quarta-feira, outubro 05, 2022

os crismas e as diferenças

A Cristina é uma jovem da paróquia que, depois de ter concluído dez anos de catequese, está a finalizar a preparação próxima para realizar o sacramento do Crisma. O João é de uma outra paróquia, que dista uns dois quilómetros desta, e deixou a catequese há muitos anos, logo que fez a Primeira Comunhão, pois não queria mais andar na seca da catequese. Entretanto, aquela paróquia deixou de organizar a catequese paroquial. A Cristina vai a crismar em breve nesta paróquia. O João crismou-se no ano passado na outra paróquia. São colegas na escola. Numa conversa de recreio, a Cristina contou ao João que ainda tinha uma série de encontros para o Crisma. Ela e mais alguns, como ela, estavam a fazer uma síntese da fé com a catequista, iam preparar algumas dinâmicas e animações para a celebração e parece que ainda teriam uma vigília de oração com o senhor padre. O João respondeu que apenas tinha tido uma reunião para se crismar. E bastara. O João gozou com a Cristina. A Cristina ficou triste. O João achou que o padre da paróquia dele é que era fixe. A Cristina não soube o que pensar. Não é que não gostasse do seu pároco, mas também gostava de ficar em casa em vez de ir aos encontros. Também não é que os encontros fossem propriamente uma seca, mas estava-se melhor sem eles. O João ficou na mesma, e a Cristina ficou a pensar. O João crismou-se para poder ser padrinho de papel. A Cristina é bem capaz de também se tornar apenas madrinha de papel. O João não teve oportunidade para o não ser. A Cristina está a ter essa oportunidade. Foi isso que lhe disse.

A PROPÓSITO OU A DESPROPÓSITO: "Quer ser padrinho"

8 comentários:

Anónimo disse...

Não sei como é que ainda há padres que fazem coisas como na paróquia que "dista dois quilómetros". É vergonhoso. Qual é o objectivo deles?!

Ailime disse...

Boa noite Senhor Padre,
Mas as regras para os sacramentos não são as mesmas em todas as paróquias? É que às tantas é uma confusão e ninguém se entende e dá aso a situações como a que descreve.
Desejo-lhe um bom fim de semana.
Ailime

Confessionário disse...

Ailime, como quase em tudo... as regras são as mesmas, mas nem toda a gente as cumpre. Ou então faz-se uma interpretação das regras ao gosto.
A Igreja até é plural e gosto muito dessa perspectiva. Só acho que algum (ou muitos) dos agentes principais da pastoral não sabem verdadeiramente qual a missão da Igreja ou então preferem ser funcionários do sagrado e não agentes da missão.

Anónimo disse...

estas coisas irritam-me, padre
não sei como aguenta

Anónimo disse...

É caso para dizer aos senhores padres: organizem-se, porra! De nada adianta culpar os fiéis por seguirem a lei do menor esforço e tirarem proveito das divergências e descoordenações pastorais. Os responsáveis que se sentem à mesa, em cada vigararia ou zona pastoral, e se esforcem por chegar a um consenso sobre a organização básica dos percursos catequéticos e sacramentais. Quem não for capaz de ouvir e trabalhar com os colegas vizinhos, também não ligará muito ao que possa vir mandatado de cima, seja da diocese, seja do Vaticano.

Confessionário disse...

02 novembro, 2022 09:17

São às centenas senão milhares as tentativas de procurar consensos, mas há sempre quem fure esquemas!... como em todo o lado.
Também entendo que os fiéis procurem a lei do menor esforço.

O problema vai muito mais fundo, porque espanca com a missão da Igreja que, de todo, não é realizar sacramentos, mas ajudar à fé.

Anónimo disse...

Em tempos idos, esses "fura-esquemas" eram resolvidos com uma espera dos colegas na sacristia e com os castiçais usados para umas bordoadas bem assentes. Bons tempos...

Anónimo disse...

Interessante vai ser de ver quando se normalizar a delegação nos padres para poder administrar o Crisma, e também quando essas celebrações não incluirem missa. Algo que se experimentou durante a pandemia e com algum sucesso.