Ligou para o telemóvel. Já fui à sua procura, senhor padre, três vezes e não o encontrei. Escusado será dizer que não me procurou nas horas em que devia e que a maioria dos paroquianos sabe que estou à disposição. Algumas dessas horas até se confundiram com as horas das eucaristias da paróquia. Sorri na mesma sem maldade. Depois disse que queria baptizar a filha. Certo, e perguntei-lhe em que dia estava a pensar. Queria no dia tal que é um Sábado. Informei que os baptizados eram durante a Eucaristia, de preferência a dominical, porque no baptismo se entrava na Comunidade Cristã e eu fazia questão de levar isto a sério. É também assim que aconselham as normas. Ela disse que não havia mal e que podia ser na missa de Sábado. E aquela mãe não sabia, apesar de eu estar aqui há mais de dois anos, que, para poder dar alguma assistência nas muitas outras paróquias que tenho, aqui não há missa ao Sábado. Claro que esta forma de não saber as coisas pode dizer muito do tipo de católica que ela é. Tudo ficou esclarecido. Tanto quanto possível. Mas passada que foi uma hora voltou a ligar. Pelo menos foi correcta. Há quem não chegue a tanto. Olhe, senhor padre, é só para dizer que, como não dá para ser no Sábado, nós vamos fazer o baptizado na paróquia tal, que é a dos meus pais. Pediu-me desculpa e desligou. Aceitei, como é óbvio. Não é meu feitio complicar estas coisas. Mas agora que passou outra hora, de repente parei para pensar e senti assim como que uma nostalgia. Aquela mãe tem todo o direito de fazer as suas escolhas e destas serem respeitadas. Esforço-me até ao tutano para não julgar. E continuo a esforçar-me. Se calhar ainda não é suficiente. Não tem mal a decisão daquela mãe. Está no seu direito. Mas sendo uma cristã que não sabe das coisas básicas da comunidade em que está inserida, saberá das mais profundas?
4 comentários:
Nem mais! Concordo a 100%. Muitas vezes pergunto-me porque é que determinadas pessoas casam pela igreja, querem o batismo dos filhos e levam-nos à catequese até à primeira comunhão se não vão à missa nunca, se não rezam, se muitas vezes não percebem o que estão a fazer. Tenho crianças na catequese que rezam apenas 1 vez por semana: na catequese. Que nem à missa das crianças da catequese vão porque dá muito trabalho aos pais levá-los lá. O grupo que fez o crisma no ano passado tem uma série de jovens, mas nem um único (um único!) vai à missa. Não é que as pessoas sejam melhores pessoas por irem à missa, mas é uma questão de coerência. Dizem-me que é melhor que nada, que pode ser que fique lá alguma coisinha, mas eu sou da ideia que a religião não é de meio termo: ou é ou não é.
Estou convencida que a maior parte dos batizados que se fazem hoje não são para entrar na comunidade cristã, mas um ato social de apresentação da criança.
18 Agosto, 2014 12:36
Por isso é que temos um país maioritariamente católico sem católicos
Se calhar essa mesma mãe, se lhe fosse dada a opção de se batizar, não o fazia... dahhh
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