quinta-feira, junho 27, 2024

Os avós, esses evangelizadores modernos

Na França secular e descrente, alguns dados inesperados têm dado que falar aos diversos analistas. Na última vigília pascal, foram baptizados 7.135 adultos nas dioceses francesas, dos quais 36% tinham entre 18 e 25 anos, assim como 5.000 adolescentes ou jovens entre 11 e 18 anos. Mais de 12.000 no total e quase todos em idade da juventude. Dizem os analistas que se trata de 31% a mais que no ano passado e 120% a mais que há dez anos. Naturalmente que a pergunta surge: qual a origem desta mudança? E a resposta dão-na também os analistas: As avós. E, um pouco também, alguns avós. Dizem eles que estes aproveitam o maior contacto com os netos durante as férias de verão ou outros períodos de descanso onde podem estar com eles, para os aproximar da Igreja, para os acompanhar à missa, para lhes ensinar a rezar. 
Na sociedade do efémero, do voraz e do passageiro, é verdade que muitos pais se demitiram da educação dos filhos. Deixaram de ter tempo para eles. Deixaram de ter tempo para a fé. Deixaram de ter tempo para pensar a vida. Por outro lado, os avós têm todo o tempo do mundo, apesar de pouco tempo que lhes possa restar. E têm a fé que foram amadurecendo com o avançar da idade e com a história religiosa que os construiu. Os avós são hoje, em imensos casos e lugares, os maiores evangelizadores. 
 
A PROPÓSITO OU A DESPROPÓSITO: "As 'avós da fé' ou 'catequistas dos tempos modernos'"

4 comentários:

Anónimo disse...

Mas há também aqui alguma ambiguidade, pois se constata em alguns sectores a transmissão de uma fé marcada por um forte devocionalismo e alguma superstição.

Anónimo disse...

Poderá parecer heresia, mas creio que a devoção a Maris, tem um papel fundamental.

Ailime disse...

Boa tarde Senhor Padre,
Sim, acredito, a avaliar também o que se passa em Portugal, onde os avós cada vez mais substituem os pais e estão muito presentes na vida dos netos, os vão ensinando e encaminhando no conhecimento de Jesus e os direcionam para a catequese.
Era bom que fossem os pais, mas os avós sempre foram uma enorme referência e exemplo para os netos e cada vez mais isso se verifica.
Os frutos começam a surgir.
Emília

JS disse...

Penso que vale a pena notar a mudança de paradigma que esta nova realidade traz ao sistema de catequese tradicional, e que também já se sente em Portugal (no sul há mais tempo; no norte é ainda novidade).
É preciso formar os padres no processo do catecumenado: acolhimento, discernimento, plano a propôr, documentação a preparar, etapas a celebrar, administração dos sacramentos, mistagogia, inserção na comunidade e compromisso eclesial. É preciso organizar equipas de animação e acompanhamento, a nível de arciprestado/vigararia, e até inter-paroquial. É preciso dinamizar as comunidades para o dito percurso, sobretudo para os seus momentos fortes, e para a importância da oração e do testemunho que irão rodear os candidatos.
Mesmo no caso das crianças em idade de catequese, optando-se pela solução mais fácil que é inseri-las na catequese paroquial, fará falta ajudar as catequistas a adaptar devidamente o programa de catequese, que não foi elaborado a pensar nestes casos que serão cada vez mais frequentes.