Já não é a primeira vez que falo do Concílio Vaticano II nas homilias. Os meus paroquianos hão-de saber, ao menos, que existiu algo tão importante que mudou substancialmente o rumo da Igreja, que passou a ser um pouco mais comunhão que elite, um pouco mais aberta ao mundo que fechada em si, entre outras tantas ‘revoluções’ que pediram uma Igreja mais humanizadora, aberta, participativa, corresponsável e missionária.
Contudo, as senhoras da paróquia não sabiam o que isso era. Não sabemos nada dessas coisas dos concílios, diziam. Claro que não sabem, porque ainda somos fruto de uma Igreja que não ensinava senão a moral e os costumes. Somos fruto de uma Igreja de promessas, devoções, procissões e sacramentos para assinalar estados de vida. As homilias são, muitas vezes, o único momento de formação dos nossos cristãos. E são também, outras tantas muitas vezes, um espaço de palavras piedosas sem mais. Embora elas devam ser uma actualização da Palavra de Deus nas nossas vidas, não chega fazer homilias piedosas. É preciso ajudar as pessoas a entender a essência do cristianismo, pois só assim se consegue entende o que é ser cristão. Por isso perguntei a uma destas senhoras boas da paróquia, uma daquelas que a idade já marcara, se tinha memória da missa passar a ser dita em português, na língua vernácula. Ah isso, sim. E de o padre deixar de celebrar de costas para o povo. Ah isso também. Ora, essas mudanças, e muitas outras similares, foram operadas a partir deste concílio. Ah, então esse concílio deve ter sido uma coisa muito boa, senhor padre. Pois foi, pois foi.
A PROPÓSITO OU A DESPROPÓSITO: "A Igreja formatada"
4 comentários:
Pois foi, pois foi.
Tb sou desse tempo, da missa de costas e em latim...lá muito longe, que a Igreja era grande...assim quando vinha de férias e a missa era celebrada numa capela pequena, corria a subir a escada do coro, pq podia ver por cima do altar e assim saber finalmente o q se passava e poder compreender.
No próximo dia 11 de Outubro estarão passados 60 anos sobre a abertura do Concílio (e sobre o famoso Discurso da Lua).
A recepção do Vaticano II continua em advento. Mas é de admirar? Afinal, a documentação produzida ultrapassa a publicada pelos concílios anteriores no seu todo. Mais do conhecer os nomes, importa reconhecer e trabalhar as intuições. Nesta perspectiva, a caminhada sinodal que a Igreja vive actualmente é um fruto do Concílio, um resumo, um concentrado. Leia-se e mastigue-se devidamente o relatório que os nossos bispos apresentaram das consultas sinodais já realizadas.
Por acaso, eu já ouvi falar algumas vezes do concílio, mas gostava de saber mais coisas dele, mas sobretudo o que mudou na Igreja. Eu ainda não estava viva quando aconteceu e não sei como as coisas eram antes.
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