quinta-feira, julho 29, 2021

a Igreja que se quer reorganizar na mesma organização

Numa reunião de padres, o bispo daquela diocese decidiu entregar uma folha a cada um dos presentes com algumas propostas, desenhadas a regra e esquadro, de supostas e futuras unidades pastorais. No entanto, o que ele apresentou, pese embora a boa intenção, não era mais do que uma reajuste do que já existe, realinhando as paróquias de cada pároco. Por isso não foi de estranhar que a conversa girasse à volta do “esta é para ti e não para mim”, “ai eu não quero esta”, “eu não aceito mais paróquias”. E assim uma reflexão que deveria ser séria transformou-se num mais do mesmo, inconsequente e vazia. E assim vai a Igreja que se quer reorganizar na mesma organização. 
 
A PROPÓSITO OU A DESPROPÓSITO: "Gostava de esvaziar a minha igreja"

5 comentários:

Ailime disse...

Boa tarde Senhor Padre,
Uma pena que no seio da igreja não se repensem formas de a melhorar.
Penso que não seja muito estimulante "trabalhar" nessas condições, quando os exemplos encorajadores deveriam vir das cúpulas.
Ailime

Anónimo disse...

Pois é Padre Confessionário, enquanto uns padres andam para aí (desculpe a expressão) a sacudir as moscas, há outros que as moscas não têm tempo de pousar... mas geralmente são estes em quem os srs Bispos põem mais um peso em cima, porque não conseguem dizer que não. E isto é preocupante... é bom que a obediência seja responsável... se não dá mais é preciso haver a coragem de dizer NÃO, antes que em vez de Operários da Vinha, o Senhor tenha doentes a precisar de cuidados.

Anónimo disse...

ó padre, não percebo nada destes assuntos, mas sinto que a Igreja precisa de mudar, porque a corda está a esticar e o tal clericalismo de que vais falando já não funciona mais.

JS disse...

Um dos grandes problemas dos planos eclesiais é, curiosamente, a falta de planificação. O amadorismo persiste e envergonha. Não somos uma empresa nem uma ONG, é certo; mas isso não é razão para ignorar os princípios e ferramentas básicas de gestão.

Não se é capaz de traçar objectivos concretos, de definir claramente etapas e processos. As reuniões muitas vezes não têm uma ordem de trabalhos estabelecida, o material para reflexão e discussão não foi disponibilizado previamente. Não se redige acta, não se assinalam as decisões e acções a tomar, quando, onde e por quem. Não se fazem avaliações periódicas e sistemáticas, ninguém se atreve a pedir contas ou a exigir responsabilidades. Uma maravilha.

Outra grande falha é os planos não assumirem de verdade o factor humano. Pode ser gente baptizada, cristãos de missa dominical ou comprometidos nos ministérios, freiras ou padres: todos são humanos, e é da vontade humana que dependerá a adesão e a concretização bem sucedida do plano. "Deus que te criou sem ti, não te salvará sem ti". Alguns serão santos, mas nenhum é anjo. Todos são seres humanos, de corpo e alma, de carne e osso, com o seu senso e as suas emoções, com os seus limites, os seus defeitos, os seus interesses (legítimos ou não). Às vezes parece não levar-se a sério que alguns terão de se sacrificar; que alguns acabarão sacrificados.

Confessionário disse...

JS
... os planos são geralmente um elencar de "boas intenções".
Pensa-se de modo muito superfícial e para o imediato!