Navegava, há dias, pela net, à procura de uns dados sobre o CPM, Centro de Preparação para o Matrimónio, quando, às tantas, numa página, dei por mim a ler comentários de noivos que já tinham participado ou iam participar no CPM. Um deles chamou-me particularmente a atenção, porque dizia: Nós já fizemos, até gostámos, mas depois tivemos de ir à missa.
Notou-se bem o tom de fastio, mesmo sem ser assinalado. Porque o “tivemos de ir à missa” surge depois do “até gostámos, mas”. Ou seja, duas pessoas que decidem casar pela Igreja, provavelmente depois de exigirem ao padre missa no casamento - mas isso sou eu que posso estar a exagerar -, e depois ficam algo descontentes ou esmorecidos no seu contentamento, porque no final do encontro de preparação para o seu matrimónio católico tiveram de ir à missa.
A PROPÓSITO OU A DESPROPÓSITO: "Casamentos sem missa" ou "Mais um Manuel e uma Maria vão casar pela Igreja"
7 comentários:
Bom dia Senhor Padre,
O que poderia ser um bom início para um caminho de fé, termina como começou. A fé ausente de quem se prepara para o sacramento do matrimónio. Infelizmente e, salvo raras excepções, assim acontece quase sempre.
Nunca é tarde para a conversão, mas há muito ainda a fazer no sentido de ajudar as pessoas a fazerem esse discernimento.
Boa semana.
Ailime
Pois. Mas terá sido uma missa bem preparada, belamente celebrada? Terão os noivos participado activamente na sua preparação, na sua execução? Foi uma celebração especificamente pensada para eles, enquadrando e plenificando o percurso que viveram, ou abrindo janelas para o que esperam viver brevemente? O celebrante acompanhou o curso, travou conhecimento com os noivos? Será que leu a Amoris Laetitia, será que a compreendeu, será que já aderiu de coração ao espírito do texto?
Por outro lado, porque não propôr uma celebração de bênção dos noivos ao encerrar-se o curso?
Com uma leitura bíblica, uma breve exortação, uma música de mensagem, um gesto a dois feito oração de confiança e de empenho? Cerca de 20 minutos máximo. Simples e bonito, talvez surpreendente. Na maior parte dos casos, suficiente e adequado ao estádio de fé dos noivos.
Já agora, uma ressalva: posso ter entendido mal a questão do "ir à missa". Porque também há cursos em que cada sessão termina com a assistência obrigatória à missa, ou inclui a obrigação de se participar na missa da paróquia, a ser devidamente atestada pelo pároco da freguesia. E há também senhores padres que, por convicção pastoral, controlam e vigiam as idas à missa dos noivos, sobretudo depois do curso realizado.
Uma curiosidade: durante séculos, em grande parte do mundo católico, os casamentos religiosos realizavam-se fora da igreja, no exterior ou mesmo noutro sítio. Só depois de estarem casados é que iam à (ou entravam na) igreja para receberem a bênção nupcial e participarem numa missa de acção de graças.
Outro facto, mais conhecido, mas que a linguagem corrente esconde e confunde, e que muitos padres (e muitos noivos) teimam em não assumir até às últimas consequências: não é o padre que casa, o padre não casa ninguém. Quando muito, o padre pode casar-se, depois de reduzido ao estado laical. São os noivos que casam, que se casam, que se dão um ao outro em casamento, são eles mesmos os ministros principais da cerimónia.
JS, não posso garantir nada, pois nem sequer sei onde se passou o episódio.
Apenas sei o que faço no CPM de que faço parte. Culminamos os encontros com a missa na comunidade onde os noivos têm um destaque e os acolhemos especialmente.
Contudo, é sempre interpelante este tipo de comentários!! Até pelas sugestões de que falas...
Olá!
Não posso deixar de comentar.
Fiz o CPM em 1999.
Gostei mas... sim, tenho dois "mas": um deles é gigante porque ao responder a uma pergunta disse que não queria ter filhos, disseram-me prontamente que se queria casar era para ter filhos.
Poderia ter dito que tinha razões que justificavam a decisão. Não disse. Calei-me.
Não tinha de me justificar. A partir daí omiti.
O segundo "mas" está relacionado com o primeiro. É fácil de perceber a que assunto me refiro.
Conclusão: Fizemos o CPM naquela paróquia mas escolhi casar noutra. Lá onde conheciam a minha família e as razões para determinadas decisões.
Meus Caros, preferem que as pessoas omitam, mintam?
As pessoas queixam-se quando as experiências são positivas?
De quem é o mal? Quem tem culpa da "mesmice"?
16 setembro, 2021 17:10
Muito pertinente o seu comentário.
Vou-lhe contar que o casamento não é para ter filhos. O casamento é para "selar" o amor, que (digamos assim) tem de ser um amor fecundo. Mas a fecundidade não é exclusiva nos filhos. De qualquer modo (e nisso quem a recebeu tinha alguma razão), não se deve excluir essa possibilidade linda de "prolongar" o amor do casal, a não ser por motivos graves. Não sabendo o que lhe disseram nem os seus motivos, remeto-me a uma espécie de silêncio.
No entanto, e embora concorde consigo sobre as culpas, que não são apenas de quem pede este sacramento (e, em grande parte, é de quem acolhe!), deixe-me dizer-lhe que o que está em causa neste texto não é a experiência do processo de casamento, mas de um modo de ver a fé que não tem muito interesse na eucaristia.
E já agora (sem qualquer tipo de malícia da minha parte) a que se refere com a mesmice?
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