quarta-feira, janeiro 15, 2020

conversas de outros mundos

Era uma conversa que escutava ao longe, como quem não quer entrar na conversa, mas está lá em silêncio. Era uma conversa fiada, mas que não era bem fiada. Era uma conversa entre dois padres amigos, mais ou menos da minha idade. Aquela idade em que se começa a olhar mais para o passado que para o futuro, mais para o que não fizemos que para o que ainda poderíamos fazer. Dizia um. Cada vez que olho para os casados da minha idade, alguns que andaram na escola comigo, a passear com os seus filhos, fico a pensar. A ti nunca te acontece? O outro respondeu que não. Que não tinha pensado muito nisso. Na verdade, talvez um pouco. Mas pouco. O primeiro continuou. Já imaginaste quem vai cuidar de ti quando estiveres velhote, doente, incapacitado? E o outro respondeu na mesma linha. Também ainda não tinha pensado muito nisso. Dizia que não tinha muito tempo para pensar neste tipo de coisas. Ok, acrescentou o outro. E ficou por ali a conversa.

A PROPÓSITO OU A DESPROPÓSITO: "Fez-me só parar o carro"

8 comentários:

Anónimo disse...

Olha só, é bem assim, numa pensamos no que pode ser de nós no futuro. A conversa é mais que veredita na realidade da vida por completo. Triste muitos ainda tem outras pessoas que estão prontos a cuidar.

Anónimo disse...

" E ficou ali a conversa"
Fica sempre nesse impasse! Bem te entendo, padre amigo.

Ailime disse...

Boa tarde Sr. Padre,
Diria antes conversas deste mundo e bem pertinentes, mesmo que entre padres, que são tão humanos como os casados ou solteiros.
Pensamentos que os pais também têm quando os seus filhos se mantêm solteiros.
Que vai ser deles um dia? Quem cuidará deles na velhice?
Deixemos isso à Divina Providência.
Bom fim de semana.
Ailime

Anónimo disse...

estupidez de vida .... e eu também sou vítima por acréscimo ...

Unknown disse...

Nem sempre os filhos cuidam da gente na velhice.têm filhos que nunca crescem e outros que abandonam seus pais na velhice.

Anónimo disse...

Mas existem os filhos do coração.

Anónimo disse...

O padre da paróquia vizinha à minha é um padre passe-vite. Não por já estar entradote. Calculo que o esteja desde cedo ou que já tenha nascido nesse estado. Verdade que todos nascemos no estado de inacabados e que vamos acabando mais um pouco em cada dia. Não me refiro há subida do escadote, nem às vertigens de quando se olha em redor. Para baixo. Para trás. Sabemos que tudo tem um fim. Nem de propósito fomos criados assim. Mas o padre da paróquia vizinha chega sempre a apitar. Em estado de urgência permanente de acabar. Não sei se de acabar com a paróquia. Com a assembleia. Com a missa. Com a urgência de partir a apitar como chegou, vermelho como um tição antes de ser tição. E esta lição de urgência é o maior legado que o pobre coitado, esbaforido, presente-ausente, deixa à paróquia entre cada ida e vinda. Com tanta urgência de viver, constantemente buzinada, a paróquia lá vai sumindo, tentado ser em vez de estar. O padre passe-vite será sempre por todos lembrado e nunca será chorada a sua ausência, por razões óbvias. E - ah, já me esquecia desta - na paróquia vizinha as senhoras nunca vão ao cabeleireiro emparelham com o menino Jesus no desguedelhamento. Com o passe-vite embonecrar não vale a pena.
Cordiaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaa s z n sauzn a a a a ç ~~oes

(Foi o passe-vite! O Sr. Padre deu por ele??? "v^vLVVVVÛUUUUUUUUUUUU)

Confessionário disse...

07 fevereiro, 2020 11:00
bem haja pela gargalhada! Fez-me bem