhar a sua fé a exemplo de Jesus nas diversas circunstâncias que nos rodeiam. Os grandes marcos dessa caminhada são constituídos por três festas (nós dizemos sacramentos) a celebrar: o Baptismo, a Confirmação e a Eucaristia. O costume é (ainda!) de se ser baptizado no tempo de bébé, de se fazer a 1. Comunhão como criança já mais crescida e de receber o Crisma enquanto jovem ou adulto. Com esta formação e estas festas, por norma espaçadas no tempo, acreditamos que a pessoa fica apta a tornar-se um bom cristão e a bem desempenhar as missões para que for convidado. (Será que me fiz compreender? Então, se não se importar, falemos um pouco do seu estado de vida actual e do percurso religioso que pôde realizar até aqui - e, se porventura, estará ainda algum passo em falta...)