Parou em frente da porta da Igreja. Avistei-o da janela quando passava por ela. Apreciei os gestos, a inclinação da cabeça, a idade visível nos cabelos brancos que desprendera da boina que segurava na mão esquerda. A direita tocou ao de leve na porta fechada da igreja. Depois, passados uns cinco minutos ou o que me pareceu ser esse tempo, levou essa mão à fronte e benzeu-se. Inclinou-se, em gesto que me pareceu de despedida, e seguiu o seu passeio. Deixei de o ver em pouco tempo. E fiquei ali preso à janela, a olhar a porta e a imaginar Deus lá de dentro a sorrir. Não é uma porta fechada que fecha uma igreja.
A PROPÓSITO OU A DESPROPÓSITO: "A menina que era para ficar à porta"
4 comentários:
É mesmo, uma porta fechada, não fecha a igreja porque quando se ama não há barreiras intransponíveis. Faz-me lembrar o João leiteiro cuja tarefa era todos os dias percorrer a cidade a levar o leite à porta de casa dos clientes. Na sua simplicidade ao passar em frente da igreja, dizia: bom dia Senhor, sou o João leiteiro! E acredito que Jesus sorria ao escutar aquela voz todas as manhãs. Se houvesse mais como este, que o Padre observou da janela, e como o João leiteiro teríamos mais vezes Jesus a sorrir. São estes Pod
pequenos gestos que vão alimentando o nosso espírito e torná-lo imune contra tantas "viroses" que nos vão fragilizando a alma.
Bom dia Senhor Padre,
Assim são as pessoas de fé.
Não é uma porta fechada que as impede de exercer os preceitos em que acreditam.
Bom domingo.
Ailime
Hoje venho contar que este amigo e senhor da boina, foi na sexta-feira passada a sepultar. Não voltará a estar à porta... porque já entrou!
Paz à sua alma! Imagino o Bom Deus de braços abertos a receber o senhor da boina. Na igreja é que ficou uma lacuna. Humanamente falando, Jesus vai ter saudades do velhinho que saía de sua casa, apesar das dificuldades motoras que a idade foi trazendo, para O visitar, fazer "romaria" a dar voltas (geralmente 3) à igreja de terço na mão. Eu também tenho saudades, de velhinhos como este, porque estão em vias de extinção. Estes que nos dão o exemplo de espírito de sacrifício e de vida de oração.
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