sexta-feira, janeiro 01, 2021

Na tua opinião, qual o "acontecimento" mais marcante do pontificado de Francisco em 2020?

Em agosto deste ano, quando já se tinham retomado as celebrações comunitárias da eucaristia, após o confinamento geral causado pelo novo coronavírus, elaborámos uma sondagem que questionava os motivos pelos quais os crentes ainda não tinham regressado à Eucaristia. Talvez muita coisa tenha mudado entretanto. Ou então talvez ainda seja uma questão pertinente para reflectir. Aqui estão os resultados apurados na altura.

 
Hoje lançamos nova sondagem para perguntar sobre o "acontecimento" que, na tua opinião, foi o mais marcante do pontificado do papa Francisco este ano de 2020. 
Agradecemos a quem esclarecer a sua escolha!

6 comentários:

JS disse...

Bom ano, Confessionário!

A minha leitura de 2020, sem ordem preferencial:

- o quase fracasso (entre nós, católicos) do Ano Internacional da Bíblia, que Francisco se recusou a apadrinhar (apesar de ter criado o Domingo da Bíblia). Foi dada como razão o facto de o Papa não querer mais impôr temas que se sobreponham aos escolhidos diocesanamente. Todavia, em Maio, surgia o ano da ecologia 'Laudato Si'. E em Dezembro, um fartote: vamos ter quase em simultâneo o ano de S. José 'Patris Corde' e ainda o ano da família 'Amoris Laetitia'. Entretanto, andei seguindo com muita curiosidade os passos do lunaticamente maravilhoso projecto para 2033.

- concordo, a Via-sacra de Sexta-feira Santa, uma transmissão visualmente tremenda (sensação já antecipada no momento de oração de 27 de Março). Mas, para mim, sobretudo pelas inesquecíveis meditações das estações, sumamente impactantes. Em Portugal, tivemos algo correspondente com a emotiva Consagração em Fátima no dia 25 de Março (embora com uma realização televisiva menos conseguida).

- a suspensão das missas públicas, algo que nunca me passou pela cabeça vir a viver um dia. E um certo consolo que encontrei nas transmissões diárias (que pude seguir muitas vezes em directo) a partir da capela da Casa Sta. Marta. Não fosse o canto gregoriano e as homilias sempre bem estudadas, uma pessoa podia imaginar-se numa igreja qualquer das nossas aldeias, tal a forma pacificamente rotineira como o Papa celebra.
E depois, a ambivalência entre o valorizar as missas visionadas nos écrans e a comunhão espiritual, e o insistir no preceito da assistência presencial, que veio perturbar inúmeros fiéis.

Confessionário disse...

Amigo JS,
- em relação ao teun primeiro ponto, penso exactamente o mesmo! E estranho imenso que assim seja! Um agente pastoral nem sabe bem a que dar prioridade!
- quanto ao segundo: também para mim esses dois momentos foram inesquecíveis, e foram acompanhados de algumas lágrimas!
- quanto ao terceiro.... pois

JS disse...

- o sínodo dos bispos alemães, que Francisco vai seguindo silenciosamente, e que vai dando azo a algumas reacções histéricas no Vaticano (veja-se o documento sobre a renovação das paróquias, dos tempos antes de Trento). E que já está a gerar algumas ondas sísmicas nas dioceses do centro da Europa...

- pela positiva, o arrumar das botas de Sarah, que parte em baixo depois das confusões com o livro do ex-Papa e as missivas de Vigano; pela negativa, o regresso de Pell ao Vaticano: é verdade que foi inocentado pelos tribunais e que acabou queimado pela reforma das finanças vaticanas; mas aquele caso cheira tão mal...

- entre os insólitos pelo mundo fora, a reconversão de Hagia Sophia em mesquita, ou a consagração da nova catedral ortodoxa das forças armadas russas; e a surpreendente reacção à beatificação de Carlo Acutis.

Confessionário disse...

JS, gosto da tua análise...

Embora não me debruce muito sobre o sínodo alemão, a verdade é que ele está a abanar alguns sistemas, e isso agrada-me.

Mas o Sarah vai sair?! Não dei conta... Soube de uma "inocentada" criada pela Religion Digital... mas não sei nada em concreto

JS disse...

Sarah apresentou a meio do ano a sua carta de renúncia (chegou aos 75...); mas ainda vai continuar enquanto o Papa precisar dele e tiver paciência. Precipitei-me, de facto, ao anunciar já a sua partida.

- a nível nacional, para lá da já referida Consagração em Fátima, eu destacaria também o projecto de peregrinação espiritual ("Peregrino pelo Coração") elaborado pelo respectivo Santuário, e que me parece ter enormes potencialidades para a pastoral dos santuários e das romarias ou festas patronais.

- também no digital, saliento a transmissão online das catequeses de infância do SNEC, entre fim de Abril e inícios de Junho. Infelizmente, sem continuidade (será que ainda não estamos preparados para levar a sério a afirmação da "Igreja doméstica"?). Entretanto, algo que eu considerava bastante positivo - a existência de um projecto nacional, unificado, de catequese, está em vias de se perder.

- ressalve-se a forma serena e cooperante como a Igreja portuguesa foi assumindo as normas restritivas de prevenção e combate à pandemia. Algumas excepções de desobediência ingénua ou de acalorada denúncia das incoerências governamentais não desviaram de uma posição de exemplaridade e de busca do bem comum. Conseguiu-se resistir à tentação de arrastar o assunto para uma luta ideológica ou conspirativa, como acabou por acontecer noutros países.

- a nível das chefias, sublinho a feliz escolha do novo presidente da Conferência episcopal; e solidarizo-me com os irmãos da diocese de Viana, que perderam dois bispos quase duma assentada (um deles de forma trágica).

Confessionário disse...

JS, continuaste numa boa análise. E agradeço, porque me fez bem recordar alguns dos pormenores que assinalaste.
Também achei muito interessantes a "peregrinação de coração", a escolha do novo presidente da CEP, mas sobretudo a forma serena e responsável como a nossa Igreja portuguesa, de um modo geral, lidou e está a lidar com a pandemia. De facto, noutros países houve autênticos braços de ferro.
Já o projecto telemático e digital da SNEC, pareceu-me um projecto a amadurecer mais!

Estamos numa época que exige uma reflexão séria e profunda da acção pastoral, e não uns remendos ao que sempre se tem feito!