sábado, fevereiro 19, 2022

Jesus era um leigo

Numa Igreja que se clericalizou, é oportuno recordar alguns dados sobre a identidade humana e histórica de Jesus, assim como os inícios do cristianismo. 
Jesus não era cristão, mas judeu. Tinha uma índole secular, laical, isto é, era um homem imerso no seu mundo, entre os demais humanos, e não fazia parte de nenhuma casta sacerdotal do tempo. Por isso fora tão difícil acreditar que era o Filho de Deus, uma vez que era suposto um filho de Deus nascer e viver imerso na religiosidade, no templo. Como também seria expectável que manifestasse um poderio sem igual. Mas nada disso. Não nasceu nem na grande Judeia nem na cidade santa de Jerusalém, mas na simples Nazaré da Galileia dos gentios. Recorde-se ainda que dos supostos trinta e três anos em que viveu, só três deles foram passados a pregar. Cresceu e viveu como o comum das pessoas, num ocultamento e anonimato. Aliás, pode-se dizer que viveu, como a maioria das pessoas, ignorado e desconhecido. 
Não é adequado, igualmente, afirmar que foi ele que fundou a Igreja, senão que constituiu um grupo de discípulos a quem pediu que continuasse a sua obra. É mais correcto afirmar que apenas lhe colocou os alicerces. Por isso é que não vemos nos evangelhos um momento fundante da Igreja. A obra foi nascendo, cimentando-se, construindo-se, organizando-se, muito à imagem das estruturas de organização e de poder do tempo. É muito difícil fazer uma organização do nada e é natural que se sigam modelos já experimentados. Foi o que ocorreu. E, embora se possa olhar esta necessidade como algo menos positivo, há que dizer também que, ao contrário de outras expressões religiosas, a Igreja não nasceu à volta de doutrinas e de práticas. Ela construiu-se no seguimento de uma personagem histórica que serve de modelo e é precursor de um estilo de vida, no que há que inspirar-se. Seguir Jesus é aderir a Ele. Ser Igreja é estar configurado com Ele… na quotidianidade!

A PROPÓSITO OU A DESPROPÓSITO: "Pesquisar Jesus na Internet"

7 comentários:

Ailime disse...

Bom dia Senhor Padre,
Gostei imenso do seu trxto, sobre um assunto que nunca tinha pensado,nem lido e que faz todo o sentido.
Jesus não sendo cristao é o modelo duma Igreja que se pretende ao seu jeito. Simples e ao serviço dos irmãos, nomeadamente dos mais desprotegidos.
Ailime

Anónimo disse...

Não sei se posso afirmar que é uma reflexão estranha, confessionário.
Vim várias vezes a ver se alguém fazia um comentário que me ajudasse a respirar.
Este texto transforma, de certo modo, a ideia de uma Igreja - como dizes - demasiado clerical.
Nunca tinha pensado em Jesus Cristo como um leigo e numa simplicidade de vida.
Embora estivesse consciente de que Ele vivera com simplicidade, nunca tinha questionado a Igreja a partir desse pressuposto.

Ainda estou à espera de respirar

Anónimo disse...

Jesus deu o nome à Igreja da qual fazemos parte uma vez que como cristãos fazemos parte da Igreja da Cristo.

Zilda disse...

Um Homem chamado JESUS, grande sabedoria e obediência. Salve Senhor Jesus Cristo.

Zilda disse...

Um Homem chamado JESUS, com uma grande sabedoria e obediência. Salve Senhor Jesus Cristo. DEUS de todos nós hoje e sempre e de todos os tempos.

Anónimo disse...

Jesus era um leigo, um missionário itinerante, um taumaturgo, um curandeiro/terapeuta, um mestre rabino, um revolucionário provinciano, um vagabundo, um lider carismático, um profeta do fim do mundo...

JS disse...

Jesus era, é Pastor. E a Igreja sempre precisará de pastores.
Tem o exercício da autoridade de estar ligado ao ministério da presidência do culto? Nas religiões raramente isso não acontece, mesmo quando se fizeram todos os esforços por dissociá-los.
A melhor forma de prevenir o autoritarismo e o clericalismo será criar órgãos de governo colegiais e transversais. Precisamente o que a actual caminhada sinodal pretende lançar. Tão simples e tão complicado como isso.